quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Saúde à deriva

Diante do estado lastimável que se encontra o Hospital São Lucas de Vitória/ES, o Sindicato dos Médicos do Espírito Santo solicitou à Central de Regulação de Vagas, ao Samu, ao Centro Integrado Operacional de Defesa Social (Ciodes) e ao Corpo de Bombeiros que não encaminhem àquele hospital vítimas de acidentes de trânsito, tendo em vista que o centro cirúrgico estava com 13 pacientes e todas as salas de operação e emergência estavam ocupadas na noite do último domingo. O sindicato denuncia que “O hospital está lotado, não tem mais leito, existem pacientes no centro cirúrgico aguardando vaga. E, para que não aconteça um tumulto e dificuldade na mobilidade do paciente de um setor para o outro, foi pedido que não leve paciente cirúrgico para ele". O secretário de Saúde não esboçou qualquer medida saneadora sobre a precariedade apontada, tendo se limitado a dizer que “o hospital faz muito, apesar das más condições”, ou seja, a autoridade que tem a obrigação de buscar a solução para a calamidade se digna apenas a reconhecer a fragilidade do atendimento que vem causando enorme sofrimento à população, sempre obrigada a se submeter à falta de assistência, principalmente as pessoas que se encontram em estado de maior gravidade, como os acidentados e os doentes em situação de emergência. Os familiares de pacientes contam que as condições de atendimento no hospital são complicadas, havendo caso em que o doente sai do hospital em estado pior do que quando entrou nele. A reprovável incompetência das autoridades públicas é tão gritante que o citado secretário se orgulhava em pontuar que a demanda tem sido alta e houve uma queda nos leitos por conta da mudança dos atendimentos, que foram para o Hospital da Polícia Militar, mas "Mesmo com essas condições, o São Lucas continua atendendo cinco mil pacientes por mês, 500 internações e fazendo 300 cirurgias e salvando muitas vidas". Ora, secretário, o que importa, em se tratando de saúde pública, salvamento de vidas, atendimento condignamente aos doentes, é o Estado se empenhar e se preparar adequadamente para satisfazer as demandas, de modo a atender com presteza o indispensável serviço médico-cirúrgico-hospitalar, sem quaisquer condições ou empecilhos, porque a sua incumbência é ilimitada, na forma prevista na Constituição do país, tendo em conta que a vida é o bem mais precioso, não suportando complacência com o descaso e a incompetência do Estado, responsável pelo fomento dos meios imprescindíveis à assistência e à cura do sofrimento físico. O hospital em causa é o retrato da saúde pública do Brasil, que permanece imutável, não obstante as queixas e as denúncias da população e dos profissionais médicos e paramédicos, à vista da inércia do governo, que nada faz para minorar a situação caótica da assistência médico-hospitalar do país. Enquanto isso, o ministro da Saúde encontra-se em campanha política no interior de São Paulo, ajudando os candidatos petistas aos cargos de Prefeito, tendo por objetivo preparar a sua campanha ao cargo de Governador em 2014, e a presidente da República, em que pese a intensificação da precariedade gerencial do seu governo, tem atuação aprovada em índice sempre alto e crescente, incompatível com a situação da administração do país. A sociedade tem a obrigação cívica de perceber que o país precisa ser urgentemente gerenciado com competência, eficiência, sensibilidade e respeito à dignidade humana. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 19 de setembro de 2012

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