Há exatamente uma
década, foram criadas as políticas de combate à fome e à miséria, com as pombas
peculiares e calculadas com a certeza antecipada quanto aos resultados
positivos para o governo, em termos eleitorais e de marketing, este em relação
à avaliação das organizações internacionais voltadas para as mazelas sociais. O
programa assistencial tem por objetivo a ampliação dos benefícios de
transferência de renda à significativa parcela das famílias brasileiras mais
necessitadas, garantindo um pouco de alívio ao sofrimento das pessoas, sem,
contudo, propiciar, concomitantemente, melhoria das suas condições de vida e real
inclusão social dos beneficiários, principalmente no que tange ao programa
Bolsa Família, conforme mostram estudos promovidos com a finalidade de
aquilatar as políticas voltadas para o combate à miséria, que constataram gritante
desigualdade entre os mais ricos e os mais pobres no Brasil, que ainda continua
sendo acentuada, estando entre as mais elevadas do mundo. Também foi verificado
que há enorme redução das oportunidades de mobilidade social. Não há a menor
dúvida de que as politicas de distribuição de renda têm cunho essencialmente benéfico
para amenizar a grave situação de miséria que grassa sobre enorme legião de famílias,
normalmente alijadas do processo produtivo, sobretudo pela falta de capacitação
profissional, sem perspectivas de alçar ascensão social e de se livrar da
eterna e crônica miserabilidade, a exemplo do que ocorre nas cidades mais
pobres, onde o programa de combate à fome foi implantado, há dez anos, e a
pobreza permanece inalterada. Também nesse aspecto, a teimosia governamental é um espanto, ao imaginar que somente a
distribuição de míseros reais às famílias carentes vai resolver as mazelas
sociais. O correto seria a contemplação do programa Bolsa Família concomitante
à obrigatoriedade da capacitação profissional, com treinamento especializado aos
pais de família, por período determinado, de modo que houvesse incentivo à
aprendizagem e à especialização como padeiro, pedreiro, eletricista, bombeiro, marceneiro
etc., de modo que, em pouco tempo, as pessoas pudessem ter a dignidade de
sustentar a sua família, mediante seu esforço e trabalho honrados e
dignificantes, independentemente das benesses oficiais que, na realidade, são
absolutamente irreais, em termo de assistencialismo, principalmente pela forma
ineficiente como o programa vem sendo servido sem que ele seja desvinculado
pejorativamente de formador de curral eleitoral e incentivador à malandragem,
devido à tendência dos beneficiários ao comodismo e ao desinteresse ao trabalho,
além de se tratar de valor individual irrisório. Não se vê qualquer iniciativa
do governo com o objetivo de serem criados mecanismos capazes de transformar o
bolsa família em programa proveitoso para as pessoas e a nação, como mola
propulsora de dignidade e de produtividade, atitude que também beneficiária os
bestas dos contribuintes, que, na atualidade, somente têm a obrigação de
sustentar um bando de coitadinhos e desamparados sociais. Urge que o governo
federal tenha competência para vislumbrar fórmulas eficientes de transformar as
políticas de combate à fome e à miséria em instrumento formador de dignidade e
de estímulo aos seus beneficiários, mediante a sua capacitação profissional. Acorda,
Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 15 de janeiro de 2013
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