O Jornal Nacional da Rede Globo de Televisão
noticiou fato que já se tornou rotineiro neste país, mostrando com minúcia a
irresponsabilidade das autoridades públicas, permitindo que o maior hospital do
Estado do Rio Grande do Norte conviva com a mais caótica falta de assistência condigna
aos doentes e a situação lastimável de 27 pessoas com doenças graves, ficando
entulhadas pelos corredores, no aguardo de leitos na unidade de terapia
intensiva. Além da carência de leitos na UTI, estão faltando equipamentos
hospitalares, a exemplo da divisão simultânea de um monitor cardíaco para dois
pacientes. A situação é realmente calamitosa e os médicos reconhecem que não
têm condições de saneá-la, conforme a declaração da diretora do hospital, que
disse: "As famílias se desesperam
porque o paciente não está num canto adequado e vão atrás de ordens judiciais.
Eu fico aqui no desespero tentando conseguir leito de UTI, mas, infelizmente,
nossas UTIs estão lotadas”. Realmente, a televisão mostrou que as macas
ficam no corredor, por todos os lados, os lamentos e as dores são alarmantes e a
espera por atendimento se prolonga por dias intermináveis, no testemunho de um
paciente, que disse: "Faz 12 dias
hoje, desde o Natal. Sei nem o que é Natal nem ano novo aqui dentro. Só
sentindo dor no tornozelo aí direto". Outro doente alegou que "O banheiro ali deu prego. Eles fazem xixi no
chão. Não tem água no banheiro”. Agora, não deixa de ser extremamente
sofrível e estarrecedor a governadora estadual, diante da desastrosa situação, pretender
solucioná-la com a edição de decreto, assinado há seis meses, com a adoção do estado
de calamidade na saúde pública do Rio Grande do Norte, com vistas à abertura de
mais 65 vagas em dois hospitais da capital, que teriam por objetivo dar suporte
e esvaziar os corredores do citado hospital, que tem o maior pronto-socorro do
estado. Como não poderia ter sido diferente, a medida implementada tão somente
por mero decreto resultou absolutamente em nada, porque não havendo
investimentos na saúde, os hospitais continuaram com as precariedades de sempre,
com a lotação piorada de doentes amontoados nos corredores, à míngua do socorro
que não vai chegar nunca, diante da insensibilidade e irresponsabilidade das
autoridades públicas, que têm a falta de compaixão da governadora do Estado
diante da catástrofe na saúde, tendo a loucura de nada providenciar e apenas
declarar, pasmem: “Infelizmente, o
Walfredo Gurgel ainda está com esta crise e nós vamos ter que continuar
insistindo e aguardando os novos leitos, que é da ordem de 108 novos leitos,
que estão sendo estruturados nos mais diversos hospitais de Natal através de
reformas, e 58 de UTIs estejam realmente prontos, em condição de uso para que a
gente possa ter desafogado o Walfredo”. Finalizando a reportagem, uma
paciente declarou: “Terrível o que eu tô
passando aqui. Não tem ninguém pra dizer assim: eu vou lhe dar a mão".
Esse estado de clamor social é o retrato fiel e irretocável da saúde pública do
país, que falece todo dia, por falta de investimentos e de medidas prioritárias,
em termos de saúde pública, para solucionar as questões inerentes aos hospitais
e o seu adequado reaparelhamento, com a disponibilização de pessoal, equipamentos
e instalações apropriados e suficientes. A sociedade tem a obrigação de deixar
de silenciar diante do caos, denunciar as mazelas e exigir que as autoridades
públicas tenham a dignidade, decência, sensibilidade e responsabilidade de
investir maciçamente em políticas públicas, notadamente no pertinente à saúde
pública, tendo em conta que a vida humana é o bem mais precioso do mundo.
Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 05 de janeiro de 2013
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