O
presidente da França voltou a subir o tom contra o presidente brasileiro, ao dizer,
pasmem, esperar que "os brasileiros tenham logo um presidente à altura"
do cargo.
Trata-se
de afirmação absolutamente desrespeitosa não somente ao mandatário brasileiro,
mas, em especial, aos brasileiros que o escolheram para governar o Brasil.
O
certo é que, tanto o presidente francês como as autoridades brasileiras deixaram
de lado a compostura inerente à liturgia que exige o respeito à dignidade,
quando todos ficaram à vontade para se manifestarem por meio de remessa de petardo
da França para o Brasil e vice-versa.
Vejam-se
que o ministro da Educação brasileiro achou por bem chamar o presidente francês,
pasmem, de “cretino oportunista”, enquanto o presidente brasileiro, por
sua vez, zombou da mulher do francês, em comentário na internet, todos
mostrando baixíssimo nível civilizatório, que se traduz em péssimo exemplo para
os povos, principalmente porque a troca de farpas reflete negativamente nas relações
de toda ordem entre os países envolvidos.
O
presidente francês também disse que "As mulheres brasileiras sem dúvida
têm um pouco de vergonha (de seu presidente)", talvez em
referência ao imbróglio envolvendo o presidente tupiniquim e uma deputada
federal.
O
francês descreveu os últimos lances da crise diplomática com o presidente
brasileiro como um "grande mal-entendido", tendo dito que "Ele
me prometeu (se referindo ao presidente brasileiro), com a mão no peito (na
cúpula do G20, em julho, no Japão), respeitar seus engajamentos
ambientais. Dias depois, demitiu cientistas de seu governo".
O
presidente francês se referia à demissão do presidente do Inpe (Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais), após a divulgação de estatísticas sobre o
desmatamento que desagradaram ao governo brasileiro.
Os
visíveis desentendimentos entre os dois grandes líderes se acirraram, em tom de
agressividade recíproca, desde que o brasileiro ameaçou deixar o Acordo de
Paris sobre o Clima e o francês reagiu prometendo barrar o acordo
comercial entre a União Europeia e o Mercosul.
Aproveitando
a onda das queimadas na Amazônia, o presidente francês disse que elas tinham o
condão de gerar crise internacional e houve por bem levar a aludida questão para
ser discutida entre os membros do G7, com vistas a se encontrar soluções para esse
grave problema.
O
presidente brasileiro não gostou dessa atitude e reagiu às críticas, tendo
afirmado que "A sugestão do presidente francês, de que assuntos
amazônicos sejam discutidos no G7, sem a participação dos países da região, evoca
mentalidade colonialista descabida no século 21".
Na
mesma ocasião, um filho do presidente brasileiro, que é deputado federal,
compartilhou um vídeo com o título "Macron é um idiota",
ou seja, descendo o malho no francês e contribuindo para jogar mais lenha e gasolina
na fogueira, quando a política diplomática exige ponderação e capacidade para
se discutirem as questões sob a égide do bom senso e da racionalidade, diante
da demonstração de tanta insensata bestialidade oferecida por ambas as partes,
extremamente prejudicial à construção do estreitamento da concórdia e da paz entre
as nações sempre muito amigas.
Ainda
nesse embalo das degradantes críticas no patamar nada recomendado para as nações
do Brasil e da França, o presidente brasileiro aproveitou para afirmar que o
presidente francês tenta potencializar o ódio contra o Brasil, ao esticar
as críticas na imprensa.
À
toda evidência, o presidente francês menospreza a capacidade do governo
brasileiro e, ainda mais, demonstra desconhecimento sobre os comezinhos
princípios civilizatório e diplomático, porque as suas afirmações jamais poderiam
ter sido ditas em nível presidencial, onde se impera a necessária respeitabilidade,
no âmbito da reciprocidade, jamais se permitindo que as discussões se
transformassem em péssimo exemplo de deselegância e descortesia, inclusive sob o
grave risco do ferimento das cordiais relações diplomáticas e comerciais entre
as nações, que têm interesses superiores aos meros valores pessoais.
Infelizmente,
o sentimento que se tem é exatamente o de que os homens públicos estão muito
mais interessados na defesa da preservação de suas autoridades, não se importando
com as consequências negativas e prejudiciais que podem advir como resultado
das acusações extremamente dispensáveis e nefastas trocadas entre eles.
Os estadistas brasileiro e francês precisam
refletir sobre a relevância dos cargos por eles ocupados, em nível tal que as
críticas feitas por ambos estão bastante distanciadas da dignidade existentes
nos dois países, cujos povos discordam radicalmente de seus comportamentos
agressivos, porque eles demonstram imaturidade e desrespeito aos princípios diplomático
e civilizatório, por estarem absolutamente em dissonância com a modernidade da evolução
da humanidade.
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 26 de agosto de 2019
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