Há forte movimento, no seio do PSDB de São Paulo, pedindo
o afastamento do partido de um deputado mineiro, conhecido pelo homem da mala
de dinheiro, embora o governador daquele estado tenha preferido que o melhor
seria a saída espontânea dele.
A maior cobrança vem sendo feita exatamente pelo
PSDB de São Paulo, diante da sua previsão, no curto prazo, do desgaste do partido,
provocado pelo imbróglio envolvendo o parlamentar mineiro.
Não obstante, aliados do deputado mineiro garantiram
que não há a menor hipótese de o parlamentar se afastar voluntariamente ou
pedir a desfiliação da legenda, neste momento.
Enquanto isso, o diretório paulistano do partido
aprovou pedido de expulsão do deputado mineiro, cuja decisão pende da aprovação
do diretório estadual paulista, sob a justificativa de que "Há várias
manifestações de outros presidentes querendo a expulsão do Aécio. Os únicos que
se posicionaram contra foram os presidentes de Belo Horizonte e do Paraná".
Um influente integrante do PSDB afirmou que, "Na minha opinião, vai
crescer esse movimento pedindo a saída dele (do deputado mineiro) do
partido. A capital deu um primeiro passo. O que a gente percebe claramente da
militância é que a presença dele gera um desconforto (no partido)".
A cúpula do PSDB avalia que a manutenção do deputado
mineiro, na sigla, levaria ao questionamento do novo seu código de ética,
lançado em maio.
Na prática, há forte receio de que o caso
envolvendo o deputado mineiro leve à derrocada dos tucanos, nas eleições de
2020.
O código do PSDB prevê a expulsão de políticos
condenados criminalmente ou que tiverem cometido infidelidade partidária, não havendo
punições para aqueles que estejam sendo investigados, como é o caso do aludido
parlamentar, embora o caso dele tem forte evidência de irregularidade incompatível
com o exercício de cargo público eletivo.
A executiva nacional do PSDB esclareceu que o
código de ética do partido vai guiar a decisão do Conselho de Ética, sugerindo
que o presidente nacional irá pautar o pedido de expulsão do deputado mineiro.
A
pressão pelo desligamento do deputado mineiro foi fortalecida logo após ele ter
virado réu na Justiça Federal de São Paulo, sob a denúncia de ter recebido propina,
no valor de R$ 2 milhões, do grupo J&F, por troca de favores, e tentar
obstruir investigação da Lava-Jato.
Como não poderia ser diferente, diante do deprimente
corporativismo, o diretório mineiro do PSDB se posicionou contra a expulsão do
deputado mineiro do partido, sob a frágil argumentação de que "Temos
plena confiança de que, assim como outros membros do partido, o deputado Aécio
provará na Justiça a correção dos seus atos.".
O governador tucano de São Paulo afirmou que "o
melhor para o partido seria uma saída espontânea" do deputado mineiro,
tendo dito que “o partido não vai virar as costas para a sua história, mas
precisa olhar para o futuro. Estamos na fase do novo PSDB, (...) O novo
PSDB não apaga e nem desconsidera o valor de sua história. O PSDB não vai mais
viver da história, vai fazer história. Para fazer história, é preciso liderar a
história. E liderar é tomar posições, e não adiar decisões, que foi um pouco o
que o PSDB fez nos últimos anos.".
Sobre possíveis efeitos negativos para o partido,
nas eleições do próximo ano, o governador afirmou que existe "mal-estar.
Manter a filiação diante de fatos aparentemente graves provoca em vários
setores do PSDB um mal-estar. E diante da perspectiva das eleições, esse
mal-estar vai crescer.".
O governador disse que “o afastamento, para ele,
seria a forma mais clara, transparente, equilibrada e serena de conduzir o
processo. Esta é uma solução política e eticamente adequada, mas é uma decisão
que compete a ambos. Mas se não adotarem, o PSDB vai adotar.". As
informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Nos
países sérios, civilizados e evoluídos, em termos políticos e democráticos, políticas
são atividades levadas muito para o lado dos extremos da correção e da moralidade,
tendo como norte o respeito ao compromisso com a imaculabilidade e a responsabilidade
e somente os homens com ficha limpa podem representar politicamente a
sociedade, tendo em vista ser incompatível com os princípios da moralidade, da
ética, do decoro, da dignidade, entre outras condutas próprias da honorabilidade
na administração pública.
Na
verdade, nem precisaria que houvesse regra escrita para que o homem público desfilia-se
automaticamente das atividades representativas da sociedade, ficando afastado
também do partido quando ele fosse envolvido em denúncia, suspeita ou qualquer outra
forma de demanda perante a Justiça, em razão de investigação sobre a prática de
atos ilícitos, porque isso simplesmente fere a condição sine qua non de
licitude na vida pública, que não pode ser exercida por quem se encontra sob forte
suspeita da prática de irregularidade que não condiz com o exercício do cargo
público eletivo.
É
evidente que, depois de provada a inculpabilidade perante quem de direito, o
homem público, readquirindo as condições de moralidade pública, pode e deve retomar
o seu lugar tanto na vida pública como nas atividades partidárias.
No
caso do político mineiro e de muitos outros do mesmo partido que estão na mesma
condição de implicados com a Justiça, não se justifica que eles ainda estejam filiados,
porque isso somente demonstra forma explícita de cumplicidade do partido com
seus filiados, em relação aos crimes praticados por eles, porque eles se
tornaram indignos, fora da lei, por força da ficha suja, enquanto não
demonstrarem a sua inocência, como forma essencial de terem condições de
permanecer em atividade política, que não comporta senão a participação de quem
está em estado de pureza quanto à sua conduta de caráter insuspeito, na vida
pública.
É
óbvio que a permanência de filiação em partido de homem público que se encontra
implicado com a Justiça tem o condão de simplesmente acomodar e ser cúmplice
com a prática de atos contrários à dignidade na vida pública, fato que
contribui para que todos possam imaginar que o crime compensa, em razão de não
haver nada impositivo para a condenação, no âmbito partidário, dos péssimos e
malfeitores políticos.
Como
não existe legislação para possibilitar o afastamento dos maus políticos da
vida pública, urge que a sociedade se conscientize no sentido de que os homens
públicos que se envolverem em atos indignos, ilícitos, sejam automaticamente
afastados ou eliminados das atividades políticas, até a comprovação da sua
inculpabilidade, como acontece normalmente nos países sérios, civilizados e
evoluídos, em condições estritamente políticas e democráticas, como forma da
garantia do respeito à dignificante representatividade política.
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 6 de julho de 2019
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