quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Vergonhoso uso de cargos

Alheio às pressões de toda ordem contra a sua candidatura, o senador alagoano acaba de ajustar com os partidos governistas o loteamento de cargos na Mesa Diretora do Senado, como forma de incrementar ainda mais o seu favoritismo à presidência da instituição, apesar das graves denúncias de corrupção contra ele. Com a finalidade de consolidar seu favoritismo, o senador conseguiu solucionar a briga em torno da disputa pela liderança do PMDB, que estaria pondo em risco a sua candidatura, uma vez que o correligionário derrotado estaria disposto a migrar para o candidato de oposição ou até se abster de votar. Nada que a concessão e distribuição de cargos não consigam abafar a fúria desesperada por poder. Foi exatamente isso que aconteceu, com a liberação de cargos para o PTB, que ganhou a presidência da Comissão de Infraestrutura. Nesse escancarado loteamento de cargos na Mesa, o PR ficou com a 3.ª Secretaria. Já o ex-governador de MT, que é detentor do troféu "motosserra", por promover desmatamento nas suas plantações de soja, foi contemplado com a presidência da Comissão de Meio Ambiente. O segundo maior partido do Senado, o PT, ficará com a 1ª Vice-Presidência da Mesa Diretora, por ter garantido apoio integral à eleição do alagoano e evitado confrontos com o PMDB. Mediante os apoios do Palácio do Planalto e dos governistas e o fechamento dos conchavos e agrados envolvendo o uso de cargos importantes, a candidatura situacionista consegue se eleger tranquilamente, sem a menor trepidação, e mais ainda com grande margem de sobra contra possível concorrente, que, por enquanto, não fez distribuição ou sequer promessa do vergonhoso loteamento de cargos, como fê-lo, de forma descarada, o candidato oficial. Não deixa de ser verdadeira desmoralização para a nação e o mundo alguém, reconhecidamente sem capacidade moral se eleger sem a menor dificuldade e ainda pousar de bom moço. Em termos de moralidade e de caráter, os senhores senadores estão dando irretocável exemplo de fraqueza e de indignidade, por se submeterem à sedução de cargos públicos e de favores palacianos para concederem seus apoios à candidatura da indecência e da desmoralização, contribuindo enormemente para aumentar ainda mais o desrespeito ao eleitor brasileiro e o descrédito à classe política, que vem há bastante tempo claudicando na difícil recuperação da desconfiança dos brasileiros, em face da evidente demonstração apaixonada às reprováveis práticas do fisiologismo político, como instrumento de persecução da sua vida pública. Com certeza, a grandeza do país não merece os políticos que apoiarem o candidato oficial, exatamente pela sua aderência às práticas retrógradas dos agrados e favores como moeda de troca, em contrariedade aos salutares princípios do decoro, da ética e da moralidade, que se exigem dos cidadãos probos e honestos. Urge que a sociedade, com vistas a futuras eleições, seja capaz de enxergar a perversidade e a monstruosidade praticadas em função da representação obtida do povo brasileiro, conquanto a politicagem vem sendo capaz de desonrar o que seriam os inarredáveis compromissos de fidelidade à defesa dos interesses nacionais, em proveito de secundárias causas pessoais objetivando a perenidade no poder, com o inescrupuloso uso de cargos públicos custeados com recursos dos tolos dos contribuintes. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 31 de janeiro de 2013

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