Na
sequência das revelações sobre a precariedade existente na saúde pública
nacional, o secretário de saúde de Belém teve a dignidade de reconhecer o
estado deplorável do atendimento hospitalar da capital paraense, admitindo a
carência generalizada, desde médicos, pessoal paramédico, instalações
hospitalares e medicamentos. Ele anunciou que já foram adotadas providências no
sentido de melhorar a situação, com o adequado atendimento médico à comunidade
e a regularização das deficiências das unidades de saúde e dos prontos socorros
municipais. Confirmando o caos na saúde, os pacientes denunciam que algumas
unidades de saúde estariam trabalhando sem estrutura alguma, tendo sido
constatada até a falta de energia elétrica, telefone, água e papel,
prejudicando o atendimento à população, em razão da incompetência da gestão
hospitalar. A realidade é que a triste situação emergencial se estabeleceu e
generalizou no país inteiro, apenas numa ou noutra localidade a saúde pública
respira sem aparelhos, porém não por muito tempo, porque a visão dos
governantes é tacanha que não permite aderência à necessidade de priorização de
políticas públicas voltadas para a melhoria das condições de vida do ser
humano, que padece com a superlotação dos corredores hospitalares, com o
sucateamento dos equipamentos e das instalações das unidades de saúde e a falta
de medicamentos. Enquanto não houver valorização do principal bem deste mundo,
o ser humano, o sistema de saúde pública há de permanecer na UTI, prestando
atendimento médico-hospitalar de péssima qualidade e ainda com sério comprometimento
da situação dos doentes, que apenas têm o direito de reclamar sem serem ouvidos
e atendidos. Ultimamente, a população vem reclamando da falta de
comprometimento dos médicos, que não comparecem ao trabalho ou chegam após os
horários do seu expediente, com evidente prejuízo ao atendimento dos pacientes,
mas nada tem sido feito para corrigir essa falha grave. A verdade é que a falência da saúde pública é tão
evidente que somente as autoridades públicas sensatas e responsáveis têm a honestidade
e decência de reconhecer e admitir as deficiências que afligem impiedosamente a
sociedade, que é obrigada a enfrentar no dia a dia os horrores dessa chaga
social. Não se pode mais ser admitido, após o advento da modernização
científica e tecnológica, que os corredores dos hospitais permaneçam amontoados
de doentes, sem assistência e ainda correndo o potencial risco de serem
contaminados por bactérias e outras infecções hospitalares. Não há a menor
dúvida de que o governo federal não tem a mínima preocupação com a melhoria do
sistema de saúde pública, à vista da falta de prioridades para combater a
precariedade nos hospitais, onde falta tudo. A sociedade tem a obrigação cívica
de exigir das autoridades públicas, principalmente dos seus representantes no
Congresso Nacional, a aprovação de medidas legais com vistas a eleger o sistema
de saúde pública instrumento capaz de propiciar dignidade aos brasileiros, com
a obrigação de o Estado se responsabilizar pelo integral suprimento da rede
hospitalar brasileira e gerenciá-la de forma eficiente e eficaz. Acorda,
Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 17 de janeiro de 2013
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