terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Modelo de esculhambação

Logo no início do mês de fevereiro vindouro, o líder do PMDB no Senado Federal será eleito presidente dessa Casa Legislativa, depois de um lustro da sua  renúncia ao mesmo cargo, para evitar a cassação do seu mandato de senador, em consequência de graves denúncias sobre irregularidades envolvendo o seu nome, que estariam pondo a sua reputação no nível mais rasteiro possível. Uma das denúncias se relacionava ao escandaloso pagamento, por uma construtora, da pensão de uma de suas filhas. A sua volta à presidência do Senado tem o apoio irrestrito do seu partido, que conta com a maior bancada na Casa, dos partidos governistas e do Palácio do Planalto, apesar de os dissidentes do PMDB terem tentado lançar outro candidato, mas esse gesto resultou infrutífero, porque a vocação de conquistar simpatia à candidatura do “nobre” senador já havia sido consolidada por meio dos costumeiros cambalachos políticos, fortalecendo a sua posição no posto de candidato favorito e imbatível, por já contar com o apoio incondicional de seus pares igualmente despudorados, que entendem que atos de corrupção não interferem no decoro parlamentar. Fica difícil se aquilatar quem é menos impudico, o senador candidato ou seus eleitores, diante da insensibilidade ética e moral demonstrada com a candidatura de um político que foi capaz de renunciar ao cargo, ao invés de provar a sua inculpabilidade com relação aos fatos denunciados, visto que os processos foram simplesmente arquivados, sem julgamento. O certo é que, de uma forma ou de outra, a imagem dos senadores, que era horrível, vai ficar insustentável e ainda mais ridicularizada, em termos de credibilidade, porque ficam escancaradas a pouca vergonha e a falta de caráter dos congressistas que votarem numa pessoa indigna de representar o povo, por ter ficado comprovado o seu envolvimento com atos indecorosos e desonestos, notadamente com relação ao pagamento da pensão de uma de suas filhas por uma grande construtora, fato que recomendaria sequer a sua eleição para novo cargo de senador, caso o povo tivesse o mínimo de dignidade política. O péssimo exemplo da eleição desse político é desastroso, em todos os sentidos, porque fica evidenciado que o retorno ao cargo consolida implicitamente escusos procedimentos de favores e espúrias negociatas, mediante entrega de cargos e pagamento pelos agrados de toda ordem. A única possibilidade de moralização do Congresso Nacional é o povo se conscientizar de que há necessidade de ser feita completa assepsia desse modelo de políticos em atuação, que somente estão no legislativo cuidando de suas paixões e interesses pessoais, em detrimento das causas nacionais, para as quais eles foram eleitos. O país precisa com a máxima urgência de legislação decente, moderna, evoluída e aperfeiçoada, com regramento claro, entre outras medidas moralizadoras, autorizando a imediata perda de mandato de políticos corruptos e indecorosos, bem assim a proibição para que eles sejam impedidos definitivamente de se candidatar a cargos públicos eletivos, como forma de demonstração de civilidade e de limpeza ética do sistema político brasileiro. O povo não suporta mais conviver com essa classe política sem o mínimo de decoro e sem a menor preocupação em observar os princípios éticos e morais que são exigidos dos homens públicos. Urge que a sociedade se desperte dessa horrível letargia e irresponsabilidade política, para o fim de extirpar os maus homens públicos das mesquinhas atividades politiqueiras. Acorda, Brasil!

ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 21 de janeiro de 2013

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