sexta-feira, 23 de agosto de 2019

Comportamento pouco civilizatório


O estilo de governar o Brasil, à moda completamente estabanada do presidente da República, cada dia ganha tonalidade de quem reivindica o holofote para a sua imagem, que foi se notabilizando por meio de ataque a tudo e a todos, inclusive para sobre as instituições da República.
O presidente brasileiro tem mostrado refinado gosto para criar, sustentar e atrair polêmica para dentro do Palácio do Planalto, que a alimenta, com enorme prazer, evidentemente para que a sua autoridade fique sempre em evidência na mídia, demonstrando total incapacidade para controlar o impulso repressiva e, via de regera, violento e com maior intensidade, quando é acusado por algo estranho no seu governo.
Como se pretendesse governar absolutamente sozinho, tem evitado a prática da boa vizinhança perante os poderes Legislativo e Judiciário, procurando se distanciar deles ou os criticando, em demonstração de indiferença à atuação deles, que, em muitos casos, até isso faz sentido, mas a liturgia do cargo presidencial exige que o seu titular se comporte apenas como estadista que precisa demonstrar interesse em cuidar dos assuntos da sua incumbência constitucional e legal, como assim recomenda o manual da administração pública.
O pior de todo esse reboliço que acontece na cabeça do presidente, ele acaba de ser eleito, em pesquisa entre jornalistas e profissionais da comunicação, o terceiro pior mandatário da América Latina e do Caribe, só perdendo para os ditadores da Venezuela e de Cuba, em termos de desempenho como chefe de Estado, sendo motivo de chacota não somente na região, mas também mundialmente.
Esse fato é muito triste e lamentável, porque fica explícito que o mandatário brasileiro precisa, com urgência, refletir e se autoavaliar sobre a sua maneira indiscutivelmente distanciada dos princípios do bom senso e da racionalidade, à luz do sentimento refletido pela opinião pública, que entende muito bem que, a continuar nesse ritmo de visível insensatez, o presidente brasileiro terá gigantesca dificuldade para se relacionar com as nações civilizadas e evoluídas políticas, democráticas e diplomáticas.  
Em razão do comportamento que ele vem imprimindo à frente do Palácio do Planalto, a tendência é a que essa péssima forma de desempenho presidencial tende a se consolidar, com repercussão extremamente prejudicial não à imagem dele, mas à dos brasileiros e do Brasil, porque as suas declarações impensadas, bombásticas e insensatas, mesmo causando danos diplomáticos, políticos e principalmente comerciais ao Brasil, tendem a se adensarem, diante da sua indiscutível insensibilidade para perceber que o presidente competente, eficiente e capaz apenas trabalha e se volta, com todo vigor, para cuidar das potenciais questões relacionadas com os interesses e as políticas do seu governo.
Vejam-se a injustificável e deselegante crítica ao possível mandatário da Argentino, que é a principal nação comercial da região, além de ser país amigo, aliado no Mercosul, mas ele não teve a menor prudência para declarar, tão logo saiu o resultado das urnas, que a esquerdalha estava voltando na Argentina, em clara evidência de desrespeito ao povo argentino, que tem plena soberania para escolher seu mandatário, assim como aconteceu com a maioria dos brasileiros, que o escolheu, e os vizinhos nem se manifestaram em repúdio ao presidente brasileiro.
O presidente brasileiro houve por bem qualificar o virtual presidente argentino, pasmem, de bandido, além de dizer que a Argentina vai virar uma Venezuela, que os argentinos vão emigrar como os venezuelanos, que o Rio Grande do Sul vai se transformar em Roraima, que haverá saques em grande escala nos bancos e que o caos político vai tomar conta da Argentina.
As afirmações do presidente brasileiro funcionam como verdadeira declaração de distanciamento das relações diplomáticas, políticas e comerciais com a Argentina, tendo como consequência o esfriamento do clima de amizade, além das inevitáveis desastrosas consequências econômicas.
Diante das declarações nada amistosas do presidente brasileiro, dificilmente o virtual presidente argentino terá condições para participe de reunião com os membros do Mercosul, que é o principal bloco comercial entre quatro países amigos, em torno do livre comércio da região.
Na verdade, as indevidas e inoportunas declarações do presidente brasileiro tiveram o condão de mexer, de forma bastante prejudicial, com as relações políticas, diplomáticas e comerciais com o país amigo, que precisa, sobretudo, ser respeitado, no âmbito da reciprocidade diplomática.
Não percebendo e ainda insatisfeito com os estragos causados junto à vizinhança, o nobre presidente brasileiro entendeu de procurar criar caso com duas importantes nações europeias, mais especificamente a Alemanha e a França, que são potências econômicas e parceiras comerciais importantes do Brasil, mas nem por isso o capitão reformado do Exército quis amainar as críticas feitas àqueles países.
Nessa questão do meio ambiente, a França e a Alemanha viraram notícia e crítica de ambas as partes, com acusações que não levam a absolutamente nada, a não ser azedar as relações bilaterais, com prejuízos para os povos dos países envolvidos, o que significa dizer que o Brasil termina sendo prejudicado com essas falações insensatas e incivilizadas, que deveriam ser ponderadas e conduzidas pelas vias da diplomacia moderna e conciliatória, no âmbito do respeito mútuo entre as nações.
Imaginando que precisava pôr mais lenha na fogueira, o presidente brasileiro entrou em rota de colisão com outra nação europeia, tentando desqualificar a Noruega e a sua política de defesa do meio ambiente, tendo postado vídeo sobre pesca da baleia atribuindo a ação aos noruegueses, causando mal-estar terrível porque o caso aconteceu na Dinamarca.
Em síntese, a desastrada atuação do mandatário brasileiro pode contribuir negativamente para a derrocada do acordo Mercosul-União Europeia, que dificilmente encontrará boa vontade para a sua aprovação pelo Parlamento Europeu e por 27 Parlamentos nacionais, que deverão se unir para mandar recado duro ao presidente brasileiro insensato e desvelado, em termos políticos e diplomáticos, à vista de suas críticas impensadas e irresponsáveis, em que pesem muitas das quais terem procedência, mas a cartilha do estadista aconselha que cautela e prudência, com boa pitada de caldo de galinha, não fazem mal a ninguém.
Ainda insatisfeito com o mundo ao seu redor, o presidente brasileiro desandou em críticas contra as ONGs, sem ao menos ter certeza de que realmente elas estão causando incêndio nas florestas amazônicas, mas essa acusação somente contribuiu para incendiar ainda mais o ambiente do governo, que já vinda do terrível rescaldo do inadmissível incêndio envolvendo o então responsável pelo INPE, entidade federal de enorme respeito no mundo científico internacional, que foi desmoralizada publicamente pelo presidente do pais, quando as questões suscitadas poderiam ser esclarecidas na reserva recomendada entre pessoas civilizadas.
A lista de desacertos protagonizados pelo presidente brasileiro é muito longa e não tem outra medida a ser adotada, com urgência, no caso, senão alguém, com acesso a ele, prestar gigantesco serviço ao Brasil, no sentido de dizer a ele que a maneira troglodita como ele vem governando a nação, sob comportamento absolutamente estranho à normalidade civilizatória e democrática, certamente levará a caminho sem volta do total isolamento das nações que estão em outro nível de evolução política e diplomática.
O Brasil merece sim que seja governado por pessoa competente, ponderada, equilibrada e sobretudo que não aceite qualquer forma de provocação, crítica ou acusação, que precisa ser tratada pelas vias civilizatórias, políticas e diplomáticas, sob égide do respeito e da integridade dos princípios da concórdia e da harmonia, em demonstração de maturidade e grandeza que somente contribuem para a solução dos conflitos, o mais rapidamente possível.
Não há a menor dúvida de que a atenção à cruzada reacionária que tanto prejudica o Brasil e os brasileiros parece não ter vez na agenda do presidente da República tupiniquim, que age loucamente para provar que ele é o único que tem razão e até pode ser que a tenha, mas a prudência mostra que os fatos falam por si sós, sem precisar causar enorme estrago nas relações diplomática, política e comercial com outras nações, porque a perda de mercados potencialmente importantes para o Brasil tem reflexo direto no crescimento da produção interna, na exportação de produtos brasileiros e principalmente na geração de empregos, ou seja, a insensatez do homem público pode contribuir para causar danos irreversíveis ao país e ao seu povo, que bem merece que o governante aja com equilíbrio, sensatez e prudência.
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 23 de agosto de 2019

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