segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Mais uma indignidade parlamentar

Segundo o jornal a Folha de S. Paulo, o líder do PMDB na Câmara dos Deputados teve aprovadas emendas orçamentárias suas com destinação a obras de prefeituras do seu estado natal, administradas por prefeitos do seu partido, cuja execução ficou a cargo da empresa de um assessor do gabinete do próprio parlamentar. O assessor é tesoureiro do PMDB regional em Natal, tendo o deputado como presidente. Trata-se nada mais nada menos do parlamentar candidato favoritíssimo para assumir a presidência da Câmara, na eleição a ser realizada em fevereiro vindouro, já contando com o apoio da base do governo, da presidente da República e de partidos da oposição. As falcatruas protagonizadas pelo futuro presidente da Câmara vão mais adiante, com o acréscimo da acusação pelo Ministério Público Federal de enriquecimento ilícito numa ação de improbidade administrativa, sob a alegação de que ele mantém, de forma ilegal, milhões de dólares fora do país. Com relação a essa causa, o deputado conseguiu, há dois meses, por meio de recurso judicial, adiar a decisão pertinente à quebra do seu sigilo fiscal e bancário, inclusive das suas empresas. Esses fatos já são mais do que suficientes para mostrar que o parlamentar não tem antecedentes morais para sequer representar o povo no Congresso Nacional e muito menos para presidir um órgão da envergadura da Câmara, por exigir do seu ocupante conduta ilibada e caráter moral acima de quaisquer suspeitas. Infelizmente, já está mais do que comprovado que o homem público brasileiro assume cargo público eletivo para se beneficiar dele, como no caso do parlamentar em apreço que é veterano na Câmara, estando no exercício do cargo de deputado por, pasmem, 42 anos consecutivos, por meio do qual ele conseguiu se enriquecer, de forma ilícita, aprovar emendas orçamentárias para beneficiar amigos e praticar tantas outras indecências e irregularidades sem ser pego com a mão na sujeira, salvo quando ele quis alçar voo mais alto do que o próprio cargo de deputado, no cenário em que os interesses envolvidos são capazes do encorajamento das revelações escabrosas e dos seus desvios de conduto, apenas coerentes com a índole dos políticos brasileiros, que realmente não têm dignidade sequer de representar a si próprio, porque eles cometem os piores crimes contra o decoro, sob o pálio do seu mandato parlamentar, que também os protege contra a impunidade. No caso do “ilustre” representante do povo potiguar, não haverá qualquer censura contra as indignidades cuja autoria lhe é atribuída, mas certamente seus pares hão de reconhecer suas façanhas como atos heroicos e o elegerá com louvores para o principal cargo da instituição, mesmo porque alguém deverá alegar, como sói acontecer, que todos os parlamentares praticam as mesmas ou mais graves torpezas protagonizadas pelo líder do PMDB, o que não será nenhuma novidade, e o novo presidente da Câmara será eleito com os louvores e aplausos costumeiros, em homenagem à eterna corrupção que grassa na administração pública brasileira. O certo é que a nação não tolera mais a já cretina e hipócrita blindagem que logo será feita pelo PMDB, PT e Palácio do Planalto, em defesa da legalidade da cafajestagem do parlamentar, com as desavergonhadas alegações pondo a culpa sobre outrem, mais especificamente a oposição e a mídia tendenciosa e maquiavélica. Urge que a sociedade não só abomine com veemência os atos indecorosos e indignos dos políticos, mas aja em especial no sentido de extirpá-los definitivamente da vida pública brasileira. Acorda, Brasil! 
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 13 de janeiro de 2013

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