Ao dar posse aos
integrantes da Comissão Nacional da Verdade, grupo de trabalho que apura
violações de direitos humanos durante o período de 1946 e 1988, a presidente da República negou que o colegiado busque “revanchismo”
ou a possibilidade de “reescrever a história” e se emocionou ao
relembrar os “sacrifícios humanos irreparáveis”
daqueles que lutaram pela redemocratização do país. É curioso como a petista intitula
de redemocratização a contrarrevolução que, pasmem, não passaria da implantação
do regime comunista no Brasil, seguindo à risca o famigerado e sanguinolento
modelo implementado “com sucesso” em Cuba, exemplo de violência, truculência e
sobretudo de arraigado subdesenvolvimento social e econômico. A retórica equivale
à autêntica contradição quanto à verdade dos acontecimentos, quando de
redemocratização não tinha nada, porquanto o real objetivo dos terroristas,
reconhecidamente por alguns deles, era transformar o Estado brasileiro em principal
agente político e econômico, com as consequências nefastas, sombrias e
desastrosas para a sociedade. Essa comissão é prova inconteste da falta de
criatividade do governo que não tem planos, projetos nem programas capazes de
promover urgentes reformas estruturais que o país reclama, em consonância com o
seu dever constitucional, como forma imprescindível ao desenvolvimento
socioeconômico. Trata-se de desafio fundamental que o governo deveria enfrentar
com a intrepidez de quem aspira reais melhorias das condições de vida do povo. Urge
a implementação das aludidas reformas, principalmente no que tange à atualização,
à modernização, à racionalização e ao aperfeiçoamento dos sistemas anacrônicos
e perniciosos à sociedade, com destaque para o educacional, tributário,
previdenciário, trabalhista, político, tecnológico, científico, aeroportuário e
tantos outros igualmente importantes para o progresso da nação. A história
mostra com abundância que os governos sem ideias, planos ou projetos sempre
inventam algo esdrúxulo para justificar a falta de ação efetiva em benefício
social e para indicar que a administração não está acéfala, embora funcione com
visível precariedade, contrariando os princípios da racionalidade e da
economicidade. A onerosa comissão subsidiada com recursos públicos há de gerar
montanhas de relatórios, envolvendo hercúleo esforço humano, porém com serventia
pouco significante para o benefício social, quanto à sua abrangência. Inobstante,
decerto o seu resultado, além desviar o foco de assuntos importantes, servirá
para criar duradouras discussões sobre um passado de triste legado, com relação
aos fatos violentos e sangrentos ocorridos no período abrangido pelas investigações.
O país que tenha o mínimo de evolução cultural e que seja governado com competência
utilizaria as energias e os esforços humanos em proveito da busca da felicidade
e desenvolvimento do seu povo, principalmente com a sua mobilização para a
consecução de medidas favoráveis à produtividade, ao pleno emprego e ao crescimento
da nação. Não se pode olvidar que é importante se conhecer a verdade sobre o
que houve no regime militar, para passar a história a limpo, uma vez que a bandidagem
da época tenta, agora, posar de vítima, perseguição política e bom mocinho, como
se nada tivesse feito de errado e muito menos causado qualquer espécie de
perturbação à ordem pública e social. Não obstante, seria salutar que as
investigações tivessem por objetivo à busca da verdade dos fatos e que o
resultado mostrasse o que realmente aconteceu de truculência, tanto por parte
dos militares e como dos civis, quando se sabe que nesse combate fraticida não
teve a participação de anjos nem de santinhos. E estranho que o assunto
referente à “verdade histórica” tenha ficado tanto tempo sem importância,
esquecido num cantinho do Planalto desde a redemocratização do país, suscitando,
agora, questionamento sobre a sua repentina ressuscitação e muita desconfiança
e dúvida quanto aos seus reais objetivos. Talvez essa medida extemporânea tenha
por finalidade ocultar situações outras que a sociedade não possa delas tomar conhecimento.
Não que o passado mereça continuar na obscuridade histórica, quando se sabe que
ele faz parte de período de censura e absoluto segredo, mas, à luz da realidade
atual, essa matéria não se inclui entre as mais urgentes, numa escala de
importância de país emergente, como o Brasil, considerado a sexta potência
econômica do mundo, porém situa-se por certo entre os últimos países quanto à
priorização da solução dos problemas e das precariedades estruturais, com
graves reflexos na economia, com relação à competitividade da produtividade e à
industrialização, e na sociedade, quanto às mazelas no atendimento de
competência do Estado. A sociedade se roboriza, envergonhada e impotente diante
de um governo sem atitude sobre as prioridades de metas com conteúdos para o
país, preferindo pôr em debate rótulos de perfumarias que têm a exclusiva
finalidade satisfazer ego pessoal, em pretenso nome de falsa verdade, que pode
atender ínfima população, mas em detrimento de reais causas sociais, no
contexto maior da nacionalidade. A sociedade anseia pela urgente discussão, na
sua essência, dos prementes e graves problemas de variadas naturezas, que emperram
o crescimento da nação, por evidente demonstração de incompetência política e
gerencial, com a abdicação de medidas imprescindíveis ao progresso do país,
fazendo com que a sociedade seja penalizada com a obrigação de conviver com a
ignorância, o atraso, o subdesenvolvimento e a pendência da distribuição de
bolsas esmolas. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 09 de setembro de 2012
* setingentésimo texto
postado.
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