Uma senadora pelo MDB do Mato-Grosso do Sul,
que é presidente
da Comissão de Constituição e Justiça do Senado Federal, afirmou que "O Bolsonaro precisa
vestir o terno de presidente da República, que ainda não vestiu, e parar de
ficar instigando a violência. Sua bíblia, enquanto estiver presidente, tem que
ser a Constituição.".
A
mencionada senadora disse, em tom de espanto,
que "Jamais imaginei que pudéssemos chegar onde chegamos", referindo-se ao
presidente da República, que o acusou de estar "à beira do limite
civilizatório", e de estar "abalando a base social do Brasil, que
tem, no seu DNA, o perfil de uma sociedade pacífica e unitária".
Ela
demonstrou, em entrevista, indignação, em particular, além da "truculência
com o Congresso, a defesa presidencial de um coronel torturador judicialmente
condenado, o falecido Brilhante Ustra, recentemente promovido a ‘herói da pátria’.".
A
senadora também considera absurdo o presidente estar defendendo a indicação do
filho, que é deputado federal, para ser embaixador nos Estados Unidos da
América - se tiver a aprovação do Senado.
Ela
entende que "É um risco total do presidente, porque ele sabe que o
menino acabou de fazer 35 anos, não conhece o mundo, não conhece geopolítica
como um embaixador de carreira, e será muito mais provocado durante a sabatina
pela mais alta corte do Parlamento.".
A
senadora não quis dar palpite sobre o resultado da votação, mas ela fez questão
de lembrar duas evidências facilitadoras para o aval: “a força do governo, que
pesa, e o quórum por maioria simples.”.
Ela
asseverou que "Eu votarei contra. E estou convencendo mais
senadores a fazerem o mesmo.".
Não
há a menor dúvida de que o presidente do país se comporta como se fosse mero político
de partido, que precisa tomar posição, a todo instante, sobre os assuntos que estejam
alinhados com o seu pensamento ideológico, não aceitando, o que seria normal,
as críticas contra o seu desempenho ou comportamento à frente do governo, em clara
refutação aos princípios democráticos.
O
presidente, que tanto criticava o abominável tratamento institucionalizado em
governos passados, conhecido como “nós” contra “eles”, reluta em agir
diferentemente, por ser permanentemente refratário às críticas oriundas da oposição,
que a trata como sendo “petralha” ou algo em insinuação de que ela constitui o
que se pode ser chamado de “eles”, em sentido contrário do passado,
comportamento esse que não se coaduna como estadista, que precisa centralizar
suas atenções para as questões maiores da República.
O
presidente precisa compreender que ele é o presidente de todos, que devem ser
tratados igualmente como apenas brasileiros, no entendimento de que o governo
não é somente para os 56 milhões de brasileiros que o elegeram, mas sim, igualmente,
dos vencedores e perdedores, que formam a nação brasileira, sem essa da horripilante
e medíocre mentalidade do “nós” contra “eles”, que somente tratou de construir
o Brasil dividido e cheio de ódio, de extrema infelicidade, em termos de relações
sociais e civilizatórias.
À
toda evidência, assiste inteira razão à parlamentar, em especial, em defender
que a bíblia do presidente precisa ser a Constituição Federal, que deve servir
como balizamento para as suas decisões, que devem se assentar apenas em fortes princípios
jurídicos, com embargo das falações indevidas, criticas absolutamente
dispensáveis e incursões em assuntos que estão ano-luz da incumbência
presidencial, como a se justificar que o mandatário da nação não tem algo de
importância para cuidar no seu governo, quando o seu foco se distancia perigosamente
das principais causas nacionais, em evidente detrimento da essencialidade do
interesse da população.
Na atualidade, por mais que o capitão
reformado demonstre sua simpatia pelo militar que participou da repressão aos
opositores do regime militar, realmente não tem o menor cabimento que o
presidente da República tome partido em defesa dele, diante da liturgia do
cargo que deve ser de estrito estadista, que precisa pensar em contribuir para
a unificação dos brasileiros, eis que o referido militar construiu forte
oposição à sua atuação, o que já seria motivo suficiente para que a imagem dele
ficasse tão somente no passado bastante tenebroso, que precisa ser esquecido, mesmo
que ele possa ser considerado herói, que em nada representa na atualidade, por não
fazer o menor sentido o resgate do seu nome, que não unanimidade nacional.
Nas
circunstâncias, mesmo que o citado militar possa ter sido considerado algo
diferenciado no regime militar, a sua lembrança agora não passa de instrumento
muito mais de provocação à oposição e aos brasileiros contrários ao seu questionado
legado, fato que o bom senso recomenda que esse assunto jamais deveria ser tratado,
principalmente em nível presidencial, notadamente porque isso não faz parte da
incumbência do mandatário do país, que precisa cuidar exclusivamente da agenda
própria do manual da República.
A
senadora se mostra extremamente prudente em citar o risco político de o
presidente ter entrado de cabeça nessa aventura da defesa, de forma insistente
e insensata, da concessão do presente da principal embaixada brasileira ao seu
filho, por constituir forma mais absurda de privilégio na administração pública.
É
mais do evidente de que, caso seja efetivada a nomeação em questão, se trata da
maior irresponsabilidade político-administrativa que o presidente da República
poderá precisar responder perante a sociedade, tanto pela clara afronta ao
princípio constitucional da impessoalidade, ex-vi do disposto no artigo 37 da
Carta Magna, como pela precipitação da nomeação de pessoa sem a menor qualificação
para o desempenho do relevante cargo de embaixador, diante da indiscutível
falta de preparo técnico-especializado, em especial.
Em
síntese, a análise da senadora sobre a atuação e o desempenho do presidente da
República aponto para cenário realmente preocupante, notadamente por ele
resistir bravamente a servir de manequim para o terno presidencial que o espera,
desde a sua posse, entristecido com por passar pelo melancólico processo do desbotamento
precoce.
Na
verdade, o mandatário brasileiro não faz a menor cerimônia quanto à sua espontaneidade
para tratar de muitos assuntos absolutamente incompatíveis com as suas relevantes
atribuições de estadista, que precisa centrar as suas atenções estritamente nas
questões pertinentes às matérias diretamente relacionadas com os interesses
nacionais, de modo que o conjunto da sua obra tenha por objetivo o desenvolvimento
socioeconômico, além da sua contribuição à pacificação e à unificação dos
brasileiros em torno do seu governo, que precisa, de forma urgente, se livrar de
atitudes desaconselháveis e desarmônicas com a grandeza da Presidência da
República.
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 21 de agosto de 2019
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