segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

Socorro aos índios

 

Uma série de chocantes fotos mostrando crianças, jovens, adultos e idosos de índios Ianomamis extremamente desnutridos, ao coro e ao osso, lembra as horrorosas cenas de campo de concentração nazista.

Essas fotos foram distribuídas pelas lideranças Ianomamis e são a realidade nua e crua de uma aldeia da Reserva Ianomami em Roraima, após a chegada dos garimpeiros à região.

Essa situação é de tamanha gravidade que envergonha não somente o Brasil, mas o mundo, por não se imaginar que, em pleno século XXI, com os avanços da humanidade, seriam possíveis tantas insensibilidade e insensatez contra nação indígena, visivelmente acometida pelas pestes da fome e da doença, que têm o condão de denunciar maus-tratos, além de exigirem severas apurações e, se for o caso, responsabilizações, por desrespeito aos direitos humanitários.

Há notícia de que, somente neste ano, 99 crianças do povo Ianomami morreram devido ao avanço do garimpo ilegal na região, não havendo qualquer medida para a solução dessa gravíssima anormalidade, extremamente prejudicial à vida dos índios Ianomamis.

De acordo com relatos, as vítimas estão entre crianças de 1 e 4 anos, acometidas de causas mortis, na maioria, por desnutrição, pneumonia e diarreia, doenças essas absolutamente controláveis e sanáveis por meio de cuidados alimentares e médico-hospitalares adequados.

De seu turno, estima-se que 570 crianças faleceram pela contaminação por mercúrio, desnutrição e fome, repita-se, sem que medidas necessárias tenham sido adotadas para o saneamento dessas seríssimas questões causadas pela intromissão indevida do homem na região indígena.  

Além disso, dessas questões mais preocupantes, somente em 2022 foram confirmados 11.530 casos de malária no Distrito Sanitário Especial Indígena Ianomami, distribuídos entre 37 Polos Bases.

As faixas etárias mais afetadas são as maiores de 50 anos, seguidas pela faixa etária de 18 a 49 e de 5 a 11 anos.

À vista do acentuado caos sanitário, o Ministério da Saúde, somente agora, resolveu decretar emergência de saúde pública, com a finalidade de prestar socorro aos índios, cuja medida já deveria ter sido adotada há muito tempo, em face da situação crítica instalada naquela região, que vinha reclamando por cuidados do governo, mediante cuidados sanitários e alimentares.

Convém que sejam investigadas as causas do abandono dos índios à própria sorte, a ponto de se permitir a instalação de calamidade humanitária nas aldeias indígenas, cuja mortandade pode ter influência direta da presença de garimpeiros na região, com poder de disseminar a contaminação das águas, por meio de minérios tóxicos, como o mercúrio e outros elementos estranhos à vida silvestre.

Como se trata de tão muito pouco tempo do novo governo, à primeira vista, tudo indica que a responsabilidade por esse massacre humanitário advenha do governo anterior, em claríssima demonstração de desprezo aos direitos dos povos indígenas, com destaque para as comunidades Ianomamis, à vista da triste situação dos índios.

Há evidências de que o governo anterior não somente limitou as ações próprias dos órgãos responsáveis pela assistência aos indígenas, por meio de escassez de recursos materiais, pessoais e financeiros, como liberou, propositadamente, o garimpo ilegal no país, em indiscutível prejuízo refletido nas aldeias indígenas, à vista da dizimação de nações silvícolas, como nesse claro exemplo em comento.

A verdade é que o governo anterior demonstrativa pouca ou nenhuma empatia com relação às causas dos índios, a ponto de chegar-se à constatação dessa calamidade humanitária, mas, ao contrário, sobravam boa vontade e apoio às atividades garimpeiras, não importando se a aproximação com os silvícolas pudesse causar tantas desgraças, de evidente abandono dos índios Ianomamis, que estão sentido na pele o descaso do terrível abandono.

Enfim, os brasileiros precisam repudiar, de forma veemente, essa triste realidade do cruel abandono às comunidades Ianomamis, exigindo que sejam adotadas as medidas necessárias à restauração da sua dignidade, como seres humanos, cujos cuidados devem ser estendidos para todas as comunidades indígenas do país.  

            Brasília, em 23 de janeiro de 2023

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