terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Miséria de criatividade e competência

Há exatamente uma década, foram criadas as políticas de combate à fome e à miséria, com as pombas peculiares e calculadas com a certeza antecipada quanto aos resultados positivos para o governo, em termos eleitorais e de marketing, este em relação à avaliação das organizações internacionais voltadas para as mazelas sociais. O programa assistencial tem por objetivo a ampliação dos benefícios de transferência de renda à significativa parcela das famílias brasileiras mais necessitadas, garantindo um pouco de alívio ao sofrimento das pessoas, sem, contudo, propiciar, concomitantemente, melhoria das suas condições de vida e real inclusão social dos beneficiários, principalmente no que tange ao programa Bolsa Família, conforme mostram estudos promovidos com a finalidade de aquilatar as políticas voltadas para o combate à miséria, que constataram gritante desigualdade entre os mais ricos e os mais pobres no Brasil, que ainda continua sendo acentuada, estando entre as mais elevadas do mundo. Também foi verificado que há enorme redução das oportunidades de mobilidade social. Não há a menor dúvida de que as politicas de distribuição de renda têm cunho essencialmente benéfico para amenizar a grave situação de miséria que grassa sobre enorme legião de famílias, normalmente alijadas do processo produtivo, sobretudo pela falta de capacitação profissional, sem perspectivas de alçar ascensão social e de se livrar da eterna e crônica miserabilidade, a exemplo do que ocorre nas cidades mais pobres, onde o programa de combate à fome foi implantado, há dez anos, e a pobreza permanece inalterada. Também nesse aspecto, a teimosia governamental é um espanto, ao imaginar que somente a distribuição de míseros reais às famílias carentes vai resolver as mazelas sociais. O correto seria a contemplação do programa Bolsa Família concomitante à obrigatoriedade da capacitação profissional, com treinamento especializado aos pais de família, por período determinado, de modo que houvesse incentivo à aprendizagem e à especialização como padeiro, pedreiro, eletricista, bombeiro, marceneiro etc., de modo que, em pouco tempo, as pessoas pudessem ter a dignidade de sustentar a sua família, mediante seu esforço e trabalho honrados e dignificantes, independentemente das benesses oficiais que, na realidade, são absolutamente irreais, em termo de assistencialismo, principalmente pela forma ineficiente como o programa vem sendo servido sem que ele seja desvinculado pejorativamente de formador de curral eleitoral e incentivador à malandragem, devido à tendência dos beneficiários ao comodismo e ao desinteresse ao trabalho, além de se tratar de valor individual irrisório. Não se vê qualquer iniciativa do governo com o objetivo de serem criados mecanismos capazes de transformar o bolsa família em programa proveitoso para as pessoas e a nação, como mola propulsora de dignidade e de produtividade, atitude que também beneficiária os bestas dos contribuintes, que, na atualidade, somente têm a obrigação de sustentar um bando de coitadinhos e desamparados sociais. Urge que o governo federal tenha competência para vislumbrar fórmulas eficientes de transformar as políticas de combate à fome e à miséria em instrumento formador de dignidade e de estímulo aos seus beneficiários, mediante a sua capacitação profissional. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES 
 
 
Brasília, em 15 de janeiro de 2013

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