domingo, 25 de fevereiro de 2024

Precipitação

            Com o maior respeito para com quem pensa em contrário, mas essa reunião na Avenida Paulista não poderia se realizar nas circunstâncias atuais, evidentemente na forma tal qual como tudo se apresenta, em situação completamente adversa e completamente desfavorável ao último ex-presidente do país. 

            Refiro-me, em especial, ao fato de que esse político vem sendo intensamente investigado pela corte maior do país, sobre suspeita, entre outros assuntos, de ter liderado movimento irregular destinado a promover golpe de Estado e contestar o resultado das eleições presidenciais. 

            Quer queira ou não, nessas condições, fica a ideia de que essa mobilização seria em protestos contra aquela corte, posto que muitas pessoas vão se referir aos abusos de integrantes dela, se manifestando contra as decisões adotadas por eles. 

            É evidente que a corte não está imune às críticas sobre a sua atuação, porque isso se amolda ao Estado Democrático de Direito, em especial, no que se refere à liberdade de expressão, diante das reiteradas medidas rigorosas e extremamente adotadas contra o ex-presidente do país, na busca de elementos concretos para incriminá-lo e prendê-lo. 

            O certo é que, nesse caso, por compreensão que melhor se harmoniza com os princípios do bom senso e da racionalidade, qualquer pessoa poderia ter convocado a reunião prevista para a Avenida Paulista, com exceção do ex-presidente do país, justamente para se evitar o que se tornou inevitável de se imaginar, que é a vinculação do movimento em protesto contra a principal corte do país, que vai julgá-lo e esse fato certamente será lembrado como motivo agravante de incitação do povo contra aquela corte. 

            Isso é tanto verdade que o político, agora, se preocupa em a vir a público para pedir parcimônia, tolerância e civilidade na próxima mobilização, apelando para a desnecessidade de cartazes e faixas, justamente para se evitar o carregamento de críticas àquela corte, mas certamente que os apelos serão inúteis, à vista do senso crítico incontrolável do brasileiro. 

            Estranha-se que ninguém consiga pôr limites à voracidade desse político, que já deveria ter aprendido que não se pode tratar os fatos apenas pelo próprio instinto, sem qualquer necessidade de senso crítico de ponderação sobre as consequências das medidas adotadas, uma vez que o resultado delas pode ser desastroso, como vem acontecendo com ele, na vida pública, à vista da montanha de processos que ele é obrigado a responder na via judicial. 

            Apelam-se por que os brasileiros honrados se conscientizem sobre a importância de se apoiar somente políticos que se esforcem em ponderar seus atos, na vida pública, de modo eles estejam em harmonia com a satisfação do interesse público.

            Brasília, em 25 de fevereiro de 2024


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