O G-7, grupo de países mais ricos do mundo,
prometeu liberar, em caráter de urgência, US$ 20 milhões, o equivalente ao
valor de R$ 83 milhões, que serão destinados ao envio de aviões-tanque para
combater os incêndios na Amazônia.
Enquanto isso, o presidente da França levantou a
hipótese sobre a conveniência de se conferir status internacional à
floresta, caso os líderes da região tomem decisões prejudiciais ao planeta.
Não há qualquer dúvida de que a sugestão do francês
se traduz em evidente alusão ao presidente brasileiro, que o acusou de ter "mentalidade
colonialista", por exigir ação internacional a respeito da crise das
queimadas na região amazônica.
A ideia do status internacional foi inicialmente
aventada pelas associações e organizações não governamentais (ONGs), que
levantaram a questão de defini-lo em relação à Amazônia.
O presidente francês disse que "Este não é
o quadro da iniciativa que estamos tomando, mas é uma questão real que se impõe
se um Estado soberano tomar medidas concretas que obviamente se opõem ao
interesse de todo o planeta. As conversas entre Piñera (presidente do
Chile) e Bolsonaro não vão nessa direção, acho que ele está ciente desse
assunto. Em qualquer caso, quero viver com essa esperança.".
No entendimento do presidente francês, esse status
"é um caminho que permanece aberto e continuará a florescer nos
próximos meses e anos. A questão é tal no plano climático que não podemos dizer
'Este é um problema só meu'. É o mesmo para aqueles que têm espaços glaciais em
seu território ou que impactam o mundo inteiro.".
O presidente francês garantiu que construiu a
iniciativa que será proposta às Nações Unidas, segundo ele, "para
respeitar a soberania de cada país".
Por
seu turno, o governo brasileiro, demonstrando clara repugnância à ideia do status
internacional, já declarou, conforme aceno do Palácio do Planalto, que rejeitará
a ajuda oferecida pelo G7, para a Amazônia.
O
presidente dos Estados Unidos não participou da reunião em que os líderes do G7
trataram da oferta em apreço, mas o francês assegurou que o mandatário
norte-americano apoia a iniciativa em apreço.
Segundo
interlocutores do governo brasileiro, que estão acompanhando a crise referente
às queimadas, o auxílio em comento foi interpretado muito mais como tentativa do
presidente francês de capitalizar o tema do que uma iniciativa dos líderes do
G7.
Como
trata-se ainda de sugestão, o interlocutor palaciano disse que o Brasil aguarda
a formalização da oferta pelo francês, mas reafirma que ela será rejeitada.
O
certo mesmo é que as relações diplomáticas entre os presidentes brasileiro e
francês estão no grau máximo da fervura, ante às acusações e críticas duras partidas
de ambos os lados, com capacidade para abalar as estruturas das relações entre
eles, principalmente pelo protagonismo nada elegante da troca de mensagens pouco
amigáveis para os padrões de civilidade e diplomacia, quanto mais em se
tratando das grandeza e importância do Brasil e da França no contexto internacional,
cujas relações jamais poderiam ter chegado ao nível simplesmente deplorável e
inaceitável.
Não
há a menor dúvida de que a solução para a gravíssima questão da preservação da
Amazônia precisa e exige a melhor das discussões, em altíssimo nível, por parte
das nações interessadas em contribuir para a mais conveniente solução possível.
Agora,
parece de extrema conveniência que a ajuda financeira, a depender da forma a
ser feita, pode servir como pretexto para a aprovação de desse abominável status
internacional, que nada mais é do que a forma de interferência sobre o controle
da região Amazônia por nações poderosas, que podem alegar a sua ajuda
financeira para ter o direito de mandar para a região suas ONGs, estabelecendo alguma
espécie de exploração do território brasileiro, quanto às suas riquezas naturais,
que parece ser o caso que vem acontecendo exatamente de longa data, sem que
tenha qualquer controle por parte do governo tupiniquim.
Não
obstante, há forte evidência de que as vaidades de autoridades públicas, de
ambos os países, tiveram o mais doloroso encaminhamento da história diplomática,
em que as questões pessoais prevaleceram, em evidente detrimento dos interesses,
em especial, do Brasil, que poderia contar com apoio financeiro de suma
importância, que não resolveria em definitivo a preocupante questão das
queimadas, mas, por certo, seria o suficiente para minorar a escassez de
recursos.
O
governante brasileiro precisa, com o máximo de urgência, se conscientizar de
que não se pode confundir questão pessoal com interesses de Estado, como
aconteceu nesse lamentável imbróglio, em que entraram em discussão, de forma inadmissível
e inconveniente, assuntos pessoais e até de família, que não têm, em absoluto,
nada com as causas de importância para o Brasil, que precisam ser resolvidas em
ambiente de maturidade, compreensão, sensatez e racionalidade, em estrita
consonância com os princípios modernos da diplomacia.
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 27 de agosto de 2019
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