segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Generosidade tem limite

Um senador petista do Acre tomou as dores do ex-presidente da República, ao defendê-lo das acusações atribuídas ao operador do mensalão de que o “todo-poderoso” seria o chefe desse esquema. A tática inicial do politico foi acusar o PSDB de ser o mentor do esquema de corrupção e compra de votos em Minas Gerais, em 1998, dando origem ao mensalão do PT, e depois atribuir à “elite intolerante e preconceituosa”, aliada à mídia, a tentativa de golpe para destruir a imagem do ex-presidente, por causa da próxima eleição. Ele reconhece que “Todo e qualquer governo tem deslizes. Só não estou de acordo com a satanização do PT e do presidente Lula...”, “O mensalão de Minas deu origem a esse esquema criminoso que está sendo julgado. Alunos mal aplicados do PT foram tentar repetir o modelo profissional do PSDB e do PFL” e “Não vai ser uma elite atrasada que vai apagar a história do presidente Lula. O presidente Lula não merece esse tratamento. Ele não teve nenhum encontro com Marcos Valério. Lula é uma pessoa generosa e merece todo respeito”. Não chega a ser novidade que, ao se defender de sujeira e indignidade na política, o PT pôr a culpa em outrem, como forma de transferir a culpa dos seus graves erros para quem já cometeu desonestidades semelhantes, quando o correto seria assumir e reconhecer que parcela do seu partido praticou procedimentos condenáveis e censuráveis, contrários aos interesses do país, e, por isso, de forma justa, deve ser julgado pelo Poder Judiciário. Na verdade, pouco importa quem foi o inventor do esquema criminoso, porque a sociedade tem interesse na reparação dos danos causados à dignidade da nação, com julgamento justo com base nas provas dos autos, mesmo que os líderes partidários sejam condenados, porque o efeito disciplinar e pedagógico acresce de importância para pôr freios ou amenizar a roubalheira no serviço público. Ademais, não parece correto condenar a importante participação da mídia pelo seu papel de informar a opinião pública sobre os fatos de interesse do país. Só pode ser desespero de causa querer censurar a atuação da mídia. Mesmo que o ex-presidente seja pessoa generosa, como afirma o senador, compete a ele se defender das acusações, mediante a demonstração com provas da sua inculpabilidade sobre os fatos cuja autoria lhe é atribuída. É assim que funciona no Estado Democrático de Direito, onde todo cidadão é tratado igualmente perante as leis do país, sem privilégio ou discriminação, em razão da sua autoridade ou do seu cargo, como se isso fosse motivo para tornar a pessoa imune a suspeita, a julgamento ou a algo que o valha. Em primeiro momento, o ex-presidente declarou que não sabia de nada..., mais tarde, disse que foi traído, mas não indicou o traidor..., depois disse que o país merecia desculpa do partido..., por fim, sentenciou que tudo não passava de uma farsa plantada pela oposição, para desestabilizar o governo petista..., agora, com as provas substanciais mostradas pelo Supremo, é reconhecido o esquema criminoso, mas a culpa é do PSDB, que foi o mentor do mensalão mineiro; da mídia golpista, que não respeita a autoridade; das elites atrasadas, que não sabem fazer política decente; da burguesia, que não admite ser comandada pelos trabalhadores; da direita reacionária, que não aceita perder para socialistas; etc. Enquanto isso, o poder da corrupção impera à solta e soberana, em detrimento da honradez e da moralidade. Compete à sociedade decidir pelo fim ao falso moralismo, às inverdades, à corrupção, às ilegalidades, às desonestidades, à incompetência gerencial, à falta de reformas estruturais e demais atos gerenciais contrários aos interesses da nação. Acorda, Brasil!  
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 23 de setembro de 2012

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