quarta-feira, 27 de julho de 2011

Traição à sociedade

Segundo reportagem publicada na Folha de S. Paulo, nesta data, o ex-ministro dos Transportes, que se prepara para retornar ao Senado, disse que se sente traído pelo governo, afirmando ter sido jogado em um "climbo polítio" ameaçador à sua candidatura ao governo do Amazonas. A sua saída do governo decorreu da enxurrada de denúncias de corrupção reveladas pela revista “Veja”, envolvendo aquela pasta, a Valec e o Departamento Nacional de Infraestrutura em Transportes – DNIT, principalmente tendo por base suposto superfaturamento de obras, esquema de pagamento de propinas em obras federais e contratações de empresas de familiares e amigos. Não há a menor dúvida de que a exoneração do todo poderoso Don Corleone dos Transportes e de consequência dos seus asseclas foi um golpe terrível e mortal à bem organizada quadrilha que vinha agindo com competência e bastante articulação em diversos setores dos transportes, ocupando espaço desde o governo anterior, com a finalidade de saquear os cofres públicos, como uma espécie de propinoduto preparado para que o dinheiro fosse desviado com muita eficiência. Diante de tantas evidências já levantadas pelos órgãos de controle, as irregularidades são graves e reforçam a convicção do governo de que a limpeza nos transportes era mais do que necessária e põe por terra qualquer tentativa de alguém querer considerar injustos os procedimentos adotados, diga-se, com bastante atraso, à vista dos danos já causados ao erário. A verdade é que o Estado do Amazonas deve agradecer o bem que essa faxina vai lhe favorecer, por evitar que a chaga maligna dos transportes se apodere da chave do seu Tesouro. Por enquanto, quem tem o direito de se considerar traída é a sociedade, que pagou muito caro por boas estradas e ferrovias e, em contraprestação, ainda não teve a satisfação de recebê-las nas perfeitas condições das encomendas.

ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 27 de julho de 2011
   

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