Ao
comentar sobre o resultado da prévia eleitoral na Argentina, para a Presidência
da República, em que a oposição, que e da esquerda, venceu com expressiva vantagem
o atual presidente, mostrando preocupação ao presidente da República brasileiro,
que, imediatamente, disse que “bandidos da esquerda” estão voltando ao
poder na Argentina.
Um
dos principais executivos brasileiros, que tem grande empresa com negócios consolidados
na Argentina se mostrou extremamente preocupado com os desdobramentos do
comentário feito pelo presidente brasileiro, a respeito do resultado das eleições primárias
no país vizinho.
Como
se sabe, a chapa peronista, tendo como vice-presidente a antecessora do atual
presidente venceu o pleito com folga, tendo grande possibilidade de sucedê-lo na
Presidência.
O
mencionado empresário afirmou que “Não dá para fazer uma afirmação dessas”,
tendo lembrado que “Votei no Bolsonaro, estou confiante na agenda de
reformas, mas chamar um presidente vizinho de bandido ultrapassa todos os
limites.”.
Ele
ressaltou, em tom de questionamento: “Como você vai sentar numa mesa de
negociações tendo ofendido o sujeito?”.
Com
a experiência de empresário e profissional que atua na área de comércio
exterior, há 30 anos, ele disse que “As agressões atrapalham o que realmente
interessa – as trocas comerciais. Não tem jeito. Se o Fernández vencer, teremos
que ser parceiros, e não rivais”.
De
longa data, a Argentina é o terceiro maior parceiro comercial do Brasil, só
perdendo para a China e os Estados Unidos da América, motivo pelo qual não
convém qualquer forma de animosidade perante parceiro extremamente importante
para as relações comerciais bilaterais, não importando a questão ideológica do
governante, porque, ao contrário disso, jamais a China seria um dos maiores
compradores de produtos brasileiros.
Não
à toa, empresas brasileiras de diversos setores investiram maciçamente na
Argentina, que antes era comandada por governo da esquerda e, mesmo assim, os
negócios se estabilizaram com a participação de empresários brasileiros.
De
qualquer forma, independentemente da ideologia que se possa atribuir ao futuro governo,
o presidente brasileiro demonstrou intensa dificuldade para interpretar o real
sentido que cabe ao estadista moderno, que precisa compreender que ele não pode
dizer tudo o que pensa nem o que ele acha que é certo fora do seu governo, que
deva ser aplicado nas nações amigas.
Ao
opinar, de forma estapafúrdia, grosseira e inoportuna, violando os elementares
princípios sobre a mudança de governo na Argentina, o presidente brasileiro
deixou transparente o seu distanciamento aos comezinhos princípios que devem
prevalecer nas relações diplomáticas entre países civilizados, quanto ao primado
da essência do respeito às regras básicas de não interferência, mesmo por
simples opiniões, nos negócios e nos interesses das nações, que são
independentes e autônomas, não cabendo qualquer forma de avaliação sobre a sua governança
ou sistema de governo.
À
toda evidência, o presidente brasileiro perdeu excelente oportunidade para ficar
calado, que deveria ter deixado de se manifestar sobre assunto que não diz respeito
nem a ele e muito ao governo brasileiro, tendo em vista que a escolha do
governante é da livre e soberana vontade do povo de cada país, não sendo de bom
tom avaliação que tem o claro sentido de denegrir a imagem do futuro governante
e do povo que o escolhe.
Espera-se
que a desastrosa e malograda lição em tela seja aprendida pelo presidente da
República brasileiro, de modo que, doravante, ele somente se manifeste sobre os
assuntos do interesse do governo brasileiro, procurando ficar calado quando o
assunto dizer sobre o interesse interno das nações amigas, como forma de
preservação das saudáveis relações diplomáticas com elas, porque é exatamente dessa
forma inteligente e respeitosa que procedem os mandatários dos países cônscios da
sua responsabilidade no concerto das nações,
em atenção aos princípios da diplomacia moderna.
Brasil:
apenas o ame!
Brasília,
em 19 de agosto de 2019
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