quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Manobra ou trambicagem gerencial?

Diante de significativa queda na arrecadação, o governo federal deparou-se com tremendas dificuldades financeiras para economizar R$ 139,8 bilhões, para pagar juros da dívida. A alternativa vislumbrada foi a realização do conjunto de operações para gerar "receitas extras", como a troca de títulos públicos por dinheiro, a contabilização de recursos como caixa do governo, engordando as contas públicas, e outras operações totalizando a importância de R$ 19,4 bilhões. Para que fosse possível o salvamento das contas públicas, maior montante, no valor de R$ 12,4 bilhões, veio do Fundo Soberano do Brasil, que foi adicionado da quantia de R$ 2,3 bilhões, referente à antecipação em dividendos do BNDES e da cifra de R$ 4,7 bilhões, proveniente da Caixa Econômica Federal, que, para ajudar nas manobras fiscais do governo, se tornou sócia de frigorífico, fabricante de autopeças, de bens de capital, processador de minério, entre outras empresas privadas, ou seja, operações visivelmente estranhas às suas atividades, mas tiveram que ser efetivadas para respaldar parcialmente a montagem contábil do governo, para cumprir a meta fiscal das contas públicas, de 2012. O governo conseguiu armar gigantesca operação à moda triangulação financeira, destinada à arrecadação de dinheiro para reforçar o superávit primário, que é a economia realizada para o pagamento das despesas dos juros da dívida. Essa estranha e irresponsável manobra contábil traz à lume a fragilidade da política fiscal brasileira, expondo perigosamente a sua credibilidade, inclusive no âmbito internacional. A abominável manobra contábil, como sói acontecer no governo petista, foi denominada por ele de “contabilidade criativa”, mas, na verdade, a rasteira triangulação financeira pode muito bem ser chamada de jeitinho brasileiro, maquiagem contábil, manipulação financeira, maracutaia com recursos públicos, fraude nas contas públicas, tudo com a finalidade de corrigir o rombo nas contas públicas, por terem sido gastos recursos em quantidade bem superior às receitas arrecadadas no exercício, evidenciando irresponsabilidade na gestão dos negócios do Estado, em que houve acréscimo da dívida pública, mediante desenfreada e descontrolada captação de empréstimos, sem contraprestação de investimentos em obras públicas. Esses trambiques contábeis demonstram a incompetência governamental para fechar as contas públicas, que não seria possível se houvesse escrúpulo e correção na aplicação dos recursos públicos. Não há dúvida de que se trata da utilização de artifícios contábeis para que as contas do governo não ficassem a descoberto, ou seja, deficitárias, demonstrando que o governo havia gastado muito mais do que os valores arrecadados, infringindo normas constitucionais e legais aplicáveis à espécie e sujeitando os responsáveis às sanções cabíveis. Tão vergonhoso e abominável quanto ao malabarismo contábil, pela “engenhosidade” da operação, envolvendo compra de ações, troca de títulos, antecipação do pagamento de dividendos, resgate de recursos de fundos, aumento de capital de instituição pública etc., foi o exagerado endividamento público, evidentemente sem lastro legal, fato que deveria ser objeto de auditoria e investigação pelos órgãos de controle sobre a execução das receitas e despesas da União, cabendo, conforme o caso, responsabilização daqueles que deram causa ao abuso no emprego de dinheiros públicos. Urge que o governo seja capaz de gerenciar dos brasileiros com competência e austeridade, obrigando-se à execução das despesas públicas com responsabilidade, em consonância com os princípios e as normas aplicáveis à administração pública. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 08 de janeiro de 2013

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