Diante da pressão exercida pela sociedade e a
mídia, ante a evidente e gritante desmoralização à vista do Poder Legislativo,
o PSB decidiu não apoiar a candidatura do senador alagoano à eleição para a
presidência do Senado Federal, que foi denunciado pela Procuradoria Geral da
República. Não obstante, o seu nome continua sendo o favorito, por contar com o
apoio do seu partido, dos demais governistas e do Palácio do Planalto, que não
enxergam, pasmem, nenhum impedimento à assunção ao importante cargo de
presidente do Senado por quem não conseguiu justificar o seu envolvimento em
fatos irregulares. Na época, ganharam destaque o caso em que uma grande
construtora teria promovido o pagamento da pensão da sua filha fruto de
relacionamento fora do seu casamento; a apresentação de notas fiscais frias
para justificar rendimentos suficientes para custear a citada pensão; e a
revelação de “laranjas” vinculados ao senador. O escândalo resultou na renúncia
do peemedebista do comando do Senado, em 2007, para não ser cassado o seu
mandato de senador. Agora, o PSB apresenta como principal motivo para não
apoiar a questionada candidatura o seguinte: “Diante das circunstâncias, o PSB não vota no nome de Renan Calheiros. O
Senado é um poder independente e não pode ficar dependendo de uma decisão do
Supremo Tribunal Federal, que poderá abrir ação penal contra Renan Calheiros”.
Não resta a menor dúvida de que a candidatura do senador alagoano vem causando
enorme desgaste à imagem do Senado, deixando não somente o PSB desconfortado e
incomodado com o episódio, mas alguns senadores governistas, que também já se
manifestaram pedindo a retirada da candidatura em tela, como forma de preservar
a história do Congresso Nacional, de fortalecer a instituição legislativa e de
respeito à sociedade, que não merecem que um corrupto possa comandar um órgão
tão importante para a democracia. Não deixa de assistir razão àqueles que
defendem a renúncia à candidatura do senador alagoano, porém maiores
desmoralização, indecência e indignidade não poderão ser atribuídas ao Senado,
mas sim em especial aos senadores igualmente desonestos e incapazes de honrar
seu cargo, que concederem seu apoio à pessoa notoriamente inapta a preencher os
requisitos exigidos para comandar tão importante instituição e a demonstrar a sua
inculpabilidade acerca dos fatos irregulares cuja autoria que é atribuída. À toda evidência a colocação de um político da índole do candidato
peemedebista na presidência do Senado só pode ter como explicação as espúrias
trocas de apoio mútuo para a sustentação dos políticos no poder, à luz dos
acordos entre os principais e fisiológicos partidos do país. Entretanto, surge
alguma esperança de reversão desse quadro lamentável, com a manifestação de um
partido imbuído de vergonha, dignidade e coragem para se insurgir contra a
efetiva desmoralização da veneranda Câmara Alta, ao dizer não ao candidato que
já teve a indecência de renunciar ao mesmo cargo, no passado recente, para não
ter seu mandato de senador cassado, ante seu nome envolvido no mar de lama,
contrariando os princípios éticos e morais. A sociedade anseia por que os
senadores se conscientizem sobre a necessidade de se evitar que o Senado
Federal seja comandado por quem não reúne os indispensáveis méritos de
moralidade e decoro parlamentar. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 30 de janeiro de 2013
Nenhum comentário:
Postar um comentário