quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

Por que só elogios?

 

Em vídeo, aparece um pastor tecendo os maiores elogios ao último ex-presidente do país, ao tempo que o agradece pelo extraordinário trabalho realizado por ele, sob o enaltecimento de somente excelentes qualidades e predicativos contabilizados no governo dele, evidentemente na tentativa de mostrar que ele teria sido o melhor presidente do Brasil, como construtor de grandes obras em todo território nacional, como se o que foi feito nem teria sido da obrigação de fazê-las como obrigação do cargo presidencial.

O religioso foi extremamente exagerado em somente evidenciar fatos que condiziam com os sentimentos de sintonia com a religiosidade do povo, como se o ex-presidente do país tivesse sido eleito como mensageiro do Evangelho de algum líder de ceita religiosa, tendo por finalidade apascentar seus seguidores em torno da causa dele.

Na verdade, talvez seja possível que um dos seus erros pode ter sido o ex-presidente ter se voltado para a adoração de um Deus, tendo se descurado da sua principal missão de se dedicar ao integral zelo das verdadeiras funções de estadista, que as têm muito bem definidas de somente se preocupar com as causas relacionadas com os fatos inerentes ao interesse da população, esquecendo que o Estado é laico, leigo, i.e., contrário à religiosidade, na forma inscrita na Constituição Federal.       

É muitíssima impressionante a interpretação que o pastor faz sobre o desempenho do último ex-presidente da República, em que ele é elevado ao patamar da idolatria suprema, como genial artífice da transformação de um povo com sentimento de brasilidade nunca visto na história do Brasil.

Essa mirabolante narrativa pode até ter fundo de verdade, mas não passa de interpretação apaixonada, fruto da arraigada ideologia que não se sustenta diante dos pressupostos de estadista de verdade, que apenas construiu seu histórico político com base exclusivamente no carisma populista, sem nenhuma obra de impacto, sem reformas expressivas, salvo a meia-sola na Previdência Social e mais nada capaz de diferenciá-lo dos demais políticos aproveitadores das benesses do poder.

Trata-se, à toda evidência de político decadente e sem projeto de absolutamente nada, que se elegeu defendendo, como estratégia de marketing político, a bandeira da moralidade, com o enaltecimento das qualidades da Operação Lava-Jato e, ao mesmo tempo, abominando ao máximo o recriminável Centrão, tudo em obediência ao figurino do herói que não se sustentou, por seus próprios nefastos atos.

No seu governo, o ex-presidente do país viu o sepultamento dessa competente operação, sem fazer absolutamente nada, nem sequer lamentar o fim trágico dela, que certamente teria sido visto muito mais como verdadeiro alívio, quando filhos dele eram investigados sobre envolvimento deles em questões de “rachadinhas”.

Pois bem, o ex-presidente do país teve o desplante de colocar a velha política dentro do governo, com inacreditáveis poderes inclusive para controlar, pasmem, o Orçamento da União.

Era assim que o ex-presidente do país chamada o Centrão, de velha política, por ter por índole o deplorável toma lá, dá cá, como forma da materialização do mais degradante fisiologismo praticado por grupo político que se tem conhecimento, na história republicana, quando ele o ajudou a ganhar a eleição presidencial, mas no sentido inverso, servindo de exemplo da maldade, na vida pública.

Quanto à amizade com o Centrão, isso caracteriza verdadeiro calote eleitoral, que foi confirmado com a filiação dele a partido que é o principal desse grupo criminoso, mas nada disso importava, porque ele estava interessado mesmo era nos substanciais recursos dos fundos e no horário eleitoral, tudo por conveniência pessoal.

Para reafirmar a índole de desonestidade política, no seu governo, foi criado o deplorável orçamento secreto, por iniciativa do seu aliado Centrão, cuja espúria finalidade é a compra da consciência dos inescrupulosos parlamentares para apoiarem os projetos do governo, no Congresso Nacional, tendo o beneplácito do ex-presidente do país para tudo de mais deprimente nisso, em termos de despesa pública.

Enfim, como explicar que líder tão poderoso tivera a indelicadeza e a desconsideração de permanecer calado, por dois meses, em obsequiosa reclusão no seu palácio, enquanto seus fiéis seguidores permaneciam mobilizados nas frentes dos quartéis do Exército, sob sol e chuva, em precárias condições, implorando por socorro das Forças Armadas, à espera de intervenção militar, que não veio e dependia exclusivamente dele?

Inexplicavelmente, o ex-presidente, em completo estado de mouco, não atendeu aos apelos desesperados de seus eleitores, não justificou o seu inadmissível desprezo a eles e ainda fugiu pelos fundos do Palácio do Planalto, para outro país, com medo de ser preso por subordinados dele, antes do término do mandato, como fazem as pessoas medrosas, fracas e sem compromisso com a grandeza do Brasil, quando permitiu que a nação fosse entregue, sem resistência, ao sistema de antipatriotas.

À toda evidência, o ex-presidente do país tinha o dever de fazer tudo em contrário do que fez, no mínimo, para tentar justificar as maravilhas constantes do proposital discurso engendrado pelo pastor, que não conseguiu enxergar nenhum pecado no seu impoluto líder.

O venerado líder ficou quatro anos no governo, fazendo campanha política, agredindo e sendo agredido, sem perceber que ele já era presidente do Brasil, para, ao final da última disputa eleitoral, ser derrotado, segundo a Justiça eleitoral, por político completamente desqualificado, um ex-condenado, incapaz de representar politicamente os brasileiros, em razão de não preencher os requisitos de imaculabilidade, na vida pública, conforme evidenciam os fatos, à luz do seu histórico com o envolvimento nos tribunal do país.

Sem a menor dúvida, os fatos mostram, por si sós, e dão a exata dimensão sobre os verdadeiros atributos do ex-presidente do país, como político que precisa refletir o suficiente para provar que tem condições de representar os brasileiros dignos e honrados, porque ele somente satisfaz, em termos políticos, às pessoas que ficaram cegas, por força da ideologia, demonstrando não terem coragem para avaliar as reais qualidades dele de medroso e incompetente, conforme mostra o seu currículo sobre as suas realizações, nada expressivas.

Convém que os brasileiros se conscientizem de que ser estadista é condição necessariamente inerente aos cuidados do interesse da sociedade, enquanto a tendência religiosa condiz com as atividades sentimentais de um povo, absolutamente estranhas às obrigações do Estado.

Brasília, em 25 de janeiro de 2023

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