quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

A cobrança da indecência

Depois de toda pouca vergonha ocorrida na Comissão Parlamentar de Inquérito mista, constituída para apurar o envolvimento do bicheiro goiano com políticos, notadamente quanto ao pagamento de propinas para a obtenção de facilidades nas contratações com a administração pública, parlamentares da bancada do PMDB estão agora cobrando a fatura do PSDB, pelo alto preço da proteção do governador goiano, que é do partido dos tucanos. Um político peemedebista alega que o senador alagoano, candidato à presidência do Senado Federal, teria prestado relevantes e fundamentais empenhos no sentido de blindar o governador tucano na aludida na CPI, fazendo com que sequer fosse aprovado o relatório apresentado pelo relator da comissão, que teve por destino a sesta de lixo, apesar de suas mais de cinco mil páginas, cujos resultados evidenciaram a imunidade dos políticos governistas, a falta de apuração dos fatos denunciados contra a construtora Delta e o indiciamento de oposicionistas. Na oportunidade, o senador alagoano teria assegurado ao próprio governador tucano que ele não seria indiciado, contrariando a conclusão do relator e da bancada do PT. Na linha do pagamento de favores entre políticos, é possível que o senador alagoano tenha se empenhado bravamente em prol do governador tucano visando à recompensa agora, com o apoio do PSDB à sua candidatura ao cargo de presidente do Senado. O PMDB tem forte expectativa no sentido de que parte da bancada tucana tem dívida de gratidão ao senador alagoano. No entanto, os peemedebistas não escondem a surpresa diante das medidas adotadas pelo senador tucano de MG, que vem defendendo que a sua bancada decida em conjunta contestar a candidatura do senador alagoano ao comando do Senado, em total contraposição à cobrança de solidariedade feita pelo PMDB, pelo apoio do senador alagoano ao governador goiano. Na política, existe realmente essa espécie de apoio providencial, em momentos de dificuldade na vida política, que são aceitas normalmente sem as precauções quanto à futura cobrança em preço elevadíssimo à parte beneficiada. No caso do governador tucano, não há como negar que não houve a prestação de serviços rasteiro, abjeto, vil, com a finalidade de livrá-lo a todo custo do indiciamento, que teve seu nome envolvido e atolado até o pescoço nos fatos denunciados na CPI do bicheiro goiano. No entanto, o pagamento desse enorme favor teria o peso bem superior em indignidade e cafajestagem, por estar sendo apoiado politicamente um cidadão totalmente incompatível com a honradez que se exige da Câmara Alta, tendo em vista que se trata de pessoa que acaba de ser denunciada no Supremo Tribunal Federal, por ter apresentado notas fiscais frias para justificar a existência de recursos para o pagamento de despesas concernentes à pensão de uma de suas filhas, resultante de seu relacionamento extraconjugal. Caso o PSDB venha apoiar o peemedebista, o pouco de credibilidade que ainda resta perante a sociedade cairá por terra e será muito difícil reconquistá-la, tendo em vista que se torna imperdoável mais um ato de traição à decência e ao decoro, notadamente quando a classe política já protagonizou toda espécie de sujeira moral, não havendo mais espaço para a reincidência de falta de compostura ética, sob pena até de inviabilizar a candidatura tucana à presidência da República, justamente por absoluta falta de credibilidade de seus integrantes. Urge que os políticos se conscientizem sobre a necessidade da fiel observância aos princípios éticos e morais no trato da gestão da administração pública, empenhando-se no sentido de não se envolverem em falcatruas prejudicais ao interesse público. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 29 de janeiro de 2013

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