sábado, 3 de agosto de 2019

A estrategia do silêncio


No momento, a situação do presidente da República vem sendo severamente criticada e de maneira maciça pela opinião pública, imprensa e por todos os lados da sociedade, em razão da turbulência causada por ele, que faz questão de demonstrar insatisfação publicamente, face do péssimo desempenho de parte da máquina pública.
Onde o presidente verificar a transparência de falhas, ele corre imediatamente para o primeiro microfone e faz a mais espalhafatosa falação, chamando a atenção para o mundo ficar sabendo que ele não está nada satisfeito com a atuação de órgão ou entidade e muito menos do resultado anunciado, mesmo que isso possa ter enorme repercussão negativa interna e externamente do país.
O descontentamento do presidente já envolveu o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), entre outras entidades que não estão agradando à sua maneira de administrar o país.
Uma jornalista, atenta aos fatos, escreveu texto criticando, de forma severa, o presidente do país, tendo analisado, com detalhe, algumas das principais declarações do político, onde ela baixa o malho no seu comportamento e, de forma irônica, diz, no texto intitulado “Fale mais, Bolsonaro”, que as declarações dele não condizem exatamente com o equilíbrio e a postura que se esperam de estadista de nação das grandezas econômicas e sociais do Brasil, quando ele fica, a todo instante, exibindo as mazelas existentes em setores do governo, com fortes críticas ao seu desempenho, mesmo que elas tenham reflexo negativo no seu governo.
Ela ainda lembra que, apesar dos pesares, o “Bolsonaro disse que não vai mudar seu jeito. Ele está certo. Tem que continuar desse jeitinho, tão “espontâneo”, sem filtro, que seus eleitores admiram.
          A jornalista lembra as declarações sobre as críticas a governadores nordestinos, quando ele fez uso do verbete “paraíbas”, disse que não tem fome no país, entre outras que poderiam ter sido simplesmente evitadas, posto que nada do que falou poderia ser aproveitado, em termos de gestão pública, principalmente porque, em todos os pronunciamentos presidenciais, os reflexos foram os piores possíveis, fato que só demonstra que o silêncio dele teria resultados excelentes para a sua imagem, à do seu governo e do Brasil.
O texto em comento destaca, em conclusão, que as declarações do presidente brasileiro evidenciam nítida ausência de habilidade e empatia do governante.
Não resta qualquer dúvida de que, desde o início do atual governo, as trombadas do presidente, em forma de declarações e pronunciamentos em público, se tornaram contumazes e bastantes prejudiciais ao conjunto da administração do país e o mais estranho de tudo isso é que, em que pesem os estragos causados à imagem do presidente e do Brasil, ele simplesmente garante “que não vai mudar o seu jeito de agir”, fato este que somente contribui para entristecer não somente os eleitores dele, mas os brasileiros, que não suportam mais tanta infantilidade e incompetência, detonadas em tão pouco tempo.  
Outrossim, não é verdade que os eleitores que votaram no presidente, pelo menos parcela expressiva, se não todos, não gostariam que ele fosse melancolicamente tonto de insistir na exposição das mazelas de seu governo senão no recinto apropriado do gabinete presidencial, onde é o local apropriado para se discutirem e se resolverem as questões, os planos, os projetos, os programas, enfim, as políticas de abrangência nacional, sem necessidade da protagonização de continuados vexames em público, que somente têm o condão de prejudicar cada vez mais a imagem do seu governo, que precisa mudar, com urgência, esse discurso bastante dissonante do contexto a que se refere a verdadeira liturgia presidencial, que precisa manter as reservas próprias da gestão pública, no nível da relevância da República.
Fora de dúvidas, embora o presidente e a sua equipe nem percebam que as estabanadas declarações dele estão tranquilamente funcionando como poderosa arma contra o seu governo, que entrega, em público e de maneira absolutamente imprudente e leviana, o desarranjo de como vem funcionando parte da máquina pública, o que somente conspira contra o próprio presidente.
O certo é que ninguém pode impedir que o presidente da República do Brasil abra a boca ao mundo e diga o que bem entender e é exatamente isso o que ele vem fazendo, em alto e bom som, mas a sua verborragia vem causando reflexos extremamente desgastantes não somente para a imagem dele, mas, em especial, para a do Brasil.
Na maneira como ele vem se comportando deixa transparecer que se trata de pessoa instável, capaz de causar permanente instabilidade no âmbito do governo, por meio de declarações intempestivas, absurdas, desconexas e, sobretudo, fora da harmonia que precisa reinar na administração pública, como elemento essencial à segurança e à credibilidade da opinião pública.
Não há a menor dúvida de que a insistência de declarações absolutamente fúteis, desnecessárias e prejudiciais ao seu próprio desempenho, têm servido como fonte de instabilidade que somente contribui para alimentar a sanha de seus adversários, que as aproveitam para se valer da situação para mostrar que os eleitores dele teriam errado na escolha.
Causa enorme perplexidade que, embora esse quaro circense da pior qualidade do presidente, cada vez se bandeando para o lado da mediocridade, não aparece uma mente sadia, equilibrada e inteligente capaz de blindá-lo com puxões de orelhas e sacudidelas da cabeça dele, para mostrar que ele enveredou por caminho completamente tortuoso, em desarmonia com os princípios da sensatez e da sensibilidade quanto aos verdadeiros rumos que ele precisaria ter tomado, para conduzir a administração do Brasil exatamente como manda o manual da liturgia republicana, exclusivamente com o foco no equacionamento dos problemas nacionais e na sua solução, sem necessidade de nenhuma forma de pronunciamentos quase que insanos, em se tratando da relevância do cargo que precisa desempenhar, sob o pálio da absoluta tranquilidade, sem prejuízo da transparência púbica de divulgação dos atos oficiais.  
Caso o presidente e a sua equipe tivessem o mínimo de competência, inteligência, cuidado e reserva com as palavras, nada, absolutamente nada seria pronunciado em público, salvo o estritamente necessário, por força de compromissos em que a principal autoridade da República precise discursar em eventos de lançamentos de projetos, metas e políticas de governo ou inaugurações, mas tudo com o devido cuidado de não se dizer senão o mínimo necessário, em obediência à agenda oficial, evitando-se a emissão de opinião sobre os demais assuntos, diante da possibilidade do surgimento de interminável polêmica.  
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 3 de agosto de 2019

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