O comandante militar do Sudoeste, em primeira manifestação pública de um militar do alto escalão, afirmou que o resultado das urnas deve ser respeitado.
O citado militar declarou que “Vamos continuar
garantindo a nossa democracia, porque a democracia pressupõe liberdade e
garantias individuais e públicas. E é o regime do povo, de alternância de
poder. É o voto. E, quando a gente vota, tem de respeitar o resultado da urna.”.
Esse militar é um dos três mais antigos oficiais
generais do Alto Comando do Exército, que foi um dos comandantes que se
opuseram à tentativa de intervenção militar destinada a verificar, em especial,
a regularidade do resultado das últimas eleições.
Em um discurso, o mencionado militar fez referência
a “terremoto” que teria atingido recentemente o Brasil, tendo afirmado que “Nos
últimos dias, nós estamos vivendo um outro tipo de terremoto no País: um terremoto
político, que não causou mortes”.
Ele disse que “Esse terremoto é movido pelo
ambiente virtual, que não tem freio. Todo nós somos hoje hiperinfomados. Para
excesso de informação só tem um remédio: mais informação. É se informar com
qualidade e buscar fontes fidedignas.”.
No entendimento desse general, “Essa
intolerância tem nos atacado. Esse terremoto não está matando gente, mas está
tentando matar a nossa coesão, a nossa hierarquia e a nossa disciplina, o nosso
profissionalismo e o orgulho que a gente tem de vestir essa farda. E não vai
conseguir.”.
Em
seguida, o general reafirmou que “Ser militar é ter uma instituição de
Estado, apolítica, apartidária; não interessa quem está no comando, a gente vai
cumprir a missão do mesmo jeito. Isso é ser militar.”.
O general disse que os militares não devem ter
correntes políticas e devem permanecer coesos, tendo afirmado que “(Ser
militar) é não ter corrente. Isso não significa que ele não pode ter sua
opinião. Ele pode ter, mas ele não pode se manifestar. Ele pode ouvir muita
coisa: ‘faço isso, faça aquilo’, mas ele faz o que é correto, mesmo que o
correto seja impopular.”.
O general concluiu o discurso fazendo defesa
enfática da democracia e do respeito ao resultado das urnas, nestes termos: “Essa
é a mensagem que quero trazer para vocês. Em que pese o turbilhão, o terremoto,
o tsunami, nós vamos continuar íntegros, coesos e respeitosos e vamos continuar
garantindo a nossa democracia, porque a democracia pressupõe liberdade e
garantias individuais e públicas. E é o regime do povo, da alternância de
poder. É o voto. E, quando a gente vota, tem de respeitar o resultado da urna.
Essa é a convicção que eu tenho, mesmo que a gente não goste do resultado – nem
sempre é o que a gente queria. Mas essa é o papel da instituição de Estado, que
respeita os valores da Pátria.”.
Sim, é preciso respeitar o resultado das urnas, em
forma de prestígio aos sagrados princípios democráticos, como fazem normalmente
os países sérios, civilizados e evoluídos, em termos da melhor compreensão política.
Essa modalidade evoluída de defesa da democracia
pressupõe, necessariamente a prática política em respeito igualmente aos
parâmetros da legitimidade dos procedimentos precisos e integrais, uma vez que “a
democracia pressupõe liberdade e garantias individuais e públicas. E é o regime
do povo, da alternância de poder. É o voto. E, quando a gente vota, tem de
respeitar o resultado da urna. Essa é a convicção que eu tenho, mesmo que a
gente não goste do resultado – nem sempre é o que a gente queria. Mas essa é o
papel da instituição de Estado, que respeita os valores da Pátria.”.
Na verdade, essa convicção plena de democracia pressupõe
a observância dos parâmetros aceitáveis de inviolabilidade dos seus princípios,
em especial no que diz sobre a imaculabilidade dos concorrentes a cargos
públicos, que eles sejam lídimos representantes políticos em normais condições do
preenchimento dos pressupostos e requisitos de conduta ilibada e idoneidade
perante a administração pública, que estejam acima quaisquer suspeitas quanto às
suas atividades na vida pública, em especial que não tenham nenhuma implicação com
a Justiça, em termos de processos penais.
A certeza da necessidade sobre o imperioso respeito
aos resultados das urnas também diz com a transparência dos procedimentos e da operacionalização
dos mecanismos necessários às votações, sem que nenhum questionamento seja
jogado para debaixo do tapete, como forma de acatamento ao princípio
constitucional da publicidade, que obriga a prestação de contas à sociedade dos
atos da administração pública, por força do disposto no artigo 37 da Constituição
Federal, que estabelece que “A administração pública (...) obedecerá
aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e, (...).”.
As simplistas afirmações do general não condiz
exatamente com os rigorosos princípios que as Forças Armadas, como instituições
do Estado, têm o primordial dever de defender como obrigação constitucional, à
vista da missão a que se refere o disposto no artigo 142, quando ali faz clara referência
às suas incumbências de defesa da pátria e da garantia dos poderes
constituídos, da lei e da ordem.
Ou seja, no que se refere à garantia da lei, as
Forças Armadas simplesmente claudicaram, em especial ao deixaram de prestar
garantia à sua prevalência, quando o disposto no referido art. 37 foi
clamorosamente desrespeitado pela Justiça Eleitoral, que negou, de forma
peremptória, a transparência do resultado das urnas, deixando de fornecer o
código-fonte delas aos militares, fato este que impossibilitou que eles promovessem
a devida fiscalização sobre a proclamação das votações, a despeito de muitos questionamentos
sobre possíveis irregularidades denunciadas pela mídia, em especial em
favorecimento a determinado candidato.
Em um país com o mínimo de seriedade, os princípios
constitucionais vigentes teriam primazia em serem respeitados pelas instituições
públicas, não permitindo margem a quaisquer dúvidas acerca da existência sobre suspeitas
de irregularidades nos certames eleitorais, como efetivamente ocorreu no Brasil,
cuja monstruosidade teve o beneplácito das Formas Armadas, que ignoraram o
clamor social, pedindo em imploração permanente e veemente intervenção militar,
precisamente para obrigar a transparência das urnas eletrônicas.
Outra constatação que jamais poderia ocorrer,
porque totalmente inaceitável, ante os padrões de razoabilidade cívica e
patriótica, em país com o mínimo de seriedade, é general se posicionar em defesa
das deformidades e atrocidades praticadas contra a legitimidade democrática, ante
a aceitação de representante político em plena decadência moral, que, na pior
das hipóteses, responde a processos penais, na Justiça, sob suspeita da prática
de atos contrários aos princípios da administração pública, além da gritante
falta de transparência sobre a operacionalização das votações.
O militar consciente da verdadeira missão
institucional das Forças Armadas jamais se colocaria em defesa do status quo,
no sentido de ser bastante enfático em suas colocações como se os fatos com
base nos quais ele se baseia estivessem absolutamente escoimados de suspeitas
de irregularidades que precisam urgentemente da atenção precisamente das autoridades
conscientes sobre a defesa da verdadeira democracia e dos interesses do Brasil.
Esses pressupostos foram completamente ignorados por
esse alto militar, em que o seu discurso demonstra desvio de conduta
ético-militar em defesa do desprezo à norma legal e da desonestidade no comando
do Brasil, conforme mostram os fatos supracitados.
Enfim, é dever não só dos militares, mas dos verdadeiros
brasileiros a intransigente defesa da democracia de verdade, que tenha por
parâmetro a estrita observância aos princípios da pureza do respeito à
imaculabilidade dos representantes políticos e o cumprimento do ordenamento
jurídico pátrio, de modo que não se respeitem como legítimos somente os
resultados das urnas eletrônicas, mas sim todos os atos da administração pública,
por força da grandeza do Brasil.
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