No momento em que se
aproxima a eleição para a escolha do presidente da Câmara dos Deputados, um candidato
ao cargo disse que havia constatado que a imagem da Câmara e dos próprios
deputados é péssima, notadamente em razão da dissonância existente entre o Parlamento
e a sociedade. Ele disse ainda que “Nós
chegamos ao fundo do poço” e “Os
deputados estão com vergonha do botton”. Em seguida, ele declarou que
defende a reforma da instituição, para possibilitar a recuperação do prestígio
do Poder Legislativo perante a sociedade, por ter identificado contraposição de
interesses. Infelizmente, o parlamentar, em plena campanha eleitoral da Câmara,
na tentativa de conquistar alguns votos, declara-se envergonhado do cargo que
exerce, a ponto de sequer ter coragem de usar o distintivo que o identifica
como deputado, quando ele deveria, ao contrário, se orgulhar de ser um dos
poucos que representam a sociedade brasileira no poder de elevadíssima importância
da República. Agora, assiste inteira razão ao congressista, ao ter a dignidade
de reconhecer, diga-se, de passagem, em momento especial e devido a interesse
pessoal, a extrema pobreza moral da sua classe política, que teve inescrupulosa
iniciativa de oficializar apenas três dias semanais de trabalho, quando, na
verdade, o seu comparecimento ao Congresso não passa de dois dias, no máximo, e
ainda tem a desonestidade de receber seus vencimentos, ajudas, auxílios, verbas
de representação e demais mordomias indecentes e injustificáveis integralmente
e em dia, e o mais grave é que pouco ou nada é produzido em benefício da
sociedade, em contraprestação aos astronômicos salários pagos ao parlamentar, comparáveis
aos minguados salários mínimos da quase totalidade do povo brasileiro. É normal
que os deputados tenham vergonha na cara, mas isso somente é pouco. Convém que
Suas Excelências tenham a dignidade de reconhecer o fracasso no exercício de
seus cargos e mostrem, mediante atos efetivos, que a depravação moral do
Parlamento precisa ser saneada com urgência, para o bem da democracia, que
exige dignidade, honestidade e principalmente transparência dos seus ilustres
membros, que exercem funções públicas de nobreza e por isso têm a obrigação
moral e cívica não somente de exercê-la na plenitude democrática, mas sobretudo
de dar o exemplo de correção e de decência, inerentes aos homens públicos. A
sociedade anseia por que os congressistas voltem a ter vergonha de pertencer à
classe política, renunciando à comezinha participação nos maleáveis sentimentos
indecorosos que não se aderem aos princípios de moralidade, probidade e caráter
democrático, por concordarem, com facilidade, com acordos espúrios e
fisiológicos, como forma tão somente de se manterem no poder, como meio de
viabilizar seu controle sobre a administração de órgãos públicos e empresas
estatais, com as manobras indecentes das colocações de apaniguados na sua
direção, para executarem seus objetivos e planos estratégicos em setores
importantes da economia, tudo em aproveitamento dos seus interesses e prejuízo
das causas nacionais e sociais. Na atualidade, são normais as composições
partidárias visando exclusivamente ao domínio da gestão da administração
pública, como forma exclusiva de fortalecimento de seus interesses partidários.
Urge que os políticos não somente se envergonhem de serem congressistas, mas
que tenham a dignidade de permitir que os homens de caráter e de bem possam
representar o povo, exatamente com a decência e a competência preconizadas na
Carta Magda, que estabelece que os cargos públicos devam ser exercidos com a
observância aos princípios da administração pública, com respeito especialmente
à ética, moral, transparência e defesa dos interesses nacionais. Acorda,
Brasil.
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 28 de janeiro de 2013
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