sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Sistema de saúde pública na UTI


Na sequência das revelações sobre a precariedade existente na saúde pública nacional, o secretário de saúde de Belém teve a dignidade de reconhecer o estado deplorável do atendimento hospitalar da capital paraense, admitindo a carência generalizada, desde médicos, pessoal paramédico, instalações hospitalares e medicamentos. Ele anunciou que já foram adotadas providências no sentido de melhorar a situação, com o adequado atendimento médico à comunidade e a regularização das deficiências das unidades de saúde e dos prontos socorros municipais. Confirmando o caos na saúde, os pacientes denunciam que algumas unidades de saúde estariam trabalhando sem estrutura alguma, tendo sido constatada até a falta de energia elétrica, telefone, água e papel, prejudicando o atendimento à população, em razão da incompetência da gestão hospitalar. A realidade é que a triste situação emergencial se estabeleceu e generalizou no país inteiro, apenas numa ou noutra localidade a saúde pública respira sem aparelhos, porém não por muito tempo, porque a visão dos governantes é tacanha que não permite aderência à necessidade de priorização de políticas públicas voltadas para a melhoria das condições de vida do ser humano, que padece com a superlotação dos corredores hospitalares, com o sucateamento dos equipamentos e das instalações das unidades de saúde e a falta de medicamentos. Enquanto não houver valorização do principal bem deste mundo, o ser humano, o sistema de saúde pública há de permanecer na UTI, prestando atendimento médico-hospitalar de péssima qualidade e ainda com sério comprometimento da situação dos doentes, que apenas têm o direito de reclamar sem serem ouvidos e atendidos. Ultimamente, a população vem reclamando da falta de comprometimento dos médicos, que não comparecem ao trabalho ou chegam após os horários do seu expediente, com evidente prejuízo ao atendimento dos pacientes, mas nada tem sido feito para corrigir essa falha grave. A verdade é que a falência da saúde pública é tão evidente que somente as autoridades públicas sensatas e responsáveis têm a honestidade e decência de reconhecer e admitir as deficiências que afligem impiedosamente a sociedade, que é obrigada a enfrentar no dia a dia os horrores dessa chaga social. Não se pode mais ser admitido, após o advento da modernização científica e tecnológica, que os corredores dos hospitais permaneçam amontoados de doentes, sem assistência e ainda correndo o potencial risco de serem contaminados por bactérias e outras infecções hospitalares. Não há a menor dúvida de que o governo federal não tem a mínima preocupação com a melhoria do sistema de saúde pública, à vista da falta de prioridades para combater a precariedade nos hospitais, onde falta tudo. A sociedade tem a obrigação cívica de exigir das autoridades públicas, principalmente dos seus representantes no Congresso Nacional, a aprovação de medidas legais com vistas a eleger o sistema de saúde pública instrumento capaz de propiciar dignidade aos brasileiros, com a obrigação de o Estado se responsabilizar pelo integral suprimento da rede hospitalar brasileira e gerenciá-la de forma eficiente e eficaz. Acorda, Brasil!  


ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 

Brasília, em 17 de janeiro de 2013

Nenhum comentário:

Postar um comentário