terça-feira, 8 de janeiro de 2019

A liberdade do ser humano


Continua em evidência a polêmica declaração da ministra, no sentido de que “menino veste azul e menina veste rosa” e, nesse belo contexto de interpretações e conceituações, encontrei um texto sobre curiosidades, publicado no jornal Correio Braziliense, com o teor a seguir, que vale a pena ser lido, diante dos esclarecimentos sobre a verdadeira origem dessa celeuma, quanto ao porquê dessa construção social, no sentido de que o azul se relaciona ao sexo masculino e o rosa, ao feminino.
Eis as curiosidades: “(...) Até início do século passado, o estereótipo era o inverso: meninos de rosa, meninas de azul. Isso porque o rosa, cor vibrante, transmite ideia de força, em função da coloração do sangue. O azul, por outro lado, era interpretado com a ideia de delicadeza e fragilidade. A coisa mudou após a Segunda Guerra Mundial e a introdução de ideias sobre igualdade de gênero, que remexeu na conceituação dada às cores. Logo, fabricantes de bonecas e outras indústrias passaram a fazer todo tipo de produto destinado ao sexo feminino em cor rosa. Tudo jogada de marketing. As escolhas das cores são arbitrárias, já sugeriram pesquisadores. Nada de psicologia ou biologia por trás. (...)”.
Em que pese a declaração da ministra se tratar apenas de mera metáfora, não há a menor dúvida de que a sua repercussão conseguiu desviar, intencional ou não, os holofotes para tema totalmente fora dos assuntos relacionados com as principais metas governamentais, ou seja, as ações materiais de interesse da sociedade.    
Não obstante, algo que parecia apenas trivial, se transformou em verdadeira discussão na mídia, evidentemente envolvendo acaloradas manifestações e opiniões por parte de defensores de causas sociais e a sociedade em geral, por dizer muito com o tema da moda, concentrado na ideologia de gênero, que diz respeito ao que vem se discutindo na atualidade, ou seja, a cobrança do devido respeito às diferenças sociais, que, em tese, trata-se do reconhecimento à supremacia sobre quem seria apenas normal.  
Há nessa discussão enorme sutileza, em que os defensores da ideologia de gênero pretendem que a sociedade dê maiores atenção e respeito a quem destoa da normalidade do ser humano, a quem se deva abrir as cortinas para a sua passagem, como se essa diferença tivesse um plus, em termos de prerrogativa social.
          Não há dúvida de que, diante das aludidas declarações, está em jogo a possibilidade sobre o risco de haver retrocesso ao respeito já conquistado com relação às diferenças e, por essa razão, talvez tivessem havido tantas reações à declaração da ministra, que certamente não tivesse nem pensado nisso, mas as imediatas conclusões levam ao medo sim de haver mudança de rumo sobre o que já estava assegurado, em termos de ganho social, no caso das diferenças.
Na verdade, é preciso sim ser respeitado o sentimento do menino que tem gosto por azul, futebol e ainda age como um menino tradicional, porque essa é a sua vida normal, agora ninguém pode e nem deve contrariar a vontade de outro menino gosta de brincar com meninas e bonecas ou até se vestir de fantasia de princesa, porque nada disso tem influência na sociedade nem vai contribuir para mudar a história do mundo e muito menos a situação política, econômica, social ou administrativa do planeta nem do Brasil nem de nada.
O que pode mudar mesmo é apenas a forma como as crianças possam olhar para seus coleguinhas com outra visão bem diferente delas, distorcidas da realidade e com o sentimento de estranheza, já com a concepção preconceituosa própria de gente adulta, quando deveriam tão somente entender que cada pessoa pode sim ser diferente, porque é normal, porque ninguém é obrigado a ter igualdade de nada e isso precisa fazer parte do ser humano.
O que não se pode é as pessoas condenarem quem se comporta como se comporta, se veste como se veste, pensa como pensa, que até pode se vestir de rosa, verde, marrom, branco etc. e ainda brinca de carrinho, boneca, bola, armas de brinquedo etc., que nem por isso ela possa perder o direito de ser respeitado como ser humano, porque o seu simples modo de ser e agir diz respeito exclusivamente a ele e mais ninguém, principalmente porque esse comportamento não tem implicação na vida de ninguém nem em nada, simples.
É preciso que se reconheça a relevância da declaração da ministra, em especial para o despertar sobre a necessidade do respeito aos direitos humanos, no sentido de que são livres o pensamento, a ideologia, a individualidade e tudo o mais que esteja ao alcance do homem, obviamente no âmbito da harmonia construtiva inerentes às relações sociais.   
          Na verdade, não somente as cores, mas as escolhas, os sentimentos, as ideologias, as religiões, enfim, as situações comportamentais são formas de escolhas estritamente pessoais, que precisam ser respeitadas, tanto pelas pessoas como pelo governo, em consonância com o Estado Democrático de Direito, que é princípio assegurado igualmente aos brasileiros, evidentemente no âmbito do sentimento de que os direitos de cada um vão até onde começam os direitos dos outros, principalmente sob a concepção do saudável princípio humanitário de que, em quaisquer circunstâncias, as diferenças pessoais precisam ser respeitadas, porque elas não nos dizem respeito e muito menos nos prejudicam, o que vale dizer que cada um cuide de si, que somente Deus, nas suas infinitas sabedoria e generosidade, cuida de todos.
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 8 de janeiro de 2019

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