O governo federal anuncia, em tom ufanista, que, no
próximo ano, deverá haver redução da conta de energia elétrica para os
consumidores, por força da diferença entre o valor arrecadado com encargos e a
despesa com programas sociais custeados por eles. Esse complicado plano prevê o
fim de dois encargos que incidem sobre a conta de luz, quais sejam a Conta de
Consumo de Combustíveis e a Reserva Global de Reversão. O plano ainda estabelece
desconto de 75% no terceiro encargo denominado Conta de Desenvolvimento
Energético. Segundo o governo, o Tesouro desembolsará a cifra de R$ 7,3 bilhões
anualmente para compensar as desonerações estabelecidas pelo plano. A redução
na arrecadação com encargos força a possibilidade da renovação de concessões do
setor de energia, nas áreas de geração, transmissão e distribuição, que começam
a vencer a partir de 2015. Entretanto, para renovar a concessão, as empresas são
obrigadas a aceitar corte nas suas remunerações, a ser definido pelo governo,
mas já se sabe que envolverá o fim da remuneração por ativos já amortizados - investimentos
pagos pela população por meio da conta de luz – e a redução na margem de lucro
das concessionárias, ou seja, trata-se da imposição pelo governo da quebra de
contratos, uma espécie de insegurança jurídica, por dizer respeito à modificação
unilateral, à vista da antecipação forçada, dos acordos firmados
bilateralmente, para o fim de reduzir o valor da conta de luz para os
consumidores em todo o país, tendo por base a distribuição da energia “velha”,
produzida pelas empresas que tiverem a concessão renovada, em cotas para todas
as distribuidoras brasileiras. Não há dúvida de que o governo demonstra completo
desespero com a implantação da “luminosa bondade”, ficando evidente que ela se
ajusta muito mais à proximidade das eleições do que outra motivação gerencial,
em razão de o seu partido encontrar-se enfraquecido nas pesquisas eleitorais, precisando
com urgência dessa medida de impacto, em plena campanha, como forma atabalhoada
de reduzir a conta de energia elétrica, para entrar em vigor somente no próximo
ano, expondo incompetência visando enganar a população e mostrar bondade, que,
se real, poderia ser feita sem alarde após as eleições, de forma serena e sem
nenhuma quebra de contrato, que não se recomenda num país democrático. Aliás,
existem dúvidas quanto possível cobrança indevida de valor apurado do Tribunal
de Contas da União, consistindo no erro de cálculo no reajuste tarifário
ocorrido entre 2002 e 2009, que resultou num prejuízo de R$ 7 bilhões para os
consumidores. Quanto a esse valor, o governo não prestou explicação se vai
devolvê-lo aos consumidores e quando, bem assim se o anúncio sobre a redução da
conta de energia seria feita agora, caso não houvesse
eleição no mês que vem. O certo é que a credibilidade do país passa pela transparência
dos atos praticados pelas autoridades públicas. A sociedade precisa rever os
conceitos sobre os princípios da ética e moralidade na administração pública e
ter a dignidade de reconhecer a dispensabilidade dos maus políticos e dos
administradores ineficientes e ineficazes na vida pública, como forma de
moralizar a gestão do patrimônio dos brasileiros. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 16 de setembro de 2012
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