terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Enfim, a investigação?

Até que enfim o procurador-geral da República decidiu que vai encaminhar, em breve, ao Ministério Público Federal de primeiro grau, para fins de investigação, os documentos concernentes ao depoimento feito pelo operador do mensalão, que disse, segundo o jornal "Estado de São Paulo", que esteve com o então presidente no Palácio do Planalto, acompanhado do ex-ministro da Casa Civil; o ex-presidente deu "ok" aos empréstimos do Banco Rural para o PT; e teria repassado R$ 100 mil para pagamento de despesas pessoais do então mandatário do país, por meio da empresa Caso, de propriedade de um assessor da Presidência da República. A reportagem do jornal afirma ainda que, no aludido depoimento, foi dito que o ex-presidente e o então ministro da Fazenda fizeram gestões junto a Portugal Telecom, com vistas ao repasse do valor de R$ 7 milhões ao PT, cujos recursos teriam sido pagos por empresas fornecedoras da companhia, por meio de publicitários prestadores de serviço ao PT. Consta também que o PT arcou com despesas de R$ 4 milhões com a defesa do publicitário e que um empresário estava fazendo chantagem contra o ex-presidente, ex-chefe da Casa Civil e o então secretário-geral da Presidência, na tentativa de conseguir o pagamento de R$ 6 milhões, para a aquisição de 50% do Diário do Grande ABC, que vinha veiculando notícias acerca do assassinato do ex-prefeito de Santo André. Não há a menor dúvida de que os fatos denunciados são gravíssimos, por envolver seriamente a reputação do ex-presidente, que pode ter estado no miolo dos acontecimentos, como o pivô dos fatos irregulares, altamente comprometedores e capazes de macular as raízes da administração pública e mandar para a cadeia as autoridades envolvidas, ante a caracterização, no caso de confirmadas as denúncias, de cristalino ferimento aos princípios éticos e morais, indispensáveis na gestão do patrimônio nacional. A demora na apuração desses fatos pode ter propiciado sérios prejuízos morais à gestão dos negócios do Estado, tendo em conta a ilegitimidade do seu titular, que a teria pratico sem as inatas condições de probidade que se exigem do administrador público. Além de que, confirmadas as irregularidades, o principal acusado jamais teria atingido a áurea de semideus, salvador da pátria e pai dos pobres, mas sim poderia ter sido igualmente julgado em conjunto com os “cumpanheiros” e merecidamente condenados pelos infames crimes perpetrados contra o patrimônio da sociedade. Inobstante, o que importa no momento é que os procuradores prestem importante contribuição à transparência e à verdade, com a apuração minuciosa e isenta dos fatos denunciados em comento, que foram revelados, embora muito longe da sua ocorrência, para mostrar a possível participação indigna e criminosa do ex-presidente da República petista no mais escandaloso esquema de corrupção do seu governo e da história republicana brasileira. É inconcebível que somente agora a pessoa considerada o chefe da quadrilha possa ser investigada, quando poderia, para o bem da verdade real, ter sido incluída no rol dos mensaleiros, ante a contemporaneidade dos fatos. Os brasileiros honestos e corretos anseiam por que sejam apurados, com a indispensável urgência, não somente os fatos denunciados pelo operador do mensalão, mas as demais irregularidades objeto desse escandaloso e famigerado esquema de desvio de recursos públicos, para que seja possível demonstrar a inculpabilidade ou não do ex-presidente nesse mar de lama, com o seu consequente julgamento, se for o caso. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 29 de janeiro de 2013

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