domingo, 17 de julho de 2011

Inominável insensatez

O Congresso Nacional acaba de aprovar uma operação de crédito, autorizando o Tesouro Nacional a injetar mais R$ 55 bilhões no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES, que já negocia com uma carteira destinada a financiamentos, na cifra expressiva de R$ 150 bilhões, sendo que, deste montante, R$ 60 bilhões foram emprestados para cinco grandes empreiteiras, pasmem, com obras no exterior, em países cujos mandatários mantêm relações de grande amizade com o Partido dos Trabalhadores e que normalmente não têm qualquer afinidade com a democracia. Esses financiamentos, por serem aplicados no exterior, ficam imunes à fiscalização e ao acompanhamento dos órgãos de controle interno e externo, ou seja, é uma verdadeira farra com recursos públicos, em proveito de governos ditatoriais. Não obstante, em boa hora, o governo conseguiu pular do barco em andamento, quando o negócio da fusão do Grupo Pão de Açúcar com o Carrefour já estava quase sendo implementado com recursos públicos, o que teria sido outro mau investimento para o país, com apoio financeiro do BNDES, visto que o controle acionário da nova empresa passaria, de direito, para o grupo francês. Num caso ou noutro, há demonstração de que a economia brasileira, na direção desse banco, encontra-se pessimamente gerenciada, porque em benefício de interesses externos, principalmente pelo incentivo à geração de empregos e à produtividade em outros países, com a participação de recursos dos contribuintes brasileiros, que são obrigados a irrigar os cofres públicos para tamanha insanidade administrativo-financeira, sem qualquer garantia de retorno ao Brasil dos valores pertinentes. Entre tantos atos absurdos protagonizados por esse governo, o caso aludido aqui demonstra, de forma contundente, retumbante incompetência da gestão da coisa pública, ao deixar de priorizar e privilegiar os empreendimentos exclusivamente nacionais, para serem executados com os financiamentos desviados indevidamente para o exterior, dada a falta de qualquer justificativa plausível, ante a enormidade das carências genuinamente brasileiras, principalmente no que tange às obras e aos projetos inerentes ao assistencialismo social, constitucionalmente atribuídos ao Estado. Há de se notar ainda o fato de que os investimentos aqui no país têm a vantagem do usufruto dos benefícios resultantes para os brasileiros, além de propiciarem mais empregos, produtividades e arrecadação de impostos. A infeliz magnanimidade com dinheiro do povo brasileiro não é nenhuma novidade do atual governo. Ela remonta do igualmente incompetente governo anterior, que tinha como predileção retribuir seus aduladores com benesses, sem levar em conta os interesses nacionais. Na verdade, essas gritantes incoerências devem ser creditadas, em boa parte à despreparada e pouco atuante oposição, que nada tem feito no sentido de evitar que o próprio Congresso Nacional dê aval ao cometimento de atos indignos e contrários à nacionalidade brasileira. Como se trata de claro desvio de finalidade com aplicação de recursos públicos, compete ao Ministério Público adotar, no caso em apreço, as medidas constitucionais e legais da sua alçada.

ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 17 de julho de 2011

Nenhum comentário:

Postar um comentário