terça-feira, 4 de setembro de 2012

Salvem-se as verdades

Em artigo divulgado nos jornais "O Globo" e “O Estado de S. Paulo”, o ex-presidente da República tucano afirma que “É pesada como chumbo a herança desse estilo bombástico de governar que esconde males morais e prejuízos materiais sensíveis para o futuro da Nação”. Na análise sobre o legado deixado pelo o petista e sobre a atuação da presidente frente à presidência, o sociólogo chamou de “crise moral” a demissão de oito ministros e disse que o mensalão “é outra dor de cabeça” deixada pelo ex-presidente. Em nota, a presidente afirma que foi citada de “modo incorreto” pelo tucano e diz que recebeu do seu antecessor uma “herança bendita” e que “Não recebi um país sob intervenção do FMI ou sob ameaça de apagão”, “Recebi uma economia sólida, com crescimento robusto, inflação sob controle, investimentos consistentes em infraestrutura e reservas cambiais recordes”, “Recebi um país mais justo e menos desigual,...”, “Recebi um Brasil mais respeitado lá fora graças às posições firmes do ex-presidente Lula no cenário internacional. Um democrata que não caiu na tentação de uma mudança constitucional que o beneficiasse. O ex-presidente Lula é um exemplo de estadista.”. Em princípio, não é de bom tom que ex-presidente fique dando graciosas opiniões sobre seus sucessores, embora no Estado Democrático de Direito todo cidadão tem pleno direito de se manifestar sobre quaisquer fatos da vida real, inclusive, como no caso, apontar o desgoverno do seu sucessor, cujas críticas não foram bem digeridas pela atual presidente, que expediu nota cheia de inverdades, a título de refutação. No caso da crise moral, consistente nos escândalos do mensalão e da demissão de oito ministros, por corrupção no seu governo, ela sequer a tangenciou em termos de contestação, mas alegou que recebeu um país sem dívida externa, deixando de mencionar que, a inteligência do ex-presidente petista resolveu dispensar o FMI - para não ser fiscalizado sobre as maracutaias no seu governo -, para quem pagava 1% de juros sobre a dívida externa, e, para pagar aquele fundo, foi preciso pegar dinheiro emprestado aos bancos no Brasil, no custo de 11% de juros, resultando na dívida interna e externa atual, que chega ao impagável montante de 2 trilhões de reais, contra os R$ 850 bilhões do final do governo tucano. A realidade sobre a economia sólida proveio do governo do tucano, que aprovou e implantou o Plano Real e a Lei de Responsabilidade Fiscal, que tiveram votos contrários do PT. Desde quando o Brasil é mais respeitado no exterior, quando o seu antecessor primou por apoio diplomático a países comandados por ditadores que não respeitam os princípios democráticos e os direitos humanos? O exemplo de estadista também não corresponde à realidade, porque as mazelas que solapam o país contestam essa afirmativa, como a crescente onda de violência, a falta de segurança, a deficiência no atendimento médico-hospitalar, a precariedade da qualidade do ensino público, a falta de conservação das estradas, a carência de infraestrutura, a péssima qualidade de vida dos brasileiros, cujo Índice de Desenvolvimento Humano é um dos piores do mundo, o loteamento dos órgãos públicos entre aliados fisiologistas, a complacência com a corrupção e a impunidade, entre outras gestões que não condizem com um estadista. Esses claros desdouros de gerenciamento tiveram origem no governo do petista, que pouco investiu nas áreas essenciais, preferindo turbinar os programas de assistência às diversas bolsas sociais, que rendem bons frutos nas urnas. A sociedade anseia por que os governantes sejam justos e honestos; tenham coragem também de reconhecer e assumir suas fragilidades, seus erros e fracassos, porque eles e os acertos são visíveis diante da sociedade; não omitam a realidade dos fatos para proteger interesses pessoais e partidários; e aceitem com naturalidade as críticas justas e sinceras, aproveitando-as para aprimorar, aperfeiçoar e modernizar as ações do Estado, em benefício do povo brasileiro. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 04 de setembro de 2012

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