Um senador petista do Acre tomou as dores do
ex-presidente da República, ao defendê-lo das acusações atribuídas ao operador
do mensalão de que o “todo-poderoso” seria o chefe desse esquema. A tática
inicial do politico foi acusar o PSDB de ser o mentor do esquema de corrupção e
compra de votos em Minas Gerais, em 1998, dando origem ao mensalão do PT, e depois
atribuir à “elite intolerante e
preconceituosa”, aliada à mídia, a tentativa de golpe para destruir a
imagem do ex-presidente, por causa da próxima eleição. Ele reconhece que “Todo e qualquer governo tem deslizes. Só não
estou de acordo com a satanização do PT e do presidente Lula...”, “O mensalão
de Minas deu origem a esse esquema criminoso que está sendo julgado. Alunos mal
aplicados do PT foram tentar repetir o modelo profissional do PSDB e do PFL”
e “Não vai ser uma elite atrasada que vai
apagar a história do presidente Lula. O presidente Lula não merece esse
tratamento. Ele não teve nenhum encontro com Marcos Valério. Lula é uma pessoa
generosa e merece todo respeito”. Não chega a ser novidade que, ao se
defender de sujeira e indignidade na política, o PT pôr a culpa em outrem, como
forma de transferir a culpa dos seus graves erros para quem já cometeu
desonestidades semelhantes, quando o correto seria assumir e reconhecer que
parcela do seu partido praticou procedimentos condenáveis e censuráveis,
contrários aos interesses do país, e, por isso, de forma justa, deve ser
julgado pelo Poder Judiciário. Na verdade, pouco importa quem foi o inventor do
esquema criminoso, porque a sociedade tem interesse na reparação dos danos
causados à dignidade da nação, com julgamento justo com base nas provas dos
autos, mesmo que os líderes partidários sejam condenados, porque o efeito
disciplinar e pedagógico acresce de importância para pôr freios ou amenizar a
roubalheira no serviço público. Ademais, não parece correto condenar a importante
participação da mídia pelo seu papel de informar a opinião pública sobre os
fatos de interesse do país. Só pode ser desespero de causa querer censurar a
atuação da mídia. Mesmo que o ex-presidente seja pessoa generosa, como afirma o
senador, compete a ele se defender das acusações, mediante a demonstração com
provas da sua inculpabilidade sobre os fatos cuja autoria lhe é atribuída. É
assim que funciona no Estado Democrático de Direito, onde todo cidadão é
tratado igualmente perante as leis do país, sem privilégio ou discriminação, em
razão da sua autoridade ou do seu cargo, como se isso fosse motivo para tornar
a pessoa imune a suspeita, a julgamento ou a algo que o valha. Em primeiro momento,
o ex-presidente declarou que não sabia de nada..., mais tarde, disse que foi
traído, mas não indicou o traidor..., depois disse que o país merecia desculpa
do partido..., por fim, sentenciou que tudo não passava de uma farsa plantada
pela oposição, para desestabilizar o governo petista..., agora, com as provas
substanciais mostradas pelo Supremo, é reconhecido o esquema criminoso, mas a
culpa é do PSDB, que foi o mentor do mensalão mineiro; da mídia golpista, que
não respeita a autoridade; das elites atrasadas, que não sabem fazer política
decente; da burguesia, que não admite ser comandada pelos trabalhadores; da
direita reacionária, que não aceita perder para socialistas; etc. Enquanto
isso, o poder da corrupção impera à solta e soberana, em detrimento da honradez
e da moralidade. Compete à sociedade decidir pelo fim ao falso moralismo, às inverdades,
à corrupção, às ilegalidades, às desonestidades, à incompetência gerencial, à
falta de reformas estruturais e demais atos gerenciais contrários aos
interesses da nação. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 23 de setembro de 2012
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