sexta-feira, 29 de julho de 2011

Deficiência governamental

A última conversa da presidente da República com jornalistas da mídia impressa revelou boas e más notícias para o país, sobressaindo a opção pela manutenção do crescimento da economia num patamar relevante para o padrão histórico recente do Brasil, mas à custa de uma inflação também alta, que traz riscos consideráveis para a nação. Ela disse que "Não queremos inflação sob controle com crescimento zero". "Estamos fazendo o chamado pouso suave, com uma taxa de crescimento e de emprego adequada". Embora a presidente esteja apostando numa política desenvolvimentista com mais clareza do que o seu antecessor, que é uma boa notícia para o país, o controle mais rígido da inflação certamente não ajudaria a derrubar a economia para zero, mas poderia contribuir para interromper um ciclo de crescimento que tem sido eficiente para gerar empregos e melhorar a vida dos brasileiros. Não deixa de ser ruim manter essa política de juros altos, de inflação descontrolada e de queda do crescimento, em razão, em especial, da significativa diminuição dos investimentos públicos, uma vez que o superávit primário é apenas suficiente para pagar os juros da crescente dívida do governo. Nessa conversa, nada foi falado sobre os gastos com a máquina pública, que há anos têm sido verdadeiros sorvedouros de recursos públicos, mas que poderiam ser estancados com medidas sensatas e inteligentes de racionalização administrativa, que se impõem com urgência, mediante o enxugamento de ministérios e órgãos absolutamente ineficientes e dispensáveis, por servirem para o abrigo de verdadeiros cabides de empregos de apadrinhados políticos, sindicalistas, partidários e outros tantos incompetentes, cuja magistral medida teria expressiva importância na diminuição das despesas públicas, com economia benéfica para combater a inflação. Essas medidas sábias e necessárias certamente jamais serão tomadas por esse governo de visão tacanha, que, como consequência, iriam contrariar os interesses da sua maligna base de sustentação no Congresso, que tem sido muito mais importante do que qualquer medida que venha beneficiar os interesses nacionais. Diante desse quadro de incompetência gerencial, em que a real preocupação é agradar os fieis amigos do governo, uma das principais estratégicas para enfrentar a inflação não pode ser implementada e a nação continua prejudicada, nesse particular, ficando em segundo plano. Urge que a sociedade tenha mais clarividência da verdadeira situação do país e possa se manifestar sobre os destinos da administração pública brasileira, principalmente quanto à real necessidade do tamanho e funcionamento da máquina pública.


ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 28 de julho de 2011

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