Um ultraconservador religioso da Igreja Católico
acusou o papa de ser “servo de Satanás”, por ele ser favorável ao
acolhimento de casais homoafetivos.
Por meio de vídeo, o religioso, que foi núncio
apostólico nos Estados Unidos da América, que também é notório desafeto e
crítico do pontífice, discordou das recentes orientações feitas pelo Dicastério
para a Doutrina da Fé, tendo dito que “o demônio, quando quer nos persuadir
a pecar, enfatiza o suposto bem da ação malvada, colocando na sombra os
aspectos contrários aos mandamentos de Deus. Ele não diz: ‘Peque e
ofenda o senhor que morreu por você na cruz’. Ele sabe que uma pessoa normal
não quer o mal em si, mas comete o mal na aparência do bem”.
Depois dessa afirmação, o religioso cita a
existência de “falsos pastores e servos de Satanás, a começar do usurpador
que está sentado no trono de Pedro”.
O ataque do religioso, que também se notabilizou
por ter sido forte negacionista da pandemia de Covid-19, se posiciona contrário
à orientação do Vaticano, no sentido de autorizar a bênção a casais
homoafetivos, desde que essa prática não carregue aspectos ritualísticos nem
seja confundida com o sacramento do matrimônio.
Para justificar a sua mudança de compreensão para com
os casais homoafetivos, a Santa Sé esclarece que a igreja não pode fechar as
portas para aqueles que a procuram para “abrir a própria vida a Deus”.
Não obstante, segundo o religioso dissidente, essa orientação
se caracteriza como verdadeira “falsa solicitude pastoral para adúlteros e
sodomitas”.
Além de se rebelar contra a orientação em apreço, o
religioso acusou o santo papa de “tornar a Igreja Católica a concubina de
uma suposta nova ordem mundial”.
Na verdade, o religioso é declarado desafeto do
papa e, durante seu período nos Estados Unidos, ele se aproximou do clero
ultraconservador americano, que representa hoje a principal força de oposição ao
papa, dentro da Igreja Católica.
Em 2018, o religioso chegou a acusar o papa, no
início do pontificado dele, de ter se calado sobre denúncias de abusos sexuais
cometidos por um ex-cardeal norte-americano, que veio a ser expulso do clero
anos depois.
O religioso é apelidado, na Itália, de “exterminador
de papas”, ante a experiência dele com o trabalho de mais de 10 anos na
Cúria Romana, mas ele foi afastado da secretaria do Governatorado da Cidade do
Vaticano, em 2011, após disseminar desavenças no seio da Igreja Católica.
Enfim, o religioso se tornou notório por ter sido um
dos pivôs do escândalo “Vatileaks”, à vista do vazamento de importantes documentos
sigilosos, que contribuíram para a renúncia do papa anterior ao atual, segundo
notícia da ANSA.
Em resumo, a atitude do religioso dissidente do
papa marca a firme presença da ala conservadora da Igreja Católica, que não aceita
uma visão mais humanitária e progressista defendida pelo papa, que tem sido mais
favorável à modernização das doutrinas da instituição milenar, trazendo no seu
bojo pensamentos arraigados em doutrinação que precisa ser aperfeiçoada, para o
próprio bem dela.
É evidente que a tentativa de mudanças sempre
arrasta uma séria de conceitos que suscitam discordância, principalmente no âmbito
da instituição bastante afeita ao arraigado conservadorismo, como demonstrado
pelo religioso, que apela para a conceituação de práticas demoníacas as medidas
adotadas pelo Vaticano.
Não há a menor dúvida de que o religioso tem todo
direito de se manifestar e se rebelar, segundo o pensamento ideológico defendido
por ele sobre o posicionamento em todos os casos em que a Igreja Católica deva
orientar à sua maneira de desempenho da sua missão pastoral e eclesiástica.
Nesse caso, o papa precisa ponderar e avaliar o que
é o melhor para a instituição Igreja Católica, uma vez que o assunto homofóbico
se tratar de estrita delicadeza perante os padrões e os conceitos da instituição,
que precisa ser tratado também sob a avaliação da ala mais conservadora da igreja
comandada por ele, uma vez que não convém a prevalência de ideias antagônicas,
considerando que isso tem o condão de evidenciar nítida divisão extremamente prejudicial
aos destinos da Casa de Deus.
Brasília, em 11 de fevereiro de 2023
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