Vem circulando nas redes sociais mensagem
extremamente agressiva a brasileiros, tendo exatamente o seguinte conteúdo, verbis:
“Ninguém me tira da cabeça que essas urnas foram fraudadas, não é possível ter
no Brasil 57 milhões de imbecis (sic).”.
Ora, a princípio, a ilação que se pode intuir é a
de que o autor dessa insensata, agressiva e inadmissível mensagem e seus
apoiadores, que normalmente fazem compartilhamento, são da oposicionista ao
atual governo, em clara demonstração, por dedução, de que os vencedores são “imbecis”
e os perdedores seriam “inteligentes e espertos”, exatamente por terem deixado
de acompanhar a maioria.
Pois bem, essa inadmissível hipótese não
corresponde exatamente à realidade, diante da polarização que foi estabelecida
entre os candidatos à Presidência da República e isso é fato mais do que notório.
Acontece que a realidade mostrou que o candidato
perdedor representava exatamente o partido que se mergulhou no maior mar de
lama da história mundial, em que as suas lideranças, à época, estavam presas,
respondendo a inquéritos ou sob suspeitas de envolvimento em atos pútridos de
corrupção, ou seja, eles estavam implicados em irregularidades com o desvio de
recursos públicos ou outras anormalidades.
Os fatos pertinentes às irregulares com recursos
públicos foram devidamente comprovados por meio de delações, testemunhas,
documentos contábeis, planilhas, demonstrativos etc., sendo objeto de
investigações da Operação Lava-Jato, a mais competente órgão articulado e montado
contra as organizações criminosas, cujos resultados são patentes, palpáveis e
irrefutáveis, tendo levando para a prisão importantes políticos, executivos,
empresários e outros tantos de aproveitadores de recursos públicos, sendo que
muitos deles já tiveram suas contas bloqueadas e foram obrigados a devolver
milhões de reais para onde jamais deveriam ter saído.
Ou seja, os eleitores que defenderam, aplaudiram e votaram
no representante do partido que foi acusado, mediante provas irrefutáveis, de
ter implantado a maior esquema de podridão na administração pública do país são
exatamente aqueles que acham que são “imbecis” os eleitores que elegeram o
presidente da República atual.
Tal insinuação tem o condão de confessar que teria sido preferível que os 57 milhões de
eleitores “imbecis” jamais tivessem vergonha na cara e decidissem placitar a
continuidade da roubalheira do dinheiro público, em acompanhamento aos
eleitores “inteligentes e espertos”, que demonstraram abertamente o seu
verdadeiro sentimento de antibrasilidade, ao optarem pelo cego apoio às organizações
criminosas denunciadas pelas investigações oficiais, que, ao contrário disso,
deveriam ter sido eliminadas de qualquer participação política, a bem da
moralidade e da integridade da coisa pública.
Ademais, em que pese a nítida insensibilidade diante
dos princípios da ética e da moralidade, quando mais de 46 milhões de eleitores
não sentirem a gravidade relacionada com o desvio de bilhões de recursos públicos
para finalidades estranhas à sua destinação originária, de natureza pública, alguns
ainda não têm o menor pudor em tentar denegrir a imagem de quem disse não à
destruição da administração do país.
Quando se qualifica as pessoas de imbecis, apenas
se demonstra o desprezo à sua dignidade e ao seu caráter, chamando-as de
idiotas, quando, na verdade, a sua idiotice foi exatamente por não permitir que
o Brasil continuasse a ser comandado por governo que acabara de protagonizar o
maior desastre nas contas públicas, na economia, na moralidade, contribuindo
para potencializar o descrédito, o desemprego, a falta de investimentos em
obras públicas, enfim, a completa desorganização da administração pública.
Pode-se até se admitir que o governo atual não seja
a sumidade ansiada para o Brasil, mas certamente não se tem notícia de roubalheira,
fisiologismo, inchamento da máquina pública das empresas estatais, a exemplo da
Petrobras que pulou de 38 mil funcionários para 58 mil, algo extremamente
injustificável, em termos de administração eficiente de pessoal, entre outros atos
prejudiciais ao interesse público, que pudesse desabonar a dignidade de quantos
votaram no atual governo.
Não há a menor dúvida de que qualificar as pessoas
de imbecis, quando seus mentores e apoiadores não são nada imaculados, à vista,
em especial, em quem votaram, somente demonstra insensibilidade perante o seu
semelhante, que, à lua dos princípios humano e cristão, merece respeito, à
vista do conceito de reciprocidade, no âmbito do entendimento segundo o qual o
que não se pretende para si, não serve para o próximo.
Em síntese, trata-se comportamento antagônico e
agressivo perante a sociedade, com evidência da índole de inconformismo com a realidade
dos fatos, dando a entender que os errados são os outros, fato que, no caso,
não condiz com os princípios democráticos, onde a escolha é livre e o resultado
poderia ter sido para quaisquer dos lados.
É bastante lamentável que o homem, ao invés de
trabalhar para o bem de si e do seu semelhante, ainda prefira se animalizar,
sem nada que possa justificar se comportamento dissonante e agressivo, ao disseminar
mensagens que apenas demonstram sentimento de pura animosidade e, o pior, por
meio de atitude que não leva a absolutamente nada, quando seria melhor que essa
forma de desprezo ao ser humano fosse substituída por mensagem construtiva, que
pudesse levar à aproximação e ao amor entre os filhos de Deus.
Brasília, em 1º de agosto de 2019
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