quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Basta de decrepitude política

Diante da pressão exercida pela sociedade e a mídia, ante a evidente e gritante desmoralização à vista do Poder Legislativo, o PSB decidiu não apoiar a candidatura do senador alagoano à eleição para a presidência do Senado Federal, que foi denunciado pela Procuradoria Geral da República. Não obstante, o seu nome continua sendo o favorito, por contar com o apoio do seu partido, dos demais governistas e do Palácio do Planalto, que não enxergam, pasmem, nenhum impedimento à assunção ao importante cargo de presidente do Senado por quem não conseguiu justificar o seu envolvimento em fatos irregulares. Na época, ganharam destaque o caso em que uma grande construtora teria promovido o pagamento da pensão da sua filha fruto de relacionamento fora do seu casamento; a apresentação de notas fiscais frias para justificar rendimentos suficientes para custear a citada pensão; e a revelação de “laranjas” vinculados ao senador. O escândalo resultou na renúncia do peemedebista do comando do Senado, em 2007, para não ser cassado o seu mandato de senador. Agora, o PSB apresenta como principal motivo para não apoiar a questionada candidatura o seguinte: “Diante das circunstâncias, o PSB não vota no nome de Renan Calheiros. O Senado é um poder independente e não pode ficar dependendo de uma decisão do Supremo Tribunal Federal, que poderá abrir ação penal contra Renan Calheiros”. Não resta a menor dúvida de que a candidatura do senador alagoano vem causando enorme desgaste à imagem do Senado, deixando não somente o PSB desconfortado e incomodado com o episódio, mas alguns senadores governistas, que também já se manifestaram pedindo a retirada da candidatura em tela, como forma de preservar a história do Congresso Nacional, de fortalecer a instituição legislativa e de respeito à sociedade, que não merecem que um corrupto possa comandar um órgão tão importante para a democracia. Não deixa de assistir razão àqueles que defendem a renúncia à candidatura do senador alagoano, porém maiores desmoralização, indecência e indignidade não poderão ser atribuídas ao Senado, mas sim em especial aos senadores igualmente desonestos e incapazes de honrar seu cargo, que concederem seu apoio à pessoa notoriamente inapta a preencher os requisitos exigidos para comandar tão importante instituição e a demonstrar a sua inculpabilidade acerca dos fatos irregulares cuja autoria que é atribuída. À toda evidência a colocação de um político da índole do candidato peemedebista na presidência do Senado só pode ter como explicação as espúrias trocas de apoio mútuo para a sustentação dos políticos no poder, à luz dos acordos entre os principais e fisiológicos partidos do país. Entretanto, surge alguma esperança de reversão desse quadro lamentável, com a manifestação de um partido imbuído de vergonha, dignidade e coragem para se insurgir contra a efetiva desmoralização da veneranda Câmara Alta, ao dizer não ao candidato que já teve a indecência de renunciar ao mesmo cargo, no passado recente, para não ter seu mandato de senador cassado, ante seu nome envolvido no mar de lama, contrariando os princípios éticos e morais. A sociedade anseia por que os senadores se conscientizem sobre a necessidade de se evitar que o Senado Federal seja comandado por quem não reúne os indispensáveis méritos de moralidade e decoro parlamentar. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 30 de janeiro de 2013

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