terça-feira, 13 de agosto de 2019

Uma linda história!


Nos idos de 2014, o programa Fantástico da rede Globo de Televisão pós no ar a reportagem intitulada “Educação tem futuro?”, basicamente mostrando as mazelas nas escolas públicas brasileiras.
Naquela oportunidade, foi veiculada a deplorável e a lastimável situação de várias escolas do país, a justificar o péssimo aproveitamento do ensino público, que gasta horrores, mas os resultados são os mais deprimentes possíveis, em nível internacional.
Naquele momento como também agora, o Brasil figura entre as nações menos desenvolvidas, quanto à qualidade do ensino público, o que demonstra enorme deficiência na área da educação, em que pesem as suas potencialidades econômicas e sociais, a exigir-se urgente priorização na política educacional, porque a realidade nua e crua da pátria amada não pode continuar desolada, deseducada e totalmente desmoralizada, nos quesitos educação e ensino público.
Não obstante, uma escola da cidade conhecida por Cacoal dos Alves, Piauí, mostrava, sabe lá com inspiração na resistência própria dos nordestinos, disposição para mudar para melhor o quadro caótico prevalente na maioria das escolas públicas do país, por ter conseguido adotar procedimentos próprios capazes de contornar as dificuldades e as precariedades imanentes do sistema educacional falido e ineficiente.
Nessa escola, uma garota de nome Franciele se destacava por sua bravura no enfrentamento das precariedades e mostrava disposição, em forma de liderança estudantil, na certeza de que valeria a pena lutar contra o descaso do governo com relação ao ensino público.
Na época, eu escrevi sobre a aludida reportagem, nominando a garota, ao dizer que a participação dela no programa demonstrava a têmpera do povo nordestino, que é sempre submetido às terríveis dificuldades próprias da região de muita pobreza, que ainda se agravava diante do notório desprezo por parte dos governantes, que são desprovidos da sensibilidade quanto ao estabelecimento de prioridades sobre as políticas públicas, em todos os sentidos.
O caso da educação ganha destaque, por ser a fonte primacial do saber e do conhecimento, tendo em vista que, sem os quais, o homem permanece ignorante e distanciado da passibilidade de conquistar sucesso e melhores condições de vida.
          Infelizmente, parece que os políticos sempre comungam com a triste realidade do país e o pensamento segundo o qual o nordestino bom de voto é aquele sem educação, em termos de ensino, analfabeto, facilmente induzido à formação de currais eleitorais, para que os homens públicos possam permanecer no poder.
Na ocasião, eu disse que os integrantes daquele educandário demonstraram que esse terrível e inadmissível estado de coisas precisava mudar de vez, porquanto eles deram verdadeira lição ao país de independência e de sabedoria, ao peitarem e enfrentarem esse sistema retrógrado e absolutamente nefasto e maléfico do subdesenvolvimento da consciência humana, que ainda predomina nos rincões nordestinos.
No caso específico da Franciele, eu busquei paralelo bem peculiar, porque também tive muitas dificuldades para estudar, por morar na roça, onde trabalhava pela manhã e precisava me deslocar, a pé, à tarde, para a cidade, na distância de aproximadamente quatro quilômetros.
Foram tempos difíceis e marcantes, mas, ao mesmo tempo, importantes para a minha vida, principalmente porque os sacrifícios tiveram o condão de mostrar que seu valor se traduziu em força motriz suficiente para a continuidade da dedicação e do esforço, com vistas à consecução de novos objetivos.
Sensibilizado com a bonita história da então menina Franciele, eu mandei para ela a coleção de meus livros, na esperança de que esse meu gesto pudesse contribuir, de alguma forma, para ajudar nos estudos dela, principalmente quanto ao conhecimento voltado para a sua formação moral, uma vez que meus artigos versam basicamente sobre ensinamentos de brasilidade.
Essa linda história teve continuidade ontem, quando, enfim, eu descobri uma mensagem que a garota de Cacoal dos Alves havia me mandado, em 2017, com os seguintes dizeres, verbis: “Boa noite, sou Franciele, a menina que apareceu no fantástico, e que o senhor enviou uma coleção de livros. Sou de Cocal dos Alves e estou passando aqui para agradecer pelos livros e pelo conhecimento que ganhei através deles. Descobri seu blogue e desde então sempre estou me atualizando sobre os acontecimentos brasileiros. Quero parabenizá-lo pela iniciativa do blog. É muito relevante para nossa sociedade. Muito obrigada por tudo. Hoje estou na universidade cursando Direito e seus livros me ajudaram muito a conseguir essa conquista. Muito obrigada mesmo por tudo e sucesso. Que Deus continue abençoando seu trabalho.”.
Depois que descobri a citada mensagem, fiz questão de respondê-la, na forma abaixo.
Prezada Franciele, é com enorme vergonha que somente agora, depois de tanto tempo que você se comunicou comigo, consegui resgatar sua linda e expressiva mensagem de agradecimento, porque ela estava junto com outras tantas que, por milagre e por acaso, foram descobertas ontem, razão pela qual não a respondi antes.
Perdoe-me por tão lamentável falha da minha parte.
Que maravilha saber notícias suas, minha prezada Franciele, quanto mais em ter a certeza de que você recebeu meus livros e, conforme você declara, o conteúdo deles tenha lhe ajudado a compreender um pouco melhor sobre os fatos da vida.
Você não pode imaginar o tamanho do meu desânimo por não ter ficado sabendo se realmente os livros tinham chegado às suas mãos.
Ontem mesmo, quando li a sua mensagem, cheguei a encher os olhos de lágrimas, porque, nas crônicas que escrevi sobre o seu caso, noticiado pelo Fantástico, eu disse que a sua história de vida e dificuldades se confundia com a minha, por ter também nascido na roça e precisava, com muito esforço e sacrifício, se deslocar para estudar na cidade.
Eu continuo escrevendo as crônicas sobre os fatos da vida, no mesmo estilo e na mesma linha de análise das notícias do cotidiano, com destaque para os assuntos político-administrativos.
Nutro a esperança de que você seja exemplar advogada, seguindo bonita carreira que tenha por propósito contribuir para a defesa dos seus princípios de humildade, esforço, dedicação e amor ao próximo, principalmente levando-se em conta as dificuldades naturais que você foi obrigada a superá-las, por força das circunstâncias.
          Brasil: apenas o ame!
          Brasília, 13 de agosto de 2019

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