quarta-feira, 7 de agosto de 2019

Com tristeza no coração


No bojo da discussão envolvendo o uso de aeronave militar em atividade particular, sob o aspecto da regularidade da despesa decorrente, o querido irmão Edemilson Passos me fez apelo da maior lucidez, nos seguintes termos: ”Adalmir, já temos vários jornalistas e rede de TV criticando o presidente, você é bastante inteligente, então deixe de ser tão crítico e dê apoio ao Bolsonaro. Abração. Ops. Nós o elegemos, então é nosso dever apoiá-lo, afinal todo poder emana do povo; encare como uma crítica construtiva e que seja para fortalecer o Brasil e a nossa amizade. Abraços”.
Em respondendo ao apelo ao prezado amigo Ademilson, eu digo que lamento profundamente lhe dizer que sempre escrevi assim, não importando quem seja o presidente do país, porque eu escrevo, como neste caso específico, fazendo análise sobre o ato administrativo quanto à regularidade da despesa.
Eu também votei no atual presidente e torço pelo sucesso do seu governo, inclusive por que ele promova as mudanças prometidas, onde se insere a regularidade das despesas públicas.
Nem por isso vou deixar de escrever o que sinto somente para agradar a quem acha que ele está certo, porque isso é questão de foro íntimo.
Realmente, o poder emana do povo e, por isso, é preciso que o governante observe também, com rigor, a regularidade das despesas públicas, porque o povo já não tolera mais tantas falcatruas com a aplicação do seu dinheiro.
Por incrível que pareça, neste caso do uso indevido de aeronave militar, para fim particular, é uma crítica, na minha opinião, em defesa do interesse público, por se tratar de desperdício de dinheiro do contribuinte, em razão do uso de bem público em atividade particular, motivo pelo qual estranha-se haver tanto conformismo com desvio de finalidade na gestão pública.
Sei que não sou obrigado a satisfazer a ninguém, mesmo porque eu escrever para satisfazer exclusivamente a mim, sem me preocupar se alguém vai gostar ou não, embora tenho muito respeito por quem pensa diferente de mim, mesmo porque é preciso compreender que, no Estado Democrático de Direito, a expressão é livre, o que vale dizer que as pessoas podem se expressar livremente, desde que não denigra a imagem ou a honra de ninguém e isso eu entendo que procuro respeitar, mantendo no alto nível a dignidade das pessoas. 
Impende frisar que a maneira de se assinalar que a despesa não foi realizada na forma da lei, principalmente quando o fato está mais do que caracterizado, não constitui nenhuma afronta ao princípio da liberdade de expressão.
Eu lamento profundamente, estimado Edemilson, não puder atender ao seu respeitoso pedido de eu deixar de ser tão crítico ao governo, mas posso, com muita tristeza no coração, evitar postar minhas crônicas nesta tão amada e prestigiada página, onde tenho amáveis amigos, como você, e o faço com a finalidade de respeitar a sensibilidade das pessoas que não se sentem bem que eu diga o que sinto sobre atos do governo, que nada mais faço do que transmitir um pouco da minha experiência de vida, haurida no serviço público.
Peço desculpas a você por ter lhe obrigado a fazer apelo tão contundente, o que compreendo, a ponto de eu me convencer a tomar esta difícil decisão, com o coração contristado e com lágrimas nos olhos.
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 7 de agosto de 2019

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