quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Quadrilha?

Conforme notícia publicada no jornal “O Globo”, o Departamento de Estado norte-americano, em nota assinada pela secretária de estado dos Estados Unidos, com o propósito de felicitar o Brasil pela comemoração do Dia da Independência, afirma que os brasileiros assistirão, pasmem, às acrobacias da “Quadrilha da Fumaça”. A embaixada americana no Brasil, ao constatar a falha, se apressou em informar que foi editado novo texto, com exaltação ao bom relacionamento entre o Brasil e os Estados Unidos e correção da falha, nessa versão: “Enquanto vocês aproveitam o desfile na Esplanada, assistem às acrobacias da ‘Esquadrilha da Fumaça’ ou celebram a ocasião em uma das inúmeras outras festas pelo Brasil, saibam que os Estados Unidos são um parceiro e um amigo. Estamos ansiosos para estreitar nossa relação nos próximos anos, à medida que trabalhamos juntos por um mundo mais próspero”. Não fosse a forma corriqueira e indefesa com que o patrimônio público e privado e a sociedade são lesados cotidianamente por quadrilhas formadas por políticos, bandos de saqueadores armados, criminosos, narcotraficantes e outras tantas espécies de bandidagem, a inadmissível gafe diplomática do Tio Sam poderia ser considerada gravíssima indelicadeza e agressão ao povo de nação soberana, a ponto de aquele país ser obrigado a explicar o fato e apresentar desculpas ao povo brasileiro, pela demonstração de desrespeito à dignidade das pessoas honradas e éticas, que procedem com integridade e responsabilidade, não merecendo referência a quadrilha, na forma da equivocada percepção da inicial nota americana. Não deixa de ser lamentável que a péssima reputação resultante da prática dos atos de corrupção banalizada nos últimos governos tenha o poder de disseminar mundo afora a fama da existência de quadrilhas generalizadas para tudo. Sem dúvida alguma, não era essa a forma ideal de cumprimento que o povo brasileiro gostaria de ser saldado na data tão importante em comemoração ao Dia da Independência do país, que, por tradição, deve ser festivo e alegre, contrastando com o texto da primeira nota expedida pelo governo americano. Numa nação, como o Brasil, onde as quadrilhas pululam com desempenho altaneiro e impune e o Estado já demonstrou plena incapacidade para bani-las do mapa de atuação, compete à sociedade chamar para si a responsabilidade de mudar esse quadro de precariedade e vulnerabilidade social. Para tanto, urge a conscientização da sociedade sobre a gravidade desse estado de deterioração da dignidade humana e a deliberada vontade para a adoção de esforços no sentido de extirpar os maus políticos da vida pública, para possibilitar a erradicação das manobras ardilosas e fraudulentas das quadrilhas que agem impunemente no país e mancham de forma indelével a dignidade do povo brasileiro. Acorda, Brasil!
  
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 06 de setembro de 2012

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