Em
depoimento à CPI da contravenção, O ex-diretor do Dnit declarou que pediu, em
atendimento à solicitação formulada pelo então tesoureiro da campanha petista,
doações a empresas de construção civil para a campanha eleitoral da atual
presidente da República. Ele contou que “De
maneira nenhuma associei a doação a qualquer ato administrativo do Dnit.
Posteriormente ao meu pedido, já no transcurso da campanha, algumas empresas
encaminhavam para mim boletos demonstrando que tinham feito a doação.
Posteriormente, eu constatei que diversas empresas para as quais eu havia feito
a solicitação realmente fizeram a doação na conta de campanha”. Não deixa
de ser risível a defesa do citado tesoureiro, ao alegar que ele teria sido procurado
pelo ex-diretor do Dnit, para se colocar à disposição para ajudar na
arrecadação de campanha. Na ocasião, o depoente garantiu que sua atuação no
Dnit não favoreceu as empresas que contribuíram para a campanha da presidente,
no montante entre R$ 5,5 milhões e R$ 6 milhões. Esse valor arrecadado mostra a
dimensão da importância do Dnit no governo, em razão de cuidar dos recursos e
das obras do PAC, que foi concebido pela presidente. Esse episódio se mostra
extremamente grave, porque revela a vulnerabilidade das relações existentes
entre Estado e empresas contratadas, que são obrigadas “voluntariamente” a
contribuir com dinheiro para os gastos de campanhas políticas, praticamente com
a certeza de que essa ajuda logo em breve retornará inserida em forma de
adicionais, a título de realinhamento financeiro do contrato, que é colocado na
conta dos bestas dos contribuintes. Na verdade, essa pouca-vergonha
caracteriza-se crime, em virtude do evidente tráfego de influência, passível de
cominação de pena de reclusão e de perda dos cargos ocupados pelos
beneficiários dos recursos doados, ante a ilegalidade da sua entrada nos cofres
do partido. O curioso dessa imoralidade é que as empresas procuradas fizerem, sem contestar, mas
satisfeitas, doações para a campanha da “pudica” presidente, que declarou não ter
nada com a questão, porque o assunto de dinheiro era da alçada do partido. Essa
é a exata ética dos políticos, mesmo se beneficiando de forma espúria e suja,
ainda tem a indignidade de dizer que não sabe de nada e não tem nenhuma
responsabilidade com os atos irregulares que contribuíram para o êxito do seu
pleito. O povo não pode conviver com a hipocrisia dos políticos que deixam de assumir
seus erros e nada acontece com eles, embora seus atos configurem desrespeito
aos princípios da honestidade, da moralidade e da legalidade. Num país com o
mínimo de seriedade, o episódio em tela seria objeto de imediata apuração pelo
Ministério Público Eleitoral e de punição aos culpados, como forma de extirpação
das malversações de recursos públicos. A nação clama por reforma abrangente e
isenta de interesses no sistema político-eleitoral, levando em conta as causas
essenciais da sociedade. Além disso, urge que o povo tenha dignidade suficiente
para eleger seus representantes pelo critério do respeito aos princípios da
honestidade, da ética, da responsabilidade, do caráter, da moral e de tudo o
mais que não possa restar mais dúvida quanto às suas elevadas e nobres
qualidades e ideias, manifestadas por palavras e atos, inspirando confiança e
respeito. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 1º de setembro de 2012
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