Uma
série de chocantes fotos mostrando crianças, jovens, adultos e idosos de índios
Ianomamis extremamente desnutridos, ao coro e ao osso, lembra as horrorosas cenas
de campo de concentração nazista.
Essas
fotos foram distribuídas pelas lideranças Ianomamis e são a realidade nua e
crua de uma aldeia da Reserva Ianomami em Roraima, após a chegada dos
garimpeiros à região.
Essa
situação é de tamanha gravidade que envergonha não somente o Brasil, mas o mundo,
por não se imaginar que, em pleno século XXI, com os avanços da humanidade,
seriam possíveis tantas insensibilidade e insensatez contra nação indígena, visivelmente
acometida pelas pestes da fome e da doença, que têm o condão de denunciar maus-tratos,
além de exigirem severas apurações e, se for o caso, responsabilizações, por
desrespeito aos direitos humanitários.
Há
notícia de que, somente neste ano, 99 crianças do povo Ianomami morreram devido
ao avanço do garimpo ilegal na região, não havendo qualquer medida para a solução
dessa gravíssima anormalidade, extremamente prejudicial à vida dos índios
Ianomamis.
De
acordo com relatos, as vítimas estão entre crianças de 1 e 4 anos, acometidas de
causas mortis, na maioria, por desnutrição, pneumonia e diarreia, doenças essas
absolutamente controláveis e sanáveis por meio de cuidados alimentares e
médico-hospitalares adequados.
De
seu turno, estima-se que 570 crianças faleceram pela contaminação por mercúrio,
desnutrição e fome, repita-se, sem que medidas necessárias tenham sido adotadas
para o saneamento dessas seríssimas questões causadas pela intromissão indevida
do homem na região indígena.
Além
disso, dessas questões mais preocupantes, somente em 2022 foram confirmados
11.530 casos de malária no Distrito Sanitário Especial Indígena Ianomami,
distribuídos entre 37 Polos Bases.
As
faixas etárias mais afetadas são as maiores de 50 anos, seguidas pela faixa
etária de 18 a 49 e de 5 a 11 anos.
À
vista do acentuado caos sanitário, o Ministério da Saúde, somente agora,
resolveu decretar emergência de saúde pública, com a finalidade de prestar
socorro aos índios, cuja medida já deveria ter sido adotada há muito tempo, em
face da situação crítica instalada naquela região, que vinha reclamando por
cuidados do governo, mediante cuidados sanitários e alimentares.
Convém
que sejam investigadas as causas do abandono dos índios à própria sorte, a ponto
de se permitir a instalação de calamidade humanitária nas aldeias indígenas, cuja
mortandade pode ter influência direta da presença de garimpeiros na região, com
poder de disseminar a contaminação das águas, por meio de minérios tóxicos,
como o mercúrio e outros elementos estranhos à vida silvestre.
Como
se trata de tão muito pouco tempo do novo governo, à primeira vista, tudo
indica que a responsabilidade por esse massacre humanitário advenha do governo
anterior, em claríssima demonstração de desprezo aos direitos dos povos
indígenas, com destaque para as comunidades Ianomamis, à vista da triste situação
dos índios.
Há
evidências de que o governo anterior não somente limitou as ações próprias dos
órgãos responsáveis pela assistência aos indígenas, por meio de escassez de recursos
materiais, pessoais e financeiros, como liberou, propositadamente, o garimpo
ilegal no país, em indiscutível prejuízo refletido nas aldeias indígenas, à
vista da dizimação de nações silvícolas, como nesse claro exemplo em comento.
A
verdade é que o governo anterior demonstrativa pouca ou nenhuma empatia com
relação às causas dos índios, a ponto de chegar-se à constatação dessa
calamidade humanitária, mas, ao contrário, sobravam boa vontade e apoio às
atividades garimpeiras, não importando se a aproximação com os silvícolas pudesse
causar tantas desgraças, de evidente abandono dos índios Ianomamis, que estão
sentido na pele o descaso do terrível abandono.
Enfim,
os brasileiros precisam repudiar, de forma veemente, essa triste realidade do cruel
abandono às comunidades Ianomamis, exigindo que sejam adotadas as medidas
necessárias à restauração da sua dignidade, como seres humanos, cujos cuidados
devem ser estendidos para todas as comunidades indígenas do país.
Brasília,
em 23 de janeiro de 2023
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