Depois de toda pouca vergonha ocorrida na Comissão
Parlamentar de Inquérito mista, constituída para apurar o envolvimento do bicheiro
goiano com políticos, notadamente quanto ao pagamento de propinas para a obtenção
de facilidades nas contratações com a administração pública, parlamentares da
bancada do PMDB estão agora cobrando a fatura do PSDB, pelo alto preço da
proteção do governador goiano, que é do partido dos tucanos. Um político peemedebista
alega que o senador alagoano, candidato à presidência do Senado Federal, teria
prestado relevantes e fundamentais empenhos no sentido de blindar o governador
tucano na aludida na CPI, fazendo com que sequer fosse aprovado o relatório
apresentado pelo relator da comissão, que teve por destino a sesta de lixo,
apesar de suas mais de cinco mil páginas, cujos resultados evidenciaram a
imunidade dos políticos governistas, a falta de apuração dos fatos denunciados
contra a construtora Delta e o indiciamento de oposicionistas. Na oportunidade,
o senador alagoano teria assegurado ao próprio governador tucano que ele não
seria indiciado, contrariando a conclusão do relator e da bancada do PT. Na
linha do pagamento de favores entre políticos, é possível que o senador
alagoano tenha se empenhado bravamente em prol do governador tucano visando à
recompensa agora, com o apoio do PSDB à sua candidatura ao cargo de presidente
do Senado. O PMDB tem forte expectativa no sentido de que parte da bancada
tucana tem dívida de gratidão ao senador alagoano. No entanto, os peemedebistas
não escondem a surpresa diante das medidas adotadas pelo senador tucano de MG,
que vem defendendo que a sua bancada decida em conjunta contestar a candidatura
do senador alagoano ao comando do Senado, em total contraposição à cobrança de solidariedade
feita pelo PMDB, pelo apoio do senador alagoano ao governador goiano. Na
política, existe realmente essa espécie de apoio providencial, em momentos de
dificuldade na vida política, que são aceitas normalmente sem as precauções
quanto à futura cobrança em preço elevadíssimo à parte beneficiada. No caso do governador
tucano, não há como negar que não houve a prestação de serviços rasteiro,
abjeto, vil, com a finalidade de livrá-lo a todo custo do indiciamento, que teve
seu nome envolvido e atolado até o pescoço nos fatos denunciados na CPI do
bicheiro goiano. No entanto, o pagamento desse enorme favor teria o peso bem
superior em indignidade e cafajestagem, por estar sendo apoiado politicamente
um cidadão totalmente incompatível com a honradez que se exige da Câmara Alta,
tendo em vista que se trata de pessoa que acaba de ser denunciada no Supremo
Tribunal Federal, por ter apresentado notas fiscais frias para justificar a
existência de recursos para o pagamento de despesas concernentes à pensão de
uma de suas filhas, resultante de seu relacionamento extraconjugal. Caso o PSDB
venha apoiar o peemedebista, o pouco de credibilidade que ainda resta perante a
sociedade cairá por terra e será muito difícil reconquistá-la, tendo em vista
que se torna imperdoável mais um ato de traição à decência e ao decoro,
notadamente quando a classe política já protagonizou toda espécie de sujeira
moral, não havendo mais espaço para a reincidência de falta de compostura ética,
sob pena até de inviabilizar a candidatura tucana à presidência da República,
justamente por absoluta falta de credibilidade de seus integrantes. Urge que os
políticos se conscientizem sobre a necessidade da fiel observância aos
princípios éticos e morais no trato da gestão da administração pública, empenhando-se
no sentido de não se envolverem em falcatruas prejudicais ao interesse público.
Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 29 de janeiro de 2013
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