A revista Placar, edição de outubro, publica
reportagem com o principal jogador em atividade no Brasil, em cuja capa se estampa
montagem com a imagem de Jesus Cristo crucificado tendo o rosto do atacante do
Santos e da seleção brasileira. A finalidade primordial da edição da revista é
ressaltar que o atleta vem sendo "crucificado", em face das acusações
da utilização do recurso de simular faltas para tentar induzir a arbitragem ao
erro durante as partidas. Não gostando nem um pouco da matéria, a Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB expediu nota manifestando indignação
contra a malsucedida e irracional comparação e reafirmando o reconhecimento à
liberdade de expressão como princípio democrático, mas questiona a falta de
limites no exercício profissional no caso e diz mais que "A ridicularização da fé e o desdém pelo
sentimento religioso do povo por meio do uso desrespeitoso da imagem da pessoa
de Jesus Cristo sugerem a manipulação e instrumentalização de um recurso
editorial com mera finalidade comercial". Não há a menor dúvida de que
a reportagem ultrapassou os limites do bom sendo e da razoabilidade, ao violar
o mais sagrado princípio de religiosidade universal, com a inexplicável
imitação da crucificação de alguém por motivo banal e distante da mínima
necessidade do uso da expressão forte e inimitável de Jesus. A matéria, além de
ofensiva ao credo religioso, deixa muito evidente o apelo ao decadente
marketing esportivo, como estratégia carente de alternativa de criatividade. Não há como negar a cristalina demonstração de
extremo desrespeito ao símbolo maior do cristianismo, caracterizado pela
encenação do atleta como tremenda falta de imaginação editorial. O destacado prestígio
do jogador não precisa de artifício chamativo e provocativo para aparecer como
objeto mercadológico, posto que ele já é disparado o maior atleta em atividade na
propaganda do Brasil. Ele por si só já construiu patrimônio pessoal de indiscutível
credibilidade e não precisava deixar ser exposto de forma tão apelativa, com
sua comparação nada mais nada menos a figura eternizada de Jesus Cristo. A
liberdade de imprensa e de expressão gráfica tem sua importância também no
sentido de possibilitar a criação de produção artística com inteligência, sem
necessidade de causar celeuma sobre a finalidade da matéria jornalística. Desta
vez, o jogador foi longe de mais em reportagem esportiva sobre a sua pessoa e
seu trabalho, tendo conseguido extrapolar a compreensão dos seus admiradores.
Não seria nenhuma leviandade se afirmar que, desta vez, o famoso atleta
conseguiu fazer um golaço de placar contra a sua tão bela imagem, ao ofender
descaradamente o símbolo maior e mais sagrado dos cristãos, que não mereciam e
não compreendem como foi utilizado de forma indevida um recurso intocável e
inimitável. A sociedade tem a obrigação de repudiar a reportagem de capa da
revista Placar de outubro e aplicar o
cartão vermelho aos despreparados profissionais que tiveram a infelicidade da
ideia. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 28 de setembro de 2012
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