Conforme texto que circula nas redes sociais, um dos filhos do ex-presidente da República teria afirmado que somente o comandante da Marinha foi solidário com a ideia defendida da intervenção militar, com base no artigo 142 da Constituição, tendo por objetivo pôr limites aos abusos do poder Judiciário, a despeito, em especial, das denúncias de fraudes na operacionalização nas últimas eleições presidenciais.
Ainda segundo o mesmo filho do presidente, como óbvio, os comandantes do
Exército e da Aeronáutica negaram apoio, de forma peremptória, àquela decretação,
mas não foram declinados os motivos da recusa.
Causa
enorme estranheza que notícia tão importante como essa não tenha sido dada pelo
principal envolvido, que era o então presidente do país, porquanto se tratava
de assunto extremamente ansiado pelos fiéis seguidores do mandatário, que alimentavam
a esperança de que ele se esforçaria ao máximo para concretizar a mencionada
medida, que poderia transformar o resultado proclamado das últimas eleições, inclusive
em benefício dele.
Como
justificar tamanha omissão, quando competia ao então presidente do país explicar,
em detalhes, a verdade sobre os fatos acontecidos no seu governo, especialmente
com relação àquele que poderia transformá-lo em herói nacional, por ter tido a
iniciativa de enfrentar a ditadura imposta pelo Judiciário, mas tudo não passou
de mera encenação teatral, que foi desastrosamente finalizada, à vista do resultado
malogrado?
A
verdade é que a versão agora trazida à lume, se realmente acontecida na forma
narrada acima, uma vez que ela é descrita por terceiro e não pelo próprio envolvido,
só confirma as reiteradas fraquezas de presidente da República que passa para a
história brasileira como modelo de incompetência sustentada por atos heroicos
ao contrário, tendo por álibi a materialização da vitimização, como nesse caso
de triste final.
Vejam-se
que o ato referente à decretação da intervenção militar só dependia do
presidente do país, evidentemente de mais ninguém, mas isso não foi possível,
segundo a versão de que dois subordinados dele o impediram de expedir a medida
pertinente, que era absolutamente imprescindível aos interesses nacionais, mas
faltou empenho à altura da sua importância, conforme mostra a realidade nua e
crua.
Isso
expõe forma extremada de incompetência de comando, porque bastava tão somente o
presidente do país ter providenciado a imediata substituição dos insurgentes, colocando
no lugar deles outros que estivessem alinhados com a moralização pretendida,
salvo se o mandatário tivesse elementos para esclarecer que todos os oficiais
generais não queriam a limpeza da esculhambação predominante no Brasil.
Ou
seja, a confirmação de que oficiais generais foram contra a intervenção militar,
reconhecidamente necessária, por ter amparo constitucional, à vista das
circunstâncias absolutamente favoráveis, que ainda contava com o apoio de
parcela significativa dos brasileiros, só patenteia a ideia de que o
ex-presidente se alimentava da vil estratégia de criação de fatos com
capacidade para transformá-lo em vítima, de modo que seus insucessos tivessem por
traz um poderoso álibi, para justificá-los, como nesse caso, quando dois
comandantes o teriam impedido de realizar o que poderia ter sido a mais
importante obra do seu governo: a intervenção militar.
Nem
precisa entender de estratégia político-administrativa para se compreender que os dois comandantes antibrasileiros
deveriam ter sido afastados imediatamente dos cargos, uma vez que eles eram imediatamente
subordinados do presidente do país, que precisaria apenas se articular com os
demais oficiais generais, com vistas à obtenção da aderência aos seus bons propósitos,
que estavam em total sintonia com a restauração da garantia da lei, em
conformidade com o disposto no citado artigo 142, que obrigaria o devido
cumprimento, pelas Forças Armadas, da ordem emanada com base nele.
An
passant, convém lembrar, a propósito,
que muitas decisões judiciais contra o Executivo, a exemplo daquela famosa referente
à nomeação do chefe da Polícia Federal, que foi imediatamente anulada por determinação
de “famoso” ministro do Supremo Tribunal Federal, deixaram de ser recorridas
pelo ex-presidente do país, justamente porque, caso a caso, elas eram constantemente
citadas como exemplo de indevida interferência no governo.
Isso,
por via de consequência, servia de modelo para mostrar que o ex-presidente sempre
foi tratado como vítima, que não podia governar o país porque havia indevidas
interferências, em especial por parte do Judiciário, quando, em todos os casos,
necessariamente, deveriam ter havido a devida interposição legal dos recursos
pertinentes
Não
obstante, como de propósito, nada disso aconteceu, exatamente para que o mandatário
brasileiro tivesse como justificar, de forma estratégica, o infinito prazer de
se passar por vítima do sistema, diante de seus fanáticos apoiadores, que
certamente o aplaudiam por essa lamentável situação.
Infelizmente,
se realmente essa tenha sido a verdadeira versão para o malogro de tão
relevante matéria, que poderia ter contribuído para mudar a história do Brasil,
especialmente quanto à possibilidade da moralização da administração pública, não
resta a menor dúvida de que a passagem pela Presidência da República deixa a
marca indelével da incompetência e da insensibilidade quanto ao zelo da coisa pública,
ante a precariedade de medidas materializadas no governo, em especial no caso
de visível permissividade da insubordinação à autoridade constituída, em cristalino
prejuízo dos interesses nacionais.
Enfim,
diante da versão dos fatos, frisem-se, à luz da verdade, fica a nítida impressão
de que a culpa pela fracassada intervenção militar não é senão daquele que
detinha competência constitucional para decretá-la, mas não a fez por notória
incompetência na condução das necessárias articulações.
Brasília,
em 5 de janeiro de 2023
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