quinta-feira, 1 de agosto de 2019

Insensato inconformismo


Vem circulando nas redes sociais mensagem extremamente agressiva a brasileiros, tendo exatamente o seguinte conteúdo, verbis:Ninguém me tira da cabeça que essas urnas foram fraudadas, não é possível ter no Brasil 57 milhões de imbecis (sic).”.
Ora, a princípio, a ilação que se pode intuir é a de que o autor dessa insensata, agressiva e inadmissível mensagem e seus apoiadores, que normalmente fazem compartilhamento, são da oposicionista ao atual governo, em clara demonstração, por dedução, de que os vencedores são “imbecis” e os perdedores seriam “inteligentes e espertos”, exatamente por terem deixado de acompanhar a maioria.
Pois bem, essa inadmissível hipótese não corresponde exatamente à realidade, diante da polarização que foi estabelecida entre os candidatos à Presidência da República e isso é fato mais do que notório.
Acontece que a realidade mostrou que o candidato perdedor representava exatamente o partido que se mergulhou no maior mar de lama da história mundial, em que as suas lideranças, à época, estavam presas, respondendo a inquéritos ou sob suspeitas de envolvimento em atos pútridos de corrupção, ou seja, eles estavam implicados em irregularidades com o desvio de recursos públicos ou outras anormalidades.
Os fatos pertinentes às irregulares com recursos públicos foram devidamente comprovados por meio de delações, testemunhas, documentos contábeis, planilhas, demonstrativos etc., sendo objeto de investigações da Operação Lava-Jato, a mais competente órgão articulado e montado contra as organizações criminosas, cujos resultados são patentes, palpáveis e irrefutáveis, tendo levando para a prisão importantes políticos, executivos, empresários e outros tantos de aproveitadores de recursos públicos, sendo que muitos deles já tiveram suas contas bloqueadas e foram obrigados a devolver milhões de reais para onde jamais deveriam ter saído.
Ou seja, os eleitores que defenderam, aplaudiram e votaram no representante do partido que foi acusado, mediante provas irrefutáveis, de ter implantado a maior esquema de podridão na administração pública do país são exatamente aqueles que acham que são “imbecis” os eleitores que elegeram o presidente da República atual.
Tal insinuação tem o condão de confessar que teria  sido preferível que os 57 milhões de eleitores “imbecis” jamais tivessem vergonha na cara e decidissem placitar a continuidade da roubalheira do dinheiro público, em acompanhamento aos eleitores “inteligentes e espertos”, que demonstraram abertamente o seu verdadeiro sentimento de antibrasilidade, ao optarem pelo cego apoio às organizações criminosas denunciadas pelas investigações oficiais, que, ao contrário disso, deveriam ter sido eliminadas de qualquer participação política, a bem da moralidade e da integridade da coisa pública.
Ademais, em que pese a nítida insensibilidade diante dos princípios da ética e da moralidade, quando mais de 46 milhões de eleitores não sentirem a gravidade relacionada com o desvio de bilhões de recursos públicos para finalidades estranhas à sua destinação originária, de natureza pública, alguns ainda não têm o menor pudor em tentar denegrir a imagem de quem disse não à destruição da administração do país.
Quando se qualifica as pessoas de imbecis, apenas se demonstra o desprezo à sua dignidade e ao seu caráter, chamando-as de idiotas, quando, na verdade, a sua idiotice foi exatamente por não permitir que o Brasil continuasse a ser comandado por governo que acabara de protagonizar o maior desastre nas contas públicas, na economia, na moralidade, contribuindo para potencializar o descrédito, o desemprego, a falta de investimentos em obras públicas, enfim, a completa desorganização da administração pública.
Pode-se até se admitir que o governo atual não seja a sumidade ansiada para o Brasil, mas certamente não se tem notícia de roubalheira, fisiologismo, inchamento da máquina pública das empresas estatais, a exemplo da Petrobras que pulou de 38 mil funcionários para 58 mil, algo extremamente injustificável, em termos de administração eficiente de pessoal, entre outros atos prejudiciais ao interesse público, que pudesse desabonar a dignidade de quantos votaram no atual governo.
Não há a menor dúvida de que qualificar as pessoas de imbecis, quando seus mentores e apoiadores não são nada imaculados, à vista, em especial, em quem votaram, somente demonstra insensibilidade perante o seu semelhante, que, à lua dos princípios humano e cristão, merece respeito, à vista do conceito de reciprocidade, no âmbito do entendimento segundo o qual o que não se pretende para si, não serve para o próximo.
Em síntese, trata-se comportamento antagônico e agressivo perante a sociedade, com evidência da índole de inconformismo com a realidade dos fatos, dando a entender que os errados são os outros, fato que, no caso, não condiz com os princípios democráticos, onde a escolha é livre e o resultado poderia ter sido para quaisquer dos lados.
É bastante lamentável que o homem, ao invés de trabalhar para o bem de si e do seu semelhante, ainda prefira se animalizar, sem nada que possa justificar se comportamento dissonante e agressivo, ao disseminar mensagens que apenas demonstram sentimento de pura animosidade e, o pior, por meio de atitude que não leva a absolutamente nada, quando seria melhor que essa forma de desprezo ao ser humano fosse substituída por mensagem construtiva, que pudesse levar à aproximação e ao amor entre os filhos de Deus.  
Brasília, em 1º de agosto de 2019

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