Logo no início do mês de fevereiro vindouro, o
líder do PMDB no Senado Federal será eleito presidente dessa Casa Legislativa, depois
de um lustro da sua renúncia ao mesmo
cargo, para evitar a cassação do seu mandato de senador, em consequência de
graves denúncias sobre irregularidades envolvendo o seu nome, que estariam pondo
a sua reputação no nível mais rasteiro possível. Uma das denúncias se
relacionava ao escandaloso pagamento, por uma construtora, da pensão de uma de
suas filhas. A sua volta à presidência do Senado tem o apoio irrestrito do seu
partido, que conta com a maior bancada na Casa, dos partidos governistas e do
Palácio do Planalto, apesar de os dissidentes do PMDB terem tentado lançar
outro candidato, mas esse gesto resultou infrutífero, porque a vocação de
conquistar simpatia à candidatura do “nobre” senador já havia sido consolidada
por meio dos costumeiros cambalachos políticos, fortalecendo a sua posição no
posto de candidato favorito e imbatível, por já contar com o apoio incondicional
de seus pares igualmente despudorados, que entendem que atos de corrupção não
interferem no decoro parlamentar. Fica difícil se
aquilatar quem é menos impudico, o senador candidato ou seus eleitores, diante
da insensibilidade ética e moral demonstrada com a candidatura de um político
que foi capaz de renunciar ao cargo, ao invés de provar a sua inculpabilidade
com relação aos fatos denunciados, visto que os processos foram simplesmente
arquivados, sem julgamento. O certo é que, de uma forma ou de outra, a imagem
dos senadores, que era horrível, vai ficar insustentável e ainda mais
ridicularizada, em termos de credibilidade, porque ficam escancaradas a pouca
vergonha e a falta de caráter dos congressistas que votarem numa pessoa indigna
de representar o povo, por ter ficado comprovado o seu envolvimento com atos
indecorosos e desonestos, notadamente com relação ao pagamento da pensão de uma
de suas filhas por uma grande construtora, fato que recomendaria sequer a sua eleição
para novo cargo de senador, caso o povo tivesse o mínimo de dignidade política.
O péssimo exemplo da eleição desse político é desastroso, em todos os sentidos,
porque fica evidenciado que o retorno ao cargo consolida implicitamente escusos
procedimentos de favores e espúrias negociatas, mediante entrega de cargos e
pagamento pelos agrados de toda ordem. A única possibilidade de moralização do
Congresso Nacional é o povo se conscientizar de que há necessidade de ser feita
completa assepsia desse modelo de políticos em atuação, que somente estão no
legislativo cuidando de suas paixões e interesses pessoais, em detrimento das
causas nacionais, para as quais eles foram eleitos. O país precisa com a máxima
urgência de legislação decente, moderna, evoluída e aperfeiçoada, com
regramento claro, entre outras medidas moralizadoras, autorizando a imediata
perda de mandato de políticos corruptos e indecorosos, bem assim a proibição
para que eles sejam impedidos definitivamente de se candidatar a cargos
públicos eletivos, como forma de demonstração de civilidade e de limpeza ética
do sistema político brasileiro. O povo não suporta mais conviver com essa
classe política sem o mínimo de decoro e sem a menor preocupação em observar os
princípios éticos e morais que são exigidos dos homens públicos. Urge que a
sociedade se desperte dessa horrível letargia e irresponsabilidade política,
para o fim de extirpar os maus homens públicos das mesquinhas atividades politiqueiras.
Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 21 de janeiro de 2013
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