quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

Sob alerta?

              Recebi de dileta amiga mensagem cujo conteúdo tem o sentido misto de censura e alerta ao que escrevo, conforme o texto a seguir, que o recebo como sugestão para cuidados preventivos.

“Você como os judeus, há 2000 anos, queriam um salvador guerreiro. Um homem que enfrentasse a corrupção dando seu sangue. Muitas vezes, em seus belos e bem escritos, falou ou foi contra o governo de Bolsonaro. Agora, vamos ter a corrupção de volta, com um pequeno agravante: perderemos a liberdade. Cuidado. Cuidado com que escrever. Falar contra o governo do Bolsonaro não dava cadeia.”.

Em resposta, digo que nunca falei mal nem fui contra nada do governo anterior, porque sempre manifestei sobre ele, caso a caso, segundo a análise pertinente aos fatos acontecidos, sem jamais sugerir coisa alguma, porque apenas escrevi segundo o que penso, considerando, repita-se, a repercussão dos atos administrativos.

Sob a minha opinião, eu não disse uma vírgula que não tivesse sido verdade sobre o que eu achava com relação aos fatos analisados, manifestando-me segundo o meu pensamento e a minha verdade, sob o prisma e a sintonia da sagrada liberdade de expressão, direito que me é dado por princípio constitucional.

Verdade essa, diga-se de passagem, que muitas pessoas não gostam ou não aceitam, exatamente por sentirem e analisarem os fatos diferente do que penso, o que é absolutamente normal, repita-se, sob a ótica do livre pensamento.

Isso é muito natural, evidentemente que eu não tenho direito de contestar quem pensa diferentemente de mim, porque, à luz do princípio democrático, as pessoas têm direito de se expressar livremente, mesmo que outrem tenha opinião divergente e isso faz parte desse processo democrático de manifestação.

Tantas vezes eu pedi que alguém se dignasse a indicar uma só inverdade que eu tivesse escrito contra o governo, mas ninguém indicou, exatamente porque ninguém tem condições razoáveis de contestar a verdade de ninguém, assim como acontece de forma  inversa, que também é verdadeiro e eu não tenho como dizer que a verdade de outrem não seja a sua verdade.

Eu posso  deixar de concordar com a opinião das pessoas, mas nunca eu vou discordar delas, se elas não estiverem de acordo com o meu pensamento, porque é direito constitucional das pessoas o pensamento livre.

O certo é que cada pessoa tem a sua verdade, conforme o grau de inteligência para a interpretação dos fatos da vida, cabendo, por consciência cívica, o respeito à livre manifestação, evidentemente sob a devida observância aos princípios de civilidade e cidadania.

Eu sempre digo que a minha inteligência não progrediu ao ponto de enxergar competência mínima na gestão do último ex-presidente, como muitas pessoas enxergam e isso não é, de modo algum, defeito da minha parte, mas sim deficiência cognitiva, por faltar aquele plus especial que sobra nas outras pessoas, em vislumbrar algo que eu, por mais que me esforce, não consigo atinar com relação ao governo anterior.

Quero apenas deixar claro que, posso até, se isso for defeito, ser coerente com a minha verdade e isso é inato em mim e eu não tenho como mudar para ser agradável ao pensamento das pessoas.

Percebo que tenho importante propriedade de aceitação passiva da opinião das pessoas, mesmo que elas estejam erradas, mas é a verdade delas, que precisa ser respeitada, sob o aspecto da liberdade de manifestação.

É assim que penso, por eu ser fiel a mim mesmo, sem nunca ter sido influenciado por pensamento ou opinião de ninguém, salvo se eu estiver de acordo com ele, o que é normal, nas circunstâncias.

É preciso ficar patenteado que se falar a verdade, em país onde predomina o Estado Democrático de Direito, tendo como maior expressão como valor cívico, a liberdade de pensamento e manifestação somente merece o respeito das pessoas de bem, não cabendo, realmente, falar-se em cadeia, que condiz com os regimes totalitários, quando se fala a verdade, tendo por resposta a repressão.

Note-se, a propósito, que, nesse aspecto, o governo passado apenas procurou observar o sagrado direito da liberdade de expressão, em harmonia com o texto constitucional.  

De seu turno, não é verdade que eu quisesse “um salvador guerreiro. Um homem que enfrentasse a corrupção dando seu sangue”.

Eu nunca manifestei o desejo de absolutamente nada do último ex-presidente do Brasil, senão que ele apenas se conscientizasse de que precisava urgentemente assumir o cargo para o qual foi eleito, porquanto foram exatos quatro anos em que ele ficou o tempo todo fazendo o papel de candidato em campanha, sem se atinar que ele era o verdadeiro presidente do Brasil, que precisava sentar na cadeira presidencial e se tornar o estadista de verdade, cumprindo as funções próprias do cargo.

É preciso que as pessoas entendam que o último ex-presidente do país foi péssimo combatente contra a corrupção, à vista de o fato de que ele se elegeu empunhando a bandeira verde-amarela da anticorrupção, dizendo-se aliado e defensor da Operação Lava-Jato, tanto que nomeou o ex-juiz comandante dela para o cargo de superministro da Justiça, e inimigo número um do nefasto Centrão, que o denominou de velha política, prometendo afastamento desse desprestigiado grupo político que é símbolo do deplorável fisiologismo na administração pública.

Logo no início do governo, tempos depois, o então presidente do país descartou o ministro da Justiça, depois de tentar interferir na Polícia Federal, ao meio do envolvimento de filhos dele com o escândalo das “rachadinhas”, tendo iniciado o encerramento da Operação Lava-Jato, com a recondução no cargo do procurador-geral da República, que cuidou de sepultá-la.

Por incrível que pareça, o próximo passo do ex-presidente do país foi colocar o recriminável Centrão dentro do Palácio do Planalto e, de quebra, por incrível que possa parecer, deu-lhe a chave do Tesouro Nacional, com poderes para o controle, pasmem, logo do Orçamento da União, depois que se sentiu ameaçado de impeachment pelo Congresso Nacional, sob a fajuta e mentirosa alegação de que o governo não funciona sem apoio no Parlamento, só que, nesse caso, como visto, não importava os fins para se atingir os meios.

Para acentuar a aproximação do ex-presidente do país com a corrupção sistêmica, o Centrão criou o desgraçado e imoral orçamento secreto, com o beneplácito do então presidente do país, porque ele poderia tê-lo contestado na Justiça, uma vez que a despesa pública é da incumbência privativa constitucional do Executivo.

A verdade é que o nefasto orçamento secreto, de iniciativa do Centrão, tem por finalidade a compra da consciência dos inescrupulosos parlamentares, que se dignarem a apoiar os projetos do governo no Congresso.

Tanto no caso da cooptação do Centrão para se juntar ao governo como a criação do imoral e absurdo orçamento secreto, houve atos de desvios irregulares de recursos públicos dos orçamentos normais para o atendimento desnecessário de atos do governo para a satisfação pessoal do então presidente do país, ficando claro que foram duas situações excepcionalidades que não atenderam aos interesses públicos, o que vale dizer que os atos pertinentes caracterizaram corrupção com dinheiro dos contribuintes.

 Ou seja, o último ex-presidente do país foi tão corrupto com o dinheiro público quanto os demais governantes que se desviaram da conduta recomendada para a estrita observância dos princípios republicanos, a despeito de ele ter sido eleito prometendo ser implacável contra a corrupção no governo, que não é somente com relação à clássica corrupção do desvio de dinheiro dos cofres públicos, mas também, no caso dele, de fomento a atividades sem vínculos com o interesse público propriamente dito.     

Por último, entendo que perdemos a liberalidade sim por exclusiva falta de competência da gestão pública, quando a maior autoridade da República decidiu eleger a disputa travada entre ele e, em especial, o Judiciário nas redes sociais e nas ruas, praticando a verborragia dos gritos e das agressões inúteis e improdutivas, quando o estadista de verdade teria preferido disputar as demandas por meio de competentes recursos junto aos tribunais apropriados, mediante a articulação de argumentos contestatórios fundamentados em alegações jurídicas, sem necessidade alguma de se expor ao ridículo de querer mostrar autoridade e mais poder dentro da República.

O Brasil perdeu 4 anos, jogados no lixo, sob o comando da incompetência, da insensibilidade e da insensatez, cujo resultado foi a perda da disputa eleitoral para político em plena decadência moral, com passagem na cadeia, pela prática dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, o que bem demonstra a pouca ou nenhuma capacidade do último ex-presidente do país para o convencimento de que ele não é menos ruim do que um ex-condenado, pessoa sem qualificação alguma, em termos de moralidade pública.

A verdade, segundo a Justiça eleitoral, é que os brasileiros preferiram um político desqualificado, à vista da devassa da imoralidade no seu governo, ao invés do ex-presidente do país, a despeito das suspeitas de irregularidades nas últimas eleições, que ele também foi totalmente incapaz de contestar razoavelmente, na Justiça eleitoral.

Ele preferiu a opção mais simplista e cômoda de fugir do Brasil, desprezando os seus apoiadores, que ficaram longo período nas portas dos quartéis do Exército, implorando por socorro das Forças Armadas, por meio da intervenção militar, que não veio por parte dele, que teve medo de receber a voz de prisão, que é o mesmo que a confirmação de incompetência gerencial, por inação.

Enfim, nunca se viu fim de governo tão melancólico e atrapalhado, quando o mandatário houve por bem abandonar o cargo antes do término do mandato,     tendo procurado guarida nos Estados Unidos da América, em proteção contra ordem de prisão vinda de subordinados dele, no país ainda comandado por ele, como fazem as pessoas medrosas.

Essa é a verdade, nua e crua, que não tem nada a ver com quem quiser enxergar os fatos por outros prismas diferentes, porque também pode ter fundo de verdade segundo a sua análise sobre os fatos acontecidos no governo, no estrito âmbito do direito da liberdade de expressão, sob o pálio do princípio constitucional.

Brasília, em 19 de janeiro de 2023

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