O presidente do Supremo
Tribunal Federal encaminhou projeto de lei ao Congresso Nacional, com
proposta de reajuste de 7,12% sobre o subsídio dos ministros da corte, para vigorar
a partir de 1º de janeiro de 2013, passando o atual valor de R$ 26,7 mil para
R$ 28,6 mil. A presente proposta é acompanhada de justificação no sentido de
que "A revisão pretendida encontra
respaldo na Constituição Federal de 1988, que, no art. 37, assegura periódica
adequação do subsídio à realidade econômica do país". A questão do
reajuste do Judiciário tem sido motivo de eternos atritos entre o Supremo e o
Executivo, a exemplo do ocorrido quando da proposta anterior de 14,79%,
apresentada por aquele órgão no meado do ano passado, em que a presidente da
República teria afirmado que não havia dinheiro para pagá-lo, sob a alegação,
à época, do concentrado esforço governamental para cortar gastos por causa da
crise econômica mundial. A posição do Palácio do Planalto foi criticada pelo
então presidente do Supremo, tendo resultado mal-estar entre os dois poderes. A propósito do reajuste em causa, o corregedor-geral do Conselho Nacional Justiça
disse que "Existe uma defasagem
dos últimos seis, sete anos, mas parece que há negociações entre o presidente
do STF e a presidente da República e acho que nos próximos dias será
anunciada uma reparação dos vencimentos, uma reposição para magistratura".
Não há
a menor dúvida de que os ministros do Supremo fazem jus ao pretendido
reajuste, por se tratar tão somente da reposição das perdas causadas pelo
processo inflacionário, que já propiciou a desvalorização da moeda, durante
seis anos, e teve reflexo direto na perda do poder aquisitivo. Esse reajuste
tem ainda o propósito de fazer face ao reconhecimento da relevância das atribuições
dos seus cargos, quanto à incumbência de apreciar, decidir, dar a última palavra
sobre as questões com implicação na interpretação da Carta Magna, devendo ser
levadas em conta também a sobrecarga de trabalho e a exigência da altíssima
especialização para o desempenho de tão importantes funções. Não é verdade que os ministros do Supremo
ganhem exageradamente, porque seus subsídios devem ser compatíveis com as suas
altíssimas responsabilidades funcionais, por terem a competência de decidir
sobre as questões da maior relevância, cujos veredictos são terminativos, não
cabendo mais recursos sobre elas. Daí a necessidade da qualificação dos
ministros em nível especial que deve ser valorizado com subsídios justos. Agora,
não deixa de ser vergonhoso o mirrado valor do salário mínimo, pago a quem
tem pouca instrução e responsabilidade compatíveis com o seu preparo
profissional. Não obstante, a título ilustrativo, quanto ao honorário de
excelente advogado, o ex-ministro da Justiça, considerado de escol da área
jurídica, praticamente no nível de especialização dos ministros do STF,
receberia R$ 15 milhões para defender um delinquente. Urge que o governo e a
sociedade reconheçam a importância do trabalho dos ministros do Supremo
Tribunal Federal, em termos salariais, de modo que seus subsídios sejam compatíveis com as suas competências
institucionais, imprescindíveis à reafirmação da garantia dos ditames da Constituição Federal. Acorda, Brasil!
|
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 13 de setembro de 2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário