segunda-feira, 11 de julho de 2011

Outro lado social

O empresário e dono do grupo MPX negocia junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES duas operações de injeção de dinheiro em suas empresas que, somadas, atingem o montante de R$ 3,2 bilhões, conforme reportagem publicada na Folha de S. Paulo. Do referido total, a quantia de R$ 600 milhões sairá do BNDESPar, subsidiária de participação do banco, cuja operação tem os mesmos moldes pensados para a fusão do Pão de Açúcar com o Carrefour. A BNDESPar irá subscrever debêntures conversíveis em ações emitidas pela MPX. Como o banco já é sócio da empresa, a sua fatia no grupo aumentará de forma significativa. É do conhecimento de todos que o mencionado empresário é o homem mais rico deste país e tem valiosos negócios também com a petrobras e outras empresas estatais. No entanto, o que causa estranheza é o fato de ele ser um bilionário mundialmente conhecido, com possibilidade de ser distinguido com financiamento e investimento pomposos com recursos públicos, certamente com custos financeiros bem inferiores aos praticados na rede bancária privada, onde também seriam exigidas das suas empresas maiores garantias próprias do mundo negocial. Em princípio, para a sociedade de um modo geral, essa forma de operação não estaria compatível com a finalidade estatutária do BNDES, por ser uma instituição governamental destinada precipuamente ao fomento do desenvolvimento social do país, em contraposição ao que já acontece com as empresas em referência, pertencentes ao megaempresário mais rico deste pobre e ignorante país, cujo governo pode beneficiar grupo de empresas de pessoa que possivelmente nem sabe o que possui de tanta riqueza, quando os pequenos empresários mal conseguem sobreviver e se quiserem empréstimo têm que recorrer aos bancos privados e se sujeitarem aos juros altíssimos fixados, de forma crescente mês a mês, pelo governo. Na prática, o que esse governo pratica hoje é exatamente o que condenava no passado, quando alertava que o governo de então favorecia os tubarões e menosprezava as piabinhas. Não há a menor dúvida de que esse caso e muitos outros congêneres, de nebulosidade cheia de esquisitice, merecem e exigem a fiscalização dos órgãos de controle interno e externo, com vistas à verificação da sua legitimidade.


ANTONIO ADALMIR FERNANDES


Brasília, em 11 julho de 2011

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