quinta-feira, 14 de julho de 2011

A "firmeza" das decisões

Inicialmente, o governo federal falou grosso e disse em alto e bom som que não concordaria com a prorrogação dos restos a pagar referentes às emendas dos parlamentares de 2009, principalmente pela necessidade de mostrar ao mercado financeiro que o Executivo jamais cederia ou abriria mão do rigoroso controle dos gastos públicos. Pois bem, isso era tudo que os seus aliados gostariam de ouvir e começaram a costumeira rebelião da base de sustentação no Congresso Nacional, por sentirem que essa medida atingiria em cheio os deputados que se consideram mais fieis, em termos de contenção de gastos. O recado dos parlamentares foi claro e veio com o peso de quem não estava nem aí para a aprovação de coisa alguma no Legislativo. Não restou alternativa para o governo senão a liberação das aludidas emendas, pelo prazo de noventa dias. O recuo presidencial, no caso em apreço, não significa qualquer novidade, porque noutras situações igualmente importantes, as pretensões também foram por terra, prevalecendo, ao final, a vontade dos aliados que lhe dão sustentação. Na verdade, o governo tem sido presa fácil para a sua base, sendo obrigado a mudar de ideia “voluntariamente”, ao sabor do trator das ameaças de rebelião apontadas em direção ao Planalto. Esses fatos evidenciam que o Executivo é e será sempre refém de carteirinha dos partidos que formam a sua base de sustentação, que também têm a primazia de ocupar significativa parcela dos principais cargos da Esplanada dos Ministérios, com pessoas bastante desqualificadas e incompetentes, conforme demonstram os fatos recentes, em afronta à eficiência que se exige da administração pública. Esses acontecimentos vêm mostrando a marca registrada da fragilidade do governo federal, de decidir e voltar atrás, como prova da falta de poder suficiente para impor a sua soberania gerencial, com claros reflexos prejudiciais, em muitos casos, para o interesse público.   
  
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 14 de julho de 2011

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