Ao
contrário de medidas voltadas para o arrefecimento da crise gerada entre os
governos de Israel e do Brasil, a escalada do desentendimento só aumenta,
quando o país do Oriente Médio voltou a cobrar pedido de desculpas por parte do
presidente brasileiro, que comparou as ações no conflito em Gaza com o
Holocausto, que foi a pior forma de extermínio de judeus, na Segunda Guerra
Mundial.
O
ministro das Relações Exteriores israelense classificou a comparação feita pelo
mandatário tupiniquim de "promíscua e delirante", tendo reafirmado
que ele "continuará sendo persona non grata em Israel", até
que se desculpe.
O
ministro israelense disse que o "Presidente do Brasil @LulaOficial, milhões
de judeus em todo o mundo estão à espera do seu pedido de desculpas. Como ousa
comparar Israel a Hitler? É necessário lembrar ao senhor o que Hitler fez?
Levou milhões de pessoas para guetos, roubou suas propriedades, as usou como
trabalhadores forçados e depois, com brutalidade sem fim, começou a
assassiná-las sistematicamente. Primeiro com tiros, depois com gás. Uma
indústria de extermínio de judeus, de forma ordeira e cruel".
O
ministro defendeu a ação em Gaza, tendo afirmado que "Israel
embarcou numa guerra defensiva contra os novos nazistas que assassinaram
qualquer judeu que viam pela frente. Não importava para eles se eram idosos,
bebês, deficientes. Eles assassinaram uma garota em uma cadeira de rodas. Eles
sequestraram bebês. Se não tivéssemos um exército, eles teriam assassinado mais
dezenas de milhares".
O
ministro conclui o discurso, dizendo: “Que vergonha. Sua comparação é
promíscua, delirante. Vergonha para o Brasil e um cuspe no rosto dos judeus
brasileiros. Ainda não é tarde para aprender História e pedir desculpas. Até
então - continuará sendo persona non grata em Israel!"
O
ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social do governo brasileiro
respondeu às aludidas declarações, tendo dito que o chanceler de Israel “espalha
informação falsa sobre declarações de Lula.”, uma vez que o presidente
brasileiro “não fez críticas ao povo judeu, tampouco negou o Holocausto".
Segundo
uma colunista, o presidente brasileiro não pedirá desculpas e voltará a reprovar,
publicamente, a ação de Israel, na Faixa de Gaza.
Há
informações oficiais de que mais de 24 mil pessoas já morreram no conflito
entre Israel e Hamas, iniciado em outubro de 2023, após o grupo terrorista ter
invadido o território israelense e praticado uma série de barbaridades.
Ressalte-se
a expressão “persona non grata” significa que alguém não é bem-vindo e serve
para traduzir, em termos jurídicos, nas relações internacionais, que o
representante oficial estrangeiro não é mais bem-vindo onde ela foi declarada,
cujo texto consta do artigo 9º da Convenção de Viena, que versa sobre as relações
diplomáticas.
O
presidente brasileiro classificou como "genocídio" e "chacina"
a resposta de Israel, na Faixa de Gaza, aos ataques terroristas promovidos pelo
Hamas no início de outubro de 2023, tendo declarado o seguinte: "O que
está acontecendo na Faixa de Gaza e com o povo palestino não existe em nenhum
outro momento histórico. Aliás, existiu: quando o Hitler resolveu matar os
judeus".
O
premiê israelense declarou que a afirmação banaliza o Holocausto – genocídio
promovido na Segunda Guerra Mundial contra cerca de seis milhões de judeus,
tendo afirmado: "Comparar Israel ao Holocausto nazista e a Hitler é
ultrapassar uma linha vermelha. Israel luta por sua defesa e garantia do seu
futuro até a vitória completa".
Diante das celeumas
criadas com as declarações do presidente brasileiro sobre o desempenho de Israel,
na guerra de Gaza, o chanceler brasileiro saiu em defesa do seu chefe, em condenação
às afirmações do governo Israelense, tendo declarado que "Uma chancelaria dirigir-se dessa
forma a um chefe de Estado, de um país amigo, o presidente Lula, é algo
insólito e revoltante. Uma chancelaria recorrer sistematicamente à distorção de
declarações e a mentiras é ofensivo e grave. É uma vergonhosa página da
história da diplomacia de Israel, com recurso à linguagem chula e irresponsável.
Em mais de 50 anos de carreira, nunca vi algo assim. Katz distorce posições do
Brasil para tentar tirar proveito em política doméstica".
Essa declaração do chanceler
brasileiro reflete a exata incoerência do governo brasileiro, que se acha no
direito de agredir a integridade da dignidade de Israel de se defender de agressões
e abusos pelo grupo terrorista Hamas, mas estranha e refuta o direito sagrado
de resposta sobre o atrevimento do presidente brasileiro, como se ele estivesse
acima do bem e do mal, tendo o direito de esculhambar a autonomia e a independência
de país amigo.
Antes de
achar vergonhosa a diplomacia israelense, o chanceler brasileira precisava
criticar o presidente brasileiro, porque foi ele que primeiro fez declaração indevida
e inaceitável sobre o desempenho de país amigo, quando ele, em respeito à
salutar diplomacia internacional, tem o dever de silenciar sobre as decisões adotadas
por outras nações, em consonância com os princípios de civilidade que se impõem
entre os países desenvolvidos e antenados com a necessidade de tolerância e
reconhecimento sobre a reciprocidade de não interferência entre os negócios das
nações.
Nem precisa
ser especialista em diplomacia internacional para se compreender a estrondosa
rudeza quanto à insensibilidade do presidente brasileiro, que até pode criticar
as ações brutais que são próprias de guerras contra o grupo defendido por ele,
que também já é clara demonstração de incivilidade, mas nos termos compatíveis
com a dignidade de estadista, que tem o direito de se manifestar em repúdio à tragédia
humanitária que significa qualquer guerra, sem necessidade da pior e mais
terrível comparação a algo inigualável na face da Terra, como o Holocausto.
À toda
evidência, o presidente brasileiro pode até se achar que tem o direito de dizer
o bem quiser, inclusive de se manifestar sobre situação que não lhe diz
respeito, como essa interferência indevida e insensata no desempenho de Israel,
quanto à guerra de Gaza, mas ele precisa prestar contas aos brasileiros
honrados, que discordam visceralmente do seu comportamento em desprezo à
salutar diplomacia exigida no cargo presidencial, quanto à necessidade de respeito
à autonomia das nações amigas.
Urge que
os verdadeiros brasileiros repudiem, com veemência, o desastroso desempenho do
presidente brasileiro, especialmente quanto à imperiosa necessidade da fiel observância
das regras insculpidas na liturgia inerente à dignidade que se impõe no desempenho
do relevante cargo por ele ocupado, que exige pleno respeito aos princípios de
civilidade e de acatamento às regras da diplomacia internacional, no sentido de
não interferência nos assuntos e negócios das nações amigas.
Brasília,
em 21 de fevereiro de 2024
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