domingo, 6 de janeiro de 2013

A saúde pública na falência


O Jornal Nacional da Rede Globo de Televisão noticiou fato que já se tornou rotineiro neste país, mostrando com minúcia a irresponsabilidade das autoridades públicas, permitindo que o maior hospital do Estado do Rio Grande do Norte conviva com a mais caótica falta de assistência condigna aos doentes e a situação lastimável de 27 pessoas com doenças graves, ficando entulhadas pelos corredores, no aguardo de leitos na unidade de terapia intensiva. Além da carência de leitos na UTI, estão faltando equipamentos hospitalares, a exemplo da divisão simultânea de um monitor cardíaco para dois pacientes. A situação é realmente calamitosa e os médicos reconhecem que não têm condições de saneá-la, conforme a declaração da diretora do hospital, que disse: "As famílias se desesperam porque o paciente não está num canto adequado e vão atrás de ordens judiciais. Eu fico aqui no desespero tentando conseguir leito de UTI, mas, infelizmente, nossas UTIs estão lotadas”. Realmente, a televisão mostrou que as macas ficam no corredor, por todos os lados, os lamentos e as dores são alarmantes e a espera por atendimento se prolonga por dias intermináveis, no testemunho de um paciente, que disse: "Faz 12 dias hoje, desde o Natal. Sei nem o que é Natal nem ano novo aqui dentro. Só sentindo dor no tornozelo aí direto". Outro doente alegou que "O banheiro ali deu prego. Eles fazem xixi no chão. Não tem água no banheiro”. Agora, não deixa de ser extremamente sofrível e estarrecedor a governadora estadual, diante da desastrosa situação, pretender solucioná-la com a edição de decreto, assinado há seis meses, com a adoção do estado de calamidade na saúde pública do Rio Grande do Norte, com vistas à abertura de mais 65 vagas em dois hospitais da capital, que teriam por objetivo dar suporte e esvaziar os corredores do citado hospital, que tem o maior pronto-socorro do estado. Como não poderia ter sido diferente, a medida implementada tão somente por mero decreto resultou absolutamente em nada, porque não havendo investimentos na saúde, os hospitais continuaram com as precariedades de sempre, com a lotação piorada de doentes amontoados nos corredores, à míngua do socorro que não vai chegar nunca, diante da insensibilidade e irresponsabilidade das autoridades públicas, que têm a falta de compaixão da governadora do Estado diante da catástrofe na saúde, tendo a loucura de nada providenciar e apenas declarar, pasmem: “Infelizmente, o Walfredo Gurgel ainda está com esta crise e nós vamos ter que continuar insistindo e aguardando os novos leitos, que é da ordem de 108 novos leitos, que estão sendo estruturados nos mais diversos hospitais de Natal através de reformas, e 58 de UTIs estejam realmente prontos, em condição de uso para que a gente possa ter desafogado o Walfredo”. Finalizando a reportagem, uma paciente declarou: “Terrível o que eu tô passando aqui. Não tem ninguém pra dizer assim: eu vou lhe dar a mão". Esse estado de clamor social é o retrato fiel e irretocável da saúde pública do país, que falece todo dia, por falta de investimentos e de medidas prioritárias, em termos de saúde pública, para solucionar as questões inerentes aos hospitais e o seu adequado reaparelhamento, com a disponibilização de pessoal, equipamentos e instalações apropriados e suficientes. A sociedade tem a obrigação de deixar de silenciar diante do caos, denunciar as mazelas e exigir que as autoridades públicas tenham a dignidade, decência, sensibilidade e responsabilidade de investir maciçamente em políticas públicas, notadamente no pertinente à saúde pública, tendo em conta que a vida humana é o bem mais precioso do mundo. Acorda, Brasil!  

 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 

Brasília, em 05 de janeiro de 2013

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