quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

A insignificância de acusações

O último ex-presidente brasileiro questionou, em mensagem partilhada nas redes sociais, a sua derrota nas últimas eleições, tendo aproveitado o ensejo para acusar o Supremo Tribunal Federal e o Tribunal Superior Eleitoral como agentes diretamente responsáveis pelo vitória de seu opositor.

Em uma das mensagens, o ex-mandatário afirmou que o atual presidente do Brasil não foi eleito pelo povo brasileiro, em eleições limpas, mas sim por ações comandadas pelos aludidos órgãos, embora ele tivesse apagado o vídeo, sem apresentar justificativa, duas horas depois da publicação dele.

O conteúdo da sua mensagem continha texto de entrevista dada por ele, onde ali se afirmava que o atual presidente do país foi eleito pelo Supremo e por juízes da Justiça eleitoral, sob legenda que promovia esta teoria, ou seja, sob projeto bem definido, com essa finalidade.

A verdade é que de nada adianta o ex-presidente insistir em acusações absolutamente inúteis e destituídas de comprovações consistentes, como forma de garantir a firmeza e a segurança das afirmações apenas jogadas ao vento, na tentativa exclusivamente de se passar por vítima do sistema instituído com a possível finalidade em afastá-lo do poder, tendo em vista, em especial, a célebre assertiva de um magistrado, segundo a qual: “eleições não se ganha, se toma!”, cuja materialidade também pode ser verdadeira, mas não existe como prová-la nem negá-la.

Eis que tudo já alegado seja verdade, visto que também como não existe elemento nenhum em contrário, só que nada disso convém ao mundo da realidade jurídica, que exige seriedade e competência para a condução dos devidos questionamentos sobre o resultado das eleições ou outros assuntos que desviem da normalidade.

Então, de que adianta ficar trucidando em cima de assunto que não vai senão aumentar ainda mais o fosso da evidência da incapacidade e da incompetência quanto à necessidade da reação aos atos supostamente irregulares, destinados à mudança dos rumos da história política brasileira.

À toda evidência, em termos de bom senso e racionalidade, é normal ter condições de provar, de maneira consistente e objetiva, que os aludidos órgãos agiram sim com propósitos maldosos e ilegítimos, à luz dos princípios republicanos e democráticos, em afronta aos procedimentos da moralidade e da honestidade, evidentemente com o emprego de artifícios e instrumentos estranhos à normalidade civilizatória.

          Não tem sido assim o comportamento do ex-presidente, que prefere inflar ideias mirabolantes em nome de causas estritamente pessoais, com detrimento dos interesses públicos, à luz das afirmações despropositadas, em coincidência com o vandalismo acontecido ao meio de em movimento de protestos ao resultado das últimas eleições, que exige a devida transparência por parte da Justiça eleitoral, à vista da publicidade a que se refere o art. 37 da Constituição, quando afirma que, verbis: “A administração pública (...) obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e, (...)”.   

Na realidade, essas ofensivas infrutíferas do ex-mandatário, por serem absolutamente infundadas e sem solidez, somente confirmam a falta de ideias políticas consistentes e objetivas, que têm por propósito a arraigada vocação da manutenção dele em evidência, na mídia.

A total invalidade das acusações desse político mostra, de forma sobeja, não haver a mínima perspectiva de sucesso em absolutamente nada, justamente em razão da falta de razões e elementos substanciais  plausíveis, quanto ao que se alega existir de muito errado na República tupiniquim, conquanto, a despeito disso, vem prevalecendo exatamente tudo aquilo que o ex-presidente contesta como sendo afrontoso à normalidade democrática.

A verdade é que essa forma trivial de alegações e questionamentos sobre tudo que contraria os interesses pessoais somente é cabível ao desamparo de elementos e fatos plausíveis a se justificarem atitudes de decência e firmeza em defesa de causas justas e legítimas, que precisam ser discutidas e questionadas nas vias adequadas e legalmente recomendas, mas jamais nas redes sociais públicas, porque isso somente contribui para o desgaste de autoridade honrada e digna.

Daí a urgente necessidade do sepultamento do cultivo às alegações completamente destituídas de razoabilidade e materialidade comprováveis, que somente subsistem em mentes igualmente desarrazoadas e insensatas, evidentemente à luz da verdade e da integridade do pensamento humano.

À toda evidência não significância alguma ficar reclamando e questionando, o tempo todo apenas com base em suposições sobre algo que pode ter ocorrido, quando o correto é ficar calado e somente acusar e reivindicar direitos quando efetivamente tiver como provar a materialidade da ofensa a eles, de modo a se adquirir a legitimidade pela reparação das perdas contabilizadas.

É preciso que os verdadeiros brasileiros se conscientizem sobre a conveniência de não apoiar políticos que valorizam a própria vitimização, como forma de tentar mostrar que a sua incompetência política é fruto da perseguição à sua pessoa.      

Enfim, convém que o último ex-presidente da República se consciente, com urgência, de que todas as causas precisam sim ser defendidas com a garra dos bravos, sob a égide da justiça e da verdade, nas vias pertinentes e adequadas, desde que existam provas e elementos consistentes e capazes quanto à conveniência da sustentação sobre os fatos questionados, cabendo, como respeito aos princípios civilizatórios, a relegação, em definitivo, das queixas revestidas apenas do imaginário.

          Brasília, em 11 de janeiro de 2023 

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