domingo, 9 de setembro de 2012

Verdade histórica ou ...?*

Ao dar posse aos integrantes da Comissão Nacional da Verdade, grupo de trabalho que apura violações de direitos humanos durante o período de 1946 e 1988, a presidente da República negou que o colegiado busque “revanchismo” ou a possibilidade de “reescrever a história” e se emocionou ao relembrar os sacrifícios humanos irreparáveis” daqueles que lutaram pela redemocratização do país. É curioso como a petista intitula de redemocratização a contrarrevolução que, pasmem, não passaria da implantação do regime comunista no Brasil, seguindo à risca o famigerado e sanguinolento modelo implementado “com sucesso” em Cuba, exemplo de violência, truculência e sobretudo de arraigado subdesenvolvimento social e econômico. A retórica equivale à autêntica contradição quanto à verdade dos acontecimentos, quando de redemocratização não tinha nada, porquanto o real objetivo dos terroristas, reconhecidamente por alguns deles, era transformar o Estado brasileiro em principal agente político e econômico, com as consequências nefastas, sombrias e desastrosas para a sociedade. Essa comissão é prova inconteste da falta de criatividade do governo que não tem planos, projetos nem programas capazes de promover urgentes reformas estruturais que o país reclama, em consonância com o seu dever constitucional, como forma imprescindível ao desenvolvimento socioeconômico. Trata-se de desafio fundamental que o governo deveria enfrentar com a intrepidez de quem aspira reais melhorias das condições de vida do povo. Urge a implementação das aludidas reformas, principalmente no que tange à atualização, à modernização, à racionalização e ao aperfeiçoamento dos sistemas anacrônicos e perniciosos à sociedade, com destaque para o educacional, tributário, previdenciário, trabalhista, político, tecnológico, científico, aeroportuário e tantos outros igualmente importantes para o progresso da nação. A história mostra com abundância que os governos sem ideias, planos ou projetos sempre inventam algo esdrúxulo para justificar a falta de ação efetiva em benefício social e para indicar que a administração não está acéfala, embora funcione com visível precariedade, contrariando os princípios da racionalidade e da economicidade. A onerosa comissão subsidiada com recursos públicos há de gerar montanhas de relatórios, envolvendo hercúleo esforço humano, porém com serventia pouco significante para o benefício social, quanto à sua abrangência. Inobstante, decerto o seu resultado, além desviar o foco de assuntos importantes, servirá para criar duradouras discussões sobre um passado de triste legado, com relação aos fatos violentos e sangrentos ocorridos no período abrangido pelas investigações. O país que tenha o mínimo de evolução cultural e que seja governado com competência utilizaria as energias e os esforços humanos em proveito da busca da felicidade e desenvolvimento do seu povo, principalmente com a sua mobilização para a consecução de medidas favoráveis à produtividade, ao pleno emprego e ao crescimento da nação. Não se pode olvidar que é importante se conhecer a verdade sobre o que houve no regime militar, para passar a história a limpo, uma vez que a bandidagem da época tenta, agora, posar de vítima, perseguição política e bom mocinho, como se nada tivesse feito de errado e muito menos causado qualquer espécie de perturbação à ordem pública e social. Não obstante, seria salutar que as investigações tivessem por objetivo à busca da verdade dos fatos e que o resultado mostrasse o que realmente aconteceu de truculência, tanto por parte dos militares e como dos civis, quando se sabe que nesse combate fraticida não teve a participação de anjos nem de santinhos. E estranho que o assunto referente à “verdade histórica” tenha ficado tanto tempo sem importância, esquecido num cantinho do Planalto desde a redemocratização do país, suscitando, agora, questionamento sobre a sua repentina ressuscitação e muita desconfiança e dúvida quanto aos seus reais objetivos. Talvez essa medida extemporânea tenha por finalidade ocultar situações outras que a sociedade não possa delas tomar conhecimento. Não que o passado mereça continuar na obscuridade histórica, quando se sabe que ele faz parte de período de censura e absoluto segredo, mas, à luz da realidade atual, essa matéria não se inclui entre as mais urgentes, numa escala de importância de país emergente, como o Brasil, considerado a sexta potência econômica do mundo, porém situa-se por certo entre os últimos países quanto à priorização da solução dos problemas e das precariedades estruturais, com graves reflexos na economia, com relação à competitividade da produtividade e à industrialização, e na sociedade, quanto às mazelas no atendimento de competência do Estado. A sociedade se roboriza, envergonhada e impotente diante de um governo sem atitude sobre as prioridades de metas com conteúdos para o país, preferindo pôr em debate rótulos de perfumarias que têm a exclusiva finalidade satisfazer ego pessoal, em pretenso nome de falsa verdade, que pode atender ínfima população, mas em detrimento de reais causas sociais, no contexto maior da nacionalidade. A sociedade anseia pela urgente discussão, na sua essência, dos prementes e graves problemas de variadas naturezas, que emperram o crescimento da nação, por evidente demonstração de incompetência política e gerencial, com a abdicação de medidas imprescindíveis ao progresso do país, fazendo com que a sociedade seja penalizada com a obrigação de conviver com a ignorância, o atraso, o subdesenvolvimento e a pendência da distribuição de bolsas esmolas. Acorda, Brasil!  
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 09 de setembro de 2012    

* setingentésimo texto postado.

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