Segundo o jornal a Folha de S. Paulo, o líder do PMDB na
Câmara dos Deputados teve aprovadas emendas orçamentárias suas com destinação a
obras de prefeituras do seu estado natal, administradas por prefeitos do seu
partido, cuja execução ficou a cargo da empresa de um assessor do gabinete do
próprio parlamentar. O assessor é tesoureiro do PMDB regional em Natal, tendo o deputado como presidente. Trata-se nada mais nada menos do parlamentar candidato favoritíssimo
para assumir a presidência da Câmara, na eleição a ser realizada em fevereiro
vindouro, já contando com o apoio da base do governo, da presidente da
República e de partidos da oposição. As falcatruas protagonizadas pelo futuro
presidente da Câmara vão mais adiante, com o acréscimo da acusação pelo
Ministério Público Federal de enriquecimento ilícito numa ação de improbidade
administrativa, sob a alegação de que ele mantém, de forma ilegal, milhões de
dólares fora do país. Com relação a essa causa, o deputado conseguiu, há dois
meses, por meio de recurso judicial, adiar a decisão pertinente à quebra do seu
sigilo fiscal e bancário, inclusive das suas empresas. Esses fatos já são mais
do que suficientes para mostrar que o parlamentar não tem antecedentes morais
para sequer representar o povo no Congresso Nacional e muito menos para presidir
um órgão da envergadura da Câmara, por exigir do seu ocupante conduta ilibada e
caráter moral acima de quaisquer suspeitas. Infelizmente, já está mais do que
comprovado que o homem público brasileiro assume cargo público eletivo para se
beneficiar dele, como no caso do parlamentar em apreço que é veterano na
Câmara, estando no exercício do cargo de deputado por, pasmem, 42 anos
consecutivos, por meio do qual ele conseguiu se enriquecer, de forma ilícita, aprovar
emendas orçamentárias para beneficiar amigos e praticar tantas outras
indecências e irregularidades sem ser pego com a mão na sujeira, salvo quando
ele quis alçar voo mais alto do que o próprio cargo de deputado, no cenário em
que os interesses envolvidos são capazes do encorajamento das revelações
escabrosas e dos seus desvios de conduto, apenas coerentes com a índole dos
políticos brasileiros, que realmente não têm dignidade sequer de representar a
si próprio, porque eles cometem os piores crimes contra o decoro, sob o pálio
do seu mandato parlamentar, que também os protege contra a impunidade. No caso
do “ilustre” representante do povo potiguar, não haverá qualquer censura contra
as indignidades cuja autoria lhe é atribuída, mas certamente seus pares hão de
reconhecer suas façanhas como atos heroicos e o elegerá com louvores para o
principal cargo da instituição, mesmo porque alguém deverá alegar, como sói
acontecer, que todos os parlamentares praticam as mesmas ou mais graves
torpezas protagonizadas pelo líder do PMDB, o que não será nenhuma novidade, e
o novo presidente da Câmara será eleito com os louvores e aplausos costumeiros,
em homenagem à eterna corrupção que grassa na administração pública brasileira.
O certo é que a nação não tolera mais a já cretina e hipócrita blindagem que
logo será feita pelo PMDB, PT e Palácio do Planalto, em defesa da legalidade da
cafajestagem do parlamentar, com as desavergonhadas alegações pondo a culpa
sobre outrem, mais especificamente a oposição e a mídia tendenciosa e
maquiavélica. Urge que a sociedade não só abomine com veemência os atos
indecorosos e indignos dos políticos, mas aja em especial no sentido de
extirpá-los definitivamente da vida pública brasileira. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 13 de janeiro de 2013
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