Por iniciativa do
próprio ex-presidente petista, os partidos que formam a coalizão de governo se
aliaram para defendê-lo das declarações atribuídas ao empresário operador do
mensalão à revista Veja,
segundo as quais o “todo-poderoso” estaria no centro da crise, como sendo o "chefe
do mensalão". Como é apontado pivô do esquema do mensalão, seria do seu dever
se dignar esclarecer os fatos e mostrar com provas irrefutáveis a sua isenção na
participação dos fatos dolosos à nação, mas, de forma vacilante, como é próprio
da sua índole, ele preferiu convocar seus aliados para se unirem em nota de
repúdio às "calúnias e mentiras" assacadas contra ele. No seu
entendimento, a medida se fez necessária, por considerar que a estratégia de
atingi-lo termina prejudicando, nas eleições, o PT e os demais partidos
governistas. A proposta foi aceita de imediato, por entenderem que há
necessidade de "defender o projeto,
que é de todos nós". O texto tem expressões fortes, fala em "práticas golpistas" e ataca o que
chama de "forças conservadoras",
que estariam dispostas a "qualquer
aventura". O presidente do PT decidiu convocar a sua militância para
uma "batalha do tamanho do Brasil"
em defesa do partido, do ex-presidente e do seu legado. A nota parece destoar
da racionalidade e do bom-senso, tanto que integrantes do PMDB e do PDT
reclamaram da decisão dos seus presidentes, ávido em defender o “todo poderoso”,
por terem assinado a nota, idealizada pelo PT, na qual seis partidos da base
aliada defendem o ex-presidente e acusam a oposição de tentativa de golpe (sic),
tão somente por ela ter ameaçado pedir apuração sobre a suposta relação do
ex-presidente com o mensalão. A nota demonstra evidente falta de sintonia com a
realidade dos fatos, quando fala em golpe contra ex-presidente, como se ele
ainda estivesse no poder, além de negar o legítimo direito da oposição se
manifestar contra possíveis fatos irregulares praticados por pessoa pública,
que vive se imiscuindo na vida de todos os brasileiros, ao opinar e instruir a
presidente da República no que ela deve fazer com relação ao gerenciamento do
país. Na verdade, não é somente a oposição que pretende saber se o
ex-presidente era ou não chefe do mensalão, mas a sociedade em geral, que não
concorda que a quadrilha, funcionando no coração do poder, dentro do palácio
presidencial, e que o seu principal ocupante não sabia o que estava se passando
nas suas barbas. Se o presidente de então não sabia realmente de nada, quem na verdade
administrava a nação? Também impressiona o tamanho da coragem dos partidos
aliados em partir cegamente em defesa de quem não tem sequer coragem nem a
dignidade de se defender perante a nação, que é da sua primacial obrigação. Não
deixa de ser bastante curioso o fato de os seus defensores também sequer
conhecerem os meandros do escabroso affaire,
nem um pouco do que deve saber o operador do mensalão, que poderá a qualquer
momento revelar tudo que sabe sobre as tramoias palacianas. A sociedade anseia
por que a verdade sobre o mensalão seja plenamente revelada, em especial por
envolver irregularidades com recursos dos cidadãos e a participação de altas
autoridades públicas, porquanto é inadmissível que alguém tenha a indignidade
de se apoiar em arranjada notinha ridícula para servir de escudo e de defesa
sobre acusações seríssimas e comprometedoras acerca da sua reputação. Acorda,
Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 25 de setembro de 2012
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