Segundo reportagem
publicada na revista “Veja”, o operador do mensalão disse a parentes, amigos e
pessoas próximas a ele que o ex-presidente da República petista era o
"chefe e fiador" do esquema e também tinha conhecimento das suas operações.
O texto diz ainda que "O medo ainda
constrange Marcos Valério a limitar suas revelações a pessoas próximas. Até
quando?" e que o ex-presidente "teria se empenhado diretamente na coleta de dinheiro" para o
esquema e tinha o ex-ministro da Casa Civil, réu no processo no Supremo, como
seu "braço direito". Essa
nova versão para o escândalo desmonta as declarações do próprio operador, que
sempre negou a participação do ex-presidente no caso, que também não figura
como réu no processo. O advogado do operador disse que seu cliente não confirma
nada do que está na reportagem e que a revista ouviu "parentes, amigos e associados" para elaborar a matéria em
causa. A situação do operador do mensalão parece se agravar diante da
informação de que ele teme por sua vida, em razão de, em proteção aos “figurões
do partido”, ter assumido a responsabilidade por crimes que não cometeu
sozinho. Por causa disso, ele teria recebido garantias em troca do silêncio.
Conforme a reportagem, ele afirmou para amigos que corre risco de morte caso
conte tudo que sabe. Ele disse: “Vão me
matar. Tenho de agradecer por estar vivo”. Ante que seja tarde, conviria
que ele tivesse a dignidade de revelar o que realmente sabe, para o bem da sua
consciência e como forma de ser útil ao país, aproveitando que os fatos estão
sendo esmiuçados e tornados translúcidos ao conhecimento dos brasileiros. A
verdade é que, no andar da carruagem, quando a corda começa a apertar na
posição vital nos pescoços dos réus, já tendo havido a condenação do operador pelos
crimes de lavagem de dinheiro, corrupção ativa e peculato, que agora já é punição
real e imutável para ele, diante da robusteza das provas periciais,
testemunhais e materiais constantes dos autos, o operador do esquema, por
questão de honra, deve se redimir perante a sociedade, indicando os verdadeiros
delinquentes que precisam pagar pelos seus pecados, não importando os
altíssimos cargos que ocupavam, porque os cidadãos são iguais perante a lei, sob
pena de a justiça não alcançar a integralidade dos culpados e de deixar de punir
talvez o principal interessado e beneficiado pelo esquema do mensalão, não sendo
possível promover o salutar exemplo pedagógico aos maus políticos e
administradores públicos, como forma de moralização da gestão dos recursos públicos.
No caso do mensalão, em especial, a purificação do Brasil depende da revelação
da verdade sobre os fatos pertinentes aos seus mentores, financiadores,
operadores, beneficiados e demais culpados pela operabilidade desse famigerado esquema
de corrupção, como forma de confirmar o envolvimento daquele que, apesar dos
pesares, ainda foi endeusado pela maioria dos brasileiros, mesmo que essa atribuição
de divindade possa ter sido fruto de fraudes, falsidades, mentiras, crimes,
delinquências e maldades capazes de enganar a ingenuidade das pessoas incautas
e despreparadas, que são facilmente seduzidas pela distribuição, à custa de
recursos públicos, de bolsas e outras “bondades”. Somente a verdade tem o
condão de resgatar a podridão dos políticos inescrupulosos, que são capazes de
desviar recursos públicos dos programas oficiais, como saúde, educação,
segurança pública, saneamento básico etc., para aplicação em projetos pessoais
visando à conquista do poder e à manutenção nele, em claro menosprezo às causas
da sociedade. Os brasileiros aspiram por que o julgamento do mensalão, além
punir os envolvidos no caso, inspire os homens honrados e probos a se
interessarem pela vida pública, como forma de contrapor à corrupção, à
hipocrisia, à imoralidade, à desonestidade, à incompetência, ao despudor...
Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 16 de setembro de 2012
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