quinta-feira, 14 de julho de 2011

Futebol patriótico

“É doce e belo morrer pela pátria”. Assim exortava Herodes aos jovens romanos a imitar as virtudes de sues avós e, especialmente, sua coragem no campo de batalha. Essa lição de heroísmo não passa nem de longe  no pensamento dos jovens atletas da seleção verde-amarela, que por certo estão na Copa América com as cabeças voltadas para o continente europeu, onde o seu promissor futuro os espera de braços abertos, com montanhas de euros e a certeza de salários milionários, sem precisar mostrar esforço algum ou provar mais nada para ninguém por lá. Alguém até poderia querer morrer pela pátria se o escrete Canarinho fosse composto por jogadores caseiros, todos defendendo times no Brasil, tendo a obrigação de mostrar raça, disposição para vencer a todo custo a poderosa retranca dos adversários, que normalmente não têm coragem de encarar a seleção brasileira de igual para igual, porque tradicionalmente a nossa molecada sabe tratar a “gorducha” com mais carinho e por isso é sempre muito bem correspondido por ela. Na história moderna, principalmente protagonizada por essa seleção, a doçura e a beleza têm sido inversamente cruéis, pela tentativa de matar os torcedores de raiva e de estresse, com suas trapalhadas nunca vistas em campo de futebol, falta extrema de conjunto, inexistência de definição de tática e técnica, festival de passes errados e inadmissível e egoística degustação de “frangos” em plena partida, tudo contribuindo para fortalecer e generalizar a decepção de todos, que tinham a esperança no cumprimento da promessa de renovação do escrete verde-amarelo, mas nada passou ainda de mera expectativa, infelizmente. Urge, porque ainda há bastante tempo, que os jogadores da seleção sejam imbuídos do espírito guerreiro, no sentido de que pode ser fascinante, deslumbrante, doce e belo morrer de chuteiras pela pátria, mas para tanto eles devem apresentar futebol de qualidade superior, de modo a honrar a marca registrada da gloriosa seleção brasileira.
  
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 14 de julho de 2011

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