sábado, 29 de setembro de 2012

Desrespeito explícito

A revista Placar, edição de outubro, publica reportagem com o principal jogador em atividade no Brasil, em cuja capa se estampa montagem com a imagem de Jesus Cristo crucificado tendo o rosto do atacante do Santos e da seleção brasileira. A finalidade primordial da edição da revista é ressaltar que o atleta vem sendo "crucificado", em face das acusações da utilização do recurso de simular faltas para tentar induzir a arbitragem ao erro durante as partidas. Não gostando nem um pouco da matéria, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB expediu nota manifestando indignação contra a malsucedida e irracional comparação e reafirmando o reconhecimento à liberdade de expressão como princípio democrático, mas questiona a falta de limites no exercício profissional no caso e diz mais que "A ridicularização da fé e o desdém pelo sentimento religioso do povo por meio do uso desrespeitoso da imagem da pessoa de Jesus Cristo sugerem a manipulação e instrumentalização de um recurso editorial com mera finalidade comercial". Não há a menor dúvida de que a reportagem ultrapassou os limites do bom sendo e da razoabilidade, ao violar o mais sagrado princípio de religiosidade universal, com a inexplicável imitação da crucificação de alguém por motivo banal e distante da mínima necessidade do uso da expressão forte e inimitável de Jesus. A matéria, além de ofensiva ao credo religioso, deixa muito evidente o apelo ao decadente marketing esportivo, como estratégia carente de alternativa de criatividade. Não há como negar a cristalina demonstração de extremo desrespeito ao símbolo maior do cristianismo, caracterizado pela encenação do atleta como tremenda falta de imaginação editorial. O destacado prestígio do jogador não precisa de artifício chamativo e provocativo para aparecer como objeto mercadológico, posto que ele já é disparado o maior atleta em atividade na propaganda do Brasil. Ele por si só já construiu patrimônio pessoal de indiscutível credibilidade e não precisava deixar ser exposto de forma tão apelativa, com sua comparação nada mais nada menos a figura eternizada de Jesus Cristo. A liberdade de imprensa e de expressão gráfica tem sua importância também no sentido de possibilitar a criação de produção artística com inteligência, sem necessidade de causar celeuma sobre a finalidade da matéria jornalística. Desta vez, o jogador foi longe de mais em reportagem esportiva sobre a sua pessoa e seu trabalho, tendo conseguido extrapolar a compreensão dos seus admiradores. Não seria nenhuma leviandade se afirmar que, desta vez, o famoso atleta conseguiu fazer um golaço de placar contra a sua tão bela imagem, ao ofender descaradamente o símbolo maior e mais sagrado dos cristãos, que não mereciam e não compreendem como foi utilizado de forma indevida um recurso intocável e inimitável. A sociedade tem a obrigação de repudiar a reportagem de capa da revista Placar de outubro e aplicar o cartão vermelho aos despreparados profissionais que tiveram a infelicidade da ideia. Acorda, Brasil!  
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 28 de setembro de 2012

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