No período de quatro anos, o deputado favorito para
assumir a presidência da Câmara dos Deputados, que é o atual líder do PMDB,
teve dobrado seu patrimônio declarado à Justiça Eleitoral, passando de R$ 2,8
milhões para R$ 5,6 milhões. O deputado e seus aliados políticos asseguram que o
questionado patrimônio é fruto da renda de atividades empresariais, tais como participação
em capitais de empresas de comunicação, em especial rede de televisão, jornal e
rádio. Não há a menor dúvida de que o congressista potiguar é pessoa influente na política, como revelam,
com frequência, as denúncias de graves irregularidades envolvendo o seu nome, como, entre outras acusações, a destinação de verbas de emendas parlamentares à empresa de um assessor do seu
gabinete, que pediu exoneração do cargo, depois de faturar, mediante contratos
públicos, R$ 6 milhões, em cinco anos. Embora o parlamentar não tivesse a fidalguia
de responder as perguntas formuladas pela imprensa sobre o crescimento do seu
patrimônio, a sua assessoria informou que "A movimentação patrimonial e as quatro fontes de renda do deputado
Henrique Eduardo Alves, seja como servidor público ou empresário da iniciativa
privada, se encontram devidamente registradas na Receita Federal e na Justiça
Eleitoral, sabidamente órgãos de fiscalização imprescindíveis para qualquer
homem público". Não deixa de ser muito estranho que um homem público
se esquive de prestar contas à sociedade sobre o seu patrimônio, que teve
expressivo crescimento em tão pouco tempo. O assombroso enriquecimento desse
parlamentar pode explicar o motivo pelo qual o político brasileiro toma gosto pelas
atividades públicas eleitorais e não as larga por nada nesse mundo, como no
caso do deputado em comento, que é o mais antigo parlamentar, com 42 anos no
Congresso. O certo é que não se tem conhecimento na história política que algum
homem público tenha desistido da sua promissora profissão ou ficado muito pobre
no exercício de cargo eletivo. Agora, não é politicamente correto o homem público,
que é eleito pelo povo, se recusar ao cumprimento do princípio da
transparência, não justificando a evolução do seu patrimônio. Também não parece
correto e decente o político, fazendo uso da sua influência e do seu prestígio,
conseguir ser dono de empresas de comunicação, como rede de televisão, jornal e
emissora de rádio, em se tratando que são atividades sujeitas à concessão
pública. As formas variadas de denúncias de irregularidades protagonizadas pelo
deputado potiguar e outros parlamentares aconselham urgente reforma política, para
limitar a assunção de cargos públicos eletivos, em todos os níveis, desde
vereador a presidente da República, no máximo duas vezes, ou seja, apenas uma única
eleição e reeleição, como forma de moralização da ocupação de cargos públicos
eleitorais e de possibilitar oportunidade às pessoas competentes, probas e
compromissadas com o interesse da sociedade de ocupá-los, evitando a
perpetuação nesses cargos das paixões e dos caprichos pessoais, como se
verifica no modelo de políticos em atuação no momento, que desprezam de forma
escancarada os princípios éticos e morais, sem a mínima preocupação com as
repercussões sobre suas traquinagens e seus malefícios, que, implicitamente,
são respaldados pela sociedade igualmente desleixada e sem formação cultural quanto
à necessidade da observância pelos políticos dos preceitos inerentes à gestão
dos recursos públicos, haja vista que povo consciente, decente e honesto não
compartilha com a corrupção. Urge que a sociedade repudie com veemência os
políticos desonestos e ímprobos e se conscientize sobre o definitivo afastamento
desses maléficos homens da vida pública, com a finalidade de moralização da
administração pública. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 20 de janeiro de 2013
Nenhum comentário:
Postar um comentário