domingo, 20 de janeiro de 2013

Moralização urgente do Congresso

No período de quatro anos, o deputado favorito para assumir a presidência da Câmara dos Deputados, que é o atual líder do PMDB, teve dobrado seu patrimônio declarado à Justiça Eleitoral, passando de R$ 2,8 milhões para R$ 5,6 milhões. O deputado e seus aliados políticos asseguram que o questionado patrimônio é fruto da renda de atividades empresariais, tais como participação em capitais de empresas de comunicação, em especial rede de televisão, jornal e rádio. Não há a menor dúvida de que o congressista potiguar é pessoa  influente na política, como revelam, com frequência, as denúncias de graves irregularidades envolvendo o seu nome, como, entre outras acusações, a destinação de verbas de emendas parlamentares à empresa de um assessor do seu gabinete, que pediu exoneração do cargo, depois de faturar, mediante contratos públicos, R$ 6 milhões, em cinco anos. Embora o parlamentar não tivesse a fidalguia de responder as perguntas formuladas pela imprensa sobre o crescimento do seu patrimônio, a sua assessoria informou que "A movimentação patrimonial e as quatro fontes de renda do deputado Henrique Eduardo Alves, seja como servidor público ou empresário da iniciativa privada, se encontram devidamente registradas na Receita Federal e na Justiça Eleitoral, sabidamente órgãos de fiscalização imprescindíveis para qualquer homem público". Não deixa de ser muito estranho que um homem público se esquive de prestar contas à sociedade sobre o seu patrimônio, que teve expressivo crescimento em tão pouco tempo. O assombroso enriquecimento desse parlamentar pode explicar o motivo pelo qual o político brasileiro toma gosto pelas atividades públicas eleitorais e não as larga por nada nesse mundo, como no caso do deputado em comento, que é o mais antigo parlamentar, com 42 anos no Congresso. O certo é que não se tem conhecimento na história política que algum homem público tenha desistido da sua promissora profissão ou ficado muito pobre no exercício de cargo eletivo. Agora, não é politicamente correto o homem público, que é eleito pelo povo, se recusar ao cumprimento do princípio da transparência, não justificando a evolução do seu patrimônio. Também não parece correto e decente o político, fazendo uso da sua influência e do seu prestígio, conseguir ser dono de empresas de comunicação, como rede de televisão, jornal e emissora de rádio, em se tratando que são atividades sujeitas à concessão pública. As formas variadas de denúncias de irregularidades protagonizadas pelo deputado potiguar e outros parlamentares aconselham urgente reforma política, para limitar a assunção de cargos públicos eletivos, em todos os níveis, desde vereador a presidente da República, no máximo duas vezes, ou seja, apenas uma única eleição e reeleição, como forma de moralização da ocupação de cargos públicos eleitorais e de possibilitar oportunidade às pessoas competentes, probas e compromissadas com o interesse da sociedade de ocupá-los, evitando a perpetuação nesses cargos das paixões e dos caprichos pessoais, como se verifica no modelo de políticos em atuação no momento, que desprezam de forma escancarada os princípios éticos e morais, sem a mínima preocupação com as repercussões sobre suas traquinagens e seus malefícios, que, implicitamente, são respaldados pela sociedade igualmente desleixada e sem formação cultural quanto à necessidade da observância pelos políticos dos preceitos inerentes à gestão dos recursos públicos, haja vista que povo consciente, decente e honesto não compartilha com a corrupção. Urge que a sociedade repudie com veemência os políticos desonestos e ímprobos e se conscientize sobre o definitivo afastamento desses maléficos homens da vida pública, com a finalidade de moralização da administração pública. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 20 de janeiro de 2013

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