quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

Decadência moral e política


Um senador alagoano, pelo MDB, está trabalhando a todo vapor, nos bastidores de seu partido, a fim de se garantir na disputa pela presidência do Senado Federal.
Nos últimos dias, ele se reuniu com dois dos principais caciques da sigla, ou seja. o último presidente da República e o ex-presidente da República, cacique do Maranhão, que teriam prometido, segundo a Folha de S. Paulo, não trabalhar contra o alagoano.
Além da atuação interna, o senador alagoano estaria conversando com quadros do PSL, que é o partido do presidente do país, para tentar diminuir a rejeição do governo federal a seu nome.
A disputa do senador das Alagoas para ser o candidato à presidência da Senado Federal, pelo seu partido, se dá contra uma senadora da mesma sigla, que estaria disposta a se candidatar mesmo se não vier a contar com o aval da sua agremiação.
Ocorre que a cúpula do MDB se movimenta para tirar o “desgastado” senador alagoano da disputa pela presidência do Senado, o que se evitaria possível desgastante derrota.
Segundo a coluna “Painel”, da Folha, a direção da sigla articulou, em silêncio, o nome da citada senadora, por enxergar nela maior chance de neutralizar o movimento “Renan, não”.
Mas pelas contas do experiente senador por Alagoas, ele teria 10 dos 13 votos da bancada, enquanto a senadora contabiliza o apoio de 7 dos 13 senadores do partido. Neste sentido, à toda evidência, a conta, por enquanto, não foi fechada.
Além disso, a “Painel” afirma que a direção do MDB vai tentar demover o alagoano da disputa interna, a fim de evitar surpresas na eleição à presidência do Senado.
A certeza que se tem, conforme mostra a história política, é que o senador alagoano tem o estilo do político predador, justamente porque ele consegue dominar seus pares, com base na conversa de bastidores, exatamente por conhecer as fragilidades e as ansiedades deles, fato que facilita alguma forma de agrado, com a concessão de cargos na Mesa Diretora, nas comissões ou no próprio Senado.
A verdade é que, se o Brasil fosse um país com o mínimo de seriedade, civilidade e evolução, em termos políticos e democráticos, esse senador alagoano jamais teria sido eleito para cargo eletivo algum, quanto mais teria a audácia de se habilitar para a ocupação do relevante cargo de senador, que é um dos mais importantes da República, em termos políticos, ante o seu lastimável histórico de agressão aos princípios da ética e da moralidade, por responder a muitos processos na Justiça.
Nessa mesma linha de raciocínio, se ele tivesse o mínimo de sensibilidade política, não teria a insensatez, no caso, mesmo assim, de ser eleito como foi, em evidente falta de interesse do povo alagoano de promover a moralização política naquele Estado, porque a escolha dele como senador é cristalina demonstração de aberração política ou, no mínimo, de verdadeiras excrescência e menosprezo aos saudáveis princípios democrático e republicano.
A recolocação do senador alagoano à presidência do Senado Federal somente demonstra a falta de dignidade dos senadores que comungam com a mesma mentalidade favorável aos sentimentos de corrupção e impunidade, eis que aquele político é simplesmente o rei das investigações em atividade no Congresso Nacional, por ele responder, pasmem, a 14 ações referentes à suspeita da prática de irregularidades, na vida pública.
As referidas ações estão simplesmente paralisadas no Supremo Tribunal Federal, todas por improbidade administrativa, corrupção ou lavagem de dinheiro, fato este que tem como evidência a explicita incompatibilidade da pessoa dele com a dignidade que se exige de quem não somente exerce o comando da Câmara Alta, mas, em especial, as funções inerentes a cargos públicos eletivos, cujos ocupantes devem, preliminarmente, provar a sua conduta ilibada, além da idoneidade acima de qualquer suspeita.
Com relação à questionável candidatura do senador alagoano ao comando do Senado, a maior celeuma fica por conta da transparência ou do sigilo como a votação vai ser encaminhada, ficando certo que ele tem chance de vitória se o escrutínio for secreto, dando a entender que seus eleitores, cúmplices e desavergonhados, votariam tranquilamente nele, prestigiando pessoa suspeita da prática de atos indignos e dissonantes com os princípios democrático e republicano, o que caracteriza verdadeiro ultraje ao sentimento de civilidade e moralidade, tão ansiado pelo povo, embora parte dele tenha votado em senadores sem preocupação com a necessidade da assepsia na administração pública.
Em princípio, a escolha de senador fora da lei, por assim ser enquadrado como ficha-suja, ante a montanha de ações que o incriminam, é feita originariamente pelo povo, que tanto elegeu o próprio senador candidato como seus pares, que poderão reconduzi-lo à presidência do Senado, em clara demonstração de que a população está na contramão da realidade e da pureza políticas, porquanto não faz o menor sentido que político que responde a vários inquéritos na Justiça, em razão de suspeita da prática de atos irregulares, possa representar a dignidade do povo, fato que evidencia forma ilegítima de representação política.
À toda evidência, no presente caso, fica patenteado que o povo precisa se esforçar e se conscientizar de que a representatividade política precisa, de forma urgente, ser aperfeiçoada e modernizada, de modo que as pessoas eleitas como seus delegados nos cargos públicos precisam comprovar tanto a conduta ilibada como a idoneidade acima de quaisquer suspeitas, sob pena de não satisfazer aos salutares princípios da administração pública, como forma de contribuir para a sua moralização, como fazem normalmente as nações com o mínimo de seriedade, civilidade e evolução, em termos políticos e democráticos.
          É manifesto, por se mostrar indiscutível, que a principal culpa pela degeneração dos princípios democrático e republicano, tendo como reflexo na decadência política, à luz da normal aceitação de pessoa com a índole negativa, ante o seu envolvimento em escândalos com recursos públicos, deve recair sobre a fraqueza moral tanto do povo como dos políticos, que decidem apoiar pessoa em condições de extremas precariedades política e moral, por responder a ações na Justiça, o que somente sinalizaria para a sua plena rejeição, por questão de princípios, a exemplo de que uma Casa Legislativa de importante poder da República jamais poderia ser comandada por político sem a menor condição de moralidade e dignidade, à vista do que mostram os fatos.
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 31 de janeiro de 2019

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